Paris Hilton fala sobre efeitos colaterais da fama em documentário

Socialite revela episódios traumáticos em filme que produziu e divulgou no YouTube. Doc reposiciona sua imagem de baladeira como uma empresária séria e responsável

Guilherme Augusto 19/09/2020 07:00
Regis Duvignau/Reuters
Paris Hilton no tapete vermelho do Festival de Cannes, em 2014. Herdeira de uma fortuna, ela fez fama como jovem socialite baladeira. No documentário, disse que incorporou a personagem de "loira burra", mas agora não quer ser conhecida como uma "cabeça de vento" (foto: Regis Duvignau/Reuters)
Herdeira de uma das famílias mais tradicionais dos Estados Unidos, Paris Hilton virou uma celebridade no início dos anos 2000 por seu estilo de vida. Rica e baladeira, ela se tornou alvo fácil dos paparazzi, participou do reality show The simple life – ao lado de Nicole Richie (a filha de Lionel) – e é considerada a precursora do que hoje chamam de ''influencer'', isso tudo numa época menos digital.
Ainda que seja tenha trabalhado para construir essa imagem, a socialite, DJ e empresária de 39 anos tenta agora desconstruí-la no documentário This is Paris, disponível gratuitamente em seu canal do YouTube. 

Dirigido por Alexandra Dean, o filme mostra uma Paris vulnerável, retraída, doce e sensível, que ainda lida com traumas da adolescência e denuncia o abuso que sofreu em uma escola.

A ideia do longa surgiu com o propósito de difundir seu trabalho como empresária. Atualmente, Paris Hilton tem vários produtos licenciados, além de uma linha de beleza própria. Seu patrimônio é estimado em mais de US$ 100 milhões. E ela não pretende parar tão cedo: só quando tiver atingido US$ 1 bilhão, segundo afirma no documentário.

O filme fica realmente interessante quando Paris Hilton se abre, como no momento em que conta como foi pressionada pelo ex-namorado Rick Salomon a gravar um vídeo íntimo e qual foi a sua reação ao vê-lo sendo compartilhado como piada. ''Foi como ser estuprada eletronicamente. Quando isso aconteceu, tirou tudo de mim.''

PROBLEMÁTICA 
Mas é outro tema sério que ganha mais espaço no longa: o período traumático de 11 meses em que estudou na Provo Canyon School, uma instituição voltada a ''adolescentes problemáticos'' para a qual foi enviada por seus pais, Richard e Kathy Hilton, que tentavam afastá-la das noitadas em Nova York ainda na adolescência.

Paris relata que, assim como outros alunos, foi submetida a agressões psicológicas e castigos físicos, incluindo confinamentos solitários. Ao completar 18 anos, em 1999, ela deixou a instituição e só agora, 20 anos depois, se sentiu à vontade para falar sobre o assunto, com o apoio de antigas colegas que reencontrou durante a produção do documentário.

No filme, Paris também fala sobre o assunto com sua família pela primeira vez. No período em que esteve na escola, seu contato com os pais era limitado. Mais tarde, ela não teve coragem de se abrir com eles, somente com a irmã mais nova, Nicky, cujos depoimentos no filme são fundamentais para se compreender o temperamento de Paris.

A Provo Canyon School afirmou à revista People que não poderia se pronunciar sobre as acusações, já que a escola trocou de proprietários no ano 2000, após a passagem de Paris Hilton por lá.

Além do tratamento hostil que recebeu na instituição, que a deixou com ansiedade e ataques de pânico, segundo relata, Paris também desabafa sobre os relacionamentos abusivos que vivenciou depois. ''Eu queria tanto ser amada que aceitava ser estrangulada e empurrada'', conta.

''Nunca me abri tanto sobre a vida antes, mas finalmente estou pronta para partilhar a minha verdade'', escreveu a empresária em suas redes sociais, ao anunciar a chegada do filme. E é controlando a narrativa que ela retoma o poder sobre a própria imagem, se humaniza e não esquece de destacar temas importantes.

Durante a divulgação do filme, ao participar do programa australiano Sunrise, a socialite surpreendeu os fãs ao usar sua ''verdadeira'' voz durante a entrevista e contou que, durante todos esses anos, ela interpretou uma personagem.

''O mundo não sabe quem eu realmente sou. A verdadeira eu é alguém brilhante, na verdade. Não sou uma 'loira burra', apenas sou boa em fingir que sou uma'', afirmou.

Paris ainda disse que estava usando sua ''voz de bebê'' como parte de sua personalidade na mídia. Na busca por descolar-se dessa imagem, ela teve a ideia de protagonizar o próprio documentário.

''Senti que era a hora de o mundo saber quem eu era. Passei por muita coisa. Não quero ser lembrada por ser uma 'cabeça de vento'. Sou uma mulher de negócios'', afirmou.

