Festival de Inverno UFMG convida a 'pensar junto' para superar a crise

Edição 2020 começa nesta segunda (14) e será totalmente on-line e gratuita. Programação cultural e de debates vai até 23/9

Frederico Gandra* 14/09/2020 04:00
Edgar Xakriabá/Festival de Inverno UFMG/Divulgação
O fotógrafo e antropólogo indígena Edgar Xakriabá abre hoje a exposição virtual Siwttet?: resistência. Agenda do festival tem cinco mostras de artes visuais (foto: Edgar Xakriabá/Festival de Inverno UFMG/Divulgação)

O Festival de Inverno da UFMG realiza a partir desta segunda-feira (14) sua 52ª edição, a primeira inteiramente on-line e gratuita, devido à pandemia do novo coronavírus. Com o tema “Mundos possíveis: Culturas em pensamento”, a programação se estende até o próximo dia 23 e inclui seminários, rodas de conversas e palestras. 

A agenda cultural compreende dança, música, teatro e artes visuais e contará com convidados, como o rapper Kdu dos Anjos, a cantora Mônica Salmaso, o bailarino Rui Moreira e a escritora Conceição Evaristo.  

Com transmissão ao vivo, às 19h, pelo canal Cultural da UFMG no YouTube, a solenidade de abertura terá a presença da reitora Sandra Goulart Almeida. Em seguida, às 19h30, o quilombola Nêgo Bispo ministra a palestra “Presenças orgânicas, invisibilidades sintéticas”. Às 20h45, será realizada a roda de conversa “Sonhos de outros mundos e outros tempos”, conduzida pela política portuguesa Ana Gomes, com a participação do professor Roberto Monte-Mor e do escritor indígena Kaká Verá. 

Ainda na noite desta segunda (14), às 21h45, será inaugurada a primeira das cinco mostras artísticas on-line previstas na programação: a exposição Siwttet?: resistência, com imagens do fotógrafo e antropólogo indígena Edgar Xakriabá. 

Inicialmente com programação integrada ao Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, que seria realizado na UFMG neste ano, o Festival de Inverno foi totalmente replanejado devido à pandemia da Covid-19. 

Segundo Fernando Mencarelli, diretor de ação cultural da UFMG e curador do evento, o formato virtual trouxe novas possibilidades de inovação e expansão. “A gente conseguiu alcançar e envolver um conjunto de convidados que, hoje, estão em distâncias físicas muito significativas, mas que se somam a nós a partir do módulo remoto”, explica o diretor, de 57 anos. O modelo permitiu a participação de convidados localizados em diferentes regiões do Brasil e em Portugal. 

PENSAR JUNTOS

Além do formato inédito, o 52º Festival de Inverno chega com outro espírito, em virtude da crise que a pandemia impôs ao setor cultural. “Pretendemos pensar juntos e compartilhar experiências criativas que tentam responder a essa profunda crise a partir de uma pluralidade de visões”, afirma Mencarelli. 

Na opinião do curador, “a pandemia tornou evidente a urgência posta para todos nós em termos dessa revisão de que mundo a gente construiu e que mundo a gente pode construir”.   

A partir de hoje até o final da agenda de programação, uma palestra e uma roda de conversa serão transmitidas diariamente via YouTube. Os vídeos são públicos para todos, mas aqueles que fizerem a inscrição no seminário terão direito a certificado de participação.

Na série de ensaios Mundos possíveis, 18 pensadores da contemporaneidade apresentam textos inéditos. Entre os autores estão Ailton Krenak, Angélica Freitas, Eneida Maria de Souza, Ricardo Aleixo, Cao Guimarães, Kaká Werá Jecupé, Natacha Rena, Nêgo Bispo, Ana Gomes e Roger Deff. O material será distribuído gratuitamente nas redes do evento e, posteriormente, os artigos serão compilados no e-book Mundos possíveis, com lançamento previsto para o final do ano. 

A equipe curatorial pediu a artistas que produzissem trabalhos especialmente para o festival. Ruy Moreira, Criola, Brígida Campbell, Edgar Kanaykõ Xakriabá e Felipe Oládélè foram alguns dos que aceitaram o desafio. Mônica Salmaso elaborou uma versão inédita do seu projeto digital “Ô de casa”. 

A iniciativa da cantora paulista fez sucesso em suas redes sociais nos últimos meses, período em que ela promoveu encontros musicais com grandes nomes da MPB. Na versão “Ô de Minas”, ela fará duetos com Rafael Martini, Alexandre Andrés, Davi Fonseca e Sérgio Santos. 

“Não imaginava nem que o ‘Ô de casa’ fosse existir. Eu estava quietinha na quarentena, isolada em casa, e veio essa ideia de me encontrar com meus amigos em vídeo”, conta Mônica. O projeto não adere ao formato-padrão das lives, febre da quarentena. Os convidados de Mônica gravam suas próprias performances, que são editadas junto com as da cantora. “É um encontro de afeto real. As pessoas que estão presentes nos vídeos são meus amigos e conhecidos.” 

“Ô de Minas” terá seis vídeos, que serão disponibilizados no Youtube, a partir da próxima sexta (18), dia em que Mônica e seus convidados participam de uma live de lançamento (às 21h30), até 23 de setembro

“A gente teve uma acolhida íncrivel dos convidados. As pessoas respondiam sempre de maneira muito entusiasmada. Acho que isso vai se refletir na participação de todos nesse conjunto de pensamentos e criações que vão nos ajudar a fazer essa travessia”, diz o curador Fernando Mencarelli.

52º FESTIVAL DE INVERNO UFMG
Com o tema “Mundos possíveis: Culturas em pensamento”. Desta segunda (14) a 23/9. Transmissão: www.youtube.com/culturaufmg. Programação:https://www.ufmg.br/festivaldeinverno/programacao/. Inscrições no Seminário Culturas em Pensamento pelo Sympla.

*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes

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