Sinfônica Jovem de Diamantina ganha casa renovada

Trabalho de restauração e requalificação de prédio histórico que vai abrigar escola de música e apresentações da orquestra da cidade foi concluído, após mais de três anos

Gustavo Werneck 24/09/2020 04:00
JUNNO MARINS DA MATTA/IPHAN/DIVULGAÇÃO
O Iphan fez a entrega oficial do Casarão dos Orlandi restaurado à Prefeitura de Diamantina, na última sexta (foto: JUNNO MARINS DA MATTA/IPHAN/DIVULGAÇÃO)

Patrimônio mundial e cidade musical por excelência, Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, vive um momento bem-afinado com sua história e tradições da comunidade. Depois de mais de três anos de obra, foi concluído, com requalificação do espaço, o restauro do prédio que vai sediar a Escola Municipal de Música e Arte Maestro Francisco Nunes e a Orquestra Sinfônica Jovem de Diamantina – entre os objetivos, despertar vocações, valorizar talentos e abrir caminhos profissionais.

Devido à pandemia do novo coronavírus, a inauguração foi adiada, mas, na última sexta-feira (18), foi feita a entrega oficial do equipamento à prefeitura pela superintendência, em Minas, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os recursos, no valor de R$ 3,1 milhões, são do governo federal, via Iphan, enquanto a edificação pertence ao município.

A superintendente do Iphan em Minas, Débora do Nascimento França, esteve em Diamantina e falou com orgulho da intervenção que acompanhou, como arquiteta responsável e na fiscalização, durante o período em que trabalhou na prefeitura local. "Juntamente com o Teatro Santa Izabel e a Praça Doutor Prado, no Centro Histórico, teremos um corredor cultural. A música tem uma identidade muito forte em Diamantina, e o novo equipamento será para apresentação da orquestra, ensaios, pois há também um anfiteatro, enfim, será muito importante para a cidade", afirmou Débora.

Popularmente conhecida como Casarão dos Orlandi, a edificação, segundo a equipe do Iphan, passou por extensas obras de restauro e requalificação. Construído no fim do século 19 e localizado na Praça Doutor Prado, "um dos arruamentos mais antigos da cidade", o prédio integra o conjunto arquitetônico e urbanístico de Diamantina, tombado pelo Iphan desde 1938, e parte do núcleo reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio mundial em dezembro de 1999.

Para o maestro da Orquestra Jovem de Diamantina, Reginaldo da Cruz, trata-se de um momento muito singular para o desenvolvimento musical, pois a orquestra, com 45 integrantes, terá seu espaço em local apropriado – antes, ocupava provisoriamente as dependências do Teatro Santa Izabel. Ele lembra que, embora o nome seja Orquestra Jovem, há pessoas de diferentes faixas etárias, dos 14 aos 55 anos.

Já a secretária municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio, Márcia Betânia Oliveira Horta, ressalta que, conforme pesquisa recente, 70% das famílias de Diamantina têm em casa um estudante de música ou um profissional de setor. A tradição para a música vem desde o século 18, com ensino nas escolas "pelas irmãs francesas", presença forte de bandas de música e o legado do maestro Lobo de Mesquita (1746-1805).

Adquirido pela prefeitura local e consolidado estruturalmente pela equipe de obras do Iphan e da Prefeitura de Diamantina, o casarão mantém preservados os principais aspectos arquitetônicos. Em seu interior, "foram construídas salas para ensaio de naipe, administração, banheiros e um grande salão com palco escalonado para ensaios da orquestra, além de um mezanino para melhor apreciação dos eventos".

Na parte posterior do casarão histórico, o terreno foi convertido em arquibancadas e canteiros que permitirão à população assistir aos concertos e ensaios em uma concha acústica com a paisagem da Serra dos Cristais ao fundo. O imóvel também foi completamente dotado de acessibilidade universal, contando com rampas, elevador, pisos tácteis e placas de sinalização em braile.

SAIBA MAIS

QUEM FOI?

O nome da nova instituição é uma homenagem ao clarinetista e maestro mineiro natural de Diamantina Francisco Nunes (1875-1934), que foi fundador da Sociedade de Concertos Sinfônicos de BH e dirigiu o Conservatório Mineiro de Música. Ele também dá nome ao teatro que fica no Parque Municipal, no Centro da capital.

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