No Twitter, a revelação pegou os usuários de surpresa e o assunto ficou entre os mais comentados da rede social. ''Paris revelando a verdadeira voz é algo que só poderia acontecer em 2020... Que ano'', escreveu um usuário.
Mat Hayward/AFP
Justin Bieber na estreia da turnê Purpose, em 2016, nos Estados Unidos. Em 2017, ele interrompeu o giro, dizendo que precisava descansar e cuidar da própria saúde. No documentário Changes, o astro canadense fala sobre depressão e uso de drogas (foto: Mat Hayward/AFP)

JUSTIN BIEBER
PAROU TUDO 

Outro jovem que cresceu sob os holofotes, Justin Bieber se tornou uma sensação mundial quando tinha apenas 13 anos. De lá pra cá, ele encontrou fãs nos quatro cantos do mundo, encarou uma incessante rotina de turnês e teve sua vida pessoal exposta por sites de notícias, de fofocas e redes sociais. No olho do furacão, em 2017, o cantor anunciou uma pausa na carreira, que durou até o início deste ano.

Num movimento bastante semelhante ao de Paris Hilton, o hiato terminou com o lançamento da série documental Justin Bieber: Seasons, também disponível no YouTube, em 10 episódios.

Dirigida por Michael D. Ratner, a produção acompanha a criação do disco Changes (2020), o primeiro do canadense em cinco anos, e dá um vislumbre de sua vida particular com a esposa, a modelo Hailey Baldwin, neta do músico e produtor brasileiro Eumir Deodato, e outros familiares.

Bieber, que alcançou o sucesso com a música Baby (cujo clipe tem mais de 2,3 bilhões de visualizações), cancelou abruptamente sua turnê mundial Purpose, em 2017, citando a necessidade de descansar.

No início de dezembro do ano passado, ele anunciou que, em 2020, lançaria um novo álbum e embarcaria em uma turnê pela América do Norte – adiada para 2021 em razão da pandemia da COVID-19.

Na série, Justin fala sobre sua batalha contra a depressão, o abuso de drogas e a fama, atribuindo sua recuperação à religião e à atual esposa – cujo relacionamento foi assumido depois de idas e vindas de um namoro bastante observado pela mídia com a atriz e cantora Selena Gomez.

A religião, inclusive, tem sido um tema recorrente em suas produções. Na última sexta-feira (18), Justin lançou a música Holy, uma parceria com Chance The Rapper. Em seu canal do YouTube, ela é descrita como o primeiro single da nova era do cantor. Em suas redes sociais, ele repetiu a frase ao divulgá-la: “Anova era se inicia”.

Chance The Rapper também usou as redes sociais para falar sobre o single, e afirmou que essa é uma de suas canções mais importantes, chamando Bieber de melhor amigo. ''Eu sei que essa gravação vai fazer você sentir algo e eu sei que esse sentimento é amor.''

O clipe, lançado junto com a música e dirigido por Colin Tilley, conta uma história protagonizada por Bieber e a atriz Ryan Destiny. Os dois formam um casal que está passando por dificuldades financeiras. O ator Wilmer Valderrama e Chance The Rapper também aparecem no vídeo.  


THIS IS PARIS: A VERDADEIRA HISTÓRIA DE PARIS HILTON
Documentário de Alexandra 
Dean. Disponível no canal 
de Paris Hilton no YouTube: youtube.com/parishilton
 
JUSTIN BIEBER: SEASONS
Série documental em 10 episódios, de Michael D. Ratner. Disponível no canal de Justin Bieber no YouTube: youtube.com/justinbieber. 

Valerie Macon/AFP
Britney Spears pediu à Justiça que seu pai deixe de ser seu tutor, papel que ele assumiu depois que ela sofreu um colapso emocional (foto: Valerie Macon/AFP)

BRITNEY PEDE LIBERDADE

Outra obsessão da cultura pop nos anos 2000, a cantora Britney Spears não orbita no universo das polêmicas desde 2007, quando sofreu um colapso mental cujo auge ocorreu quando ela entrou em um salão de beleza e raspou o próprio cabelo diante de um séquito de paparazzis.

Desde então, Britney retomou a carreira de cantora, zelou por sua saúde física e mental e mostra ser uma ''mãe coruja'' nas redes sociais – seus filhos, Sean Preston e Jayden James, estão com 15 e 14 anos, respectivamente, que vivem com o pai, Kevin Federline.

Recentemente, o nome da cantora de 38 anos voltou a ganhar as manchetes por conta de um imbróglio judicial. Depois de 12 anos vivendo sob a tutela do pai, Jaime Spears, ela entrou com um pedido na Suprema Corte da Califórnia (EUA) para que os termos do acordo sejam alterados. 

A ação, protocolada no início do mês passado pelo advogado Samuel Ingham, pede que o pai seja substituído por uma curadora profissional. Segundo a ação, a cantora gostaria de retomar o controle sobre as próprias finanças.

#FreeBritney 
Fãs da cantora lançaram a hashtag #FreeBritney (libertem a Britney) nas redes sociais, reivindicando os direitos da artista e alertando para possíveis pedidos de ajuda que Britney estaria enviando, de forma codificada, em publicações no Instagram.

''Estamos agora em um ponto em que a tutela deve ser alterada substancialmente para refletir as principais mudanças em seu estilo de vida atual e desejos'', escreveu o advogado, na ação. (GA)

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