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"Com a cooperação da comunidade internacional, Paul Rusesabagina foi preso e agora está nas mãos do RIB", disse a repórteres Thierry Murangira, porta-voz adjunto do RIB.
Ele se recusou a esclarecer as circunstâncias da prisão, argumentando que isso poderia "prejudicar a investigação".
O porta-voz, que acusou Rusesabagina de ter trabalhado pela mudança de regime em Kigali, acrescentou que ele era objeto de um mandado de prisão internacional e "suspeito de ter financiado e criado grupos terroristas operando na região dos Grandes Lagos".
Os investigadores o culpam por atos de terrorismo, incêndios, sequestros e assassinatos, principalmente cometidos em território ruandês em duas ocasiões, em junho e dezembro de 2018.
O Ministério Público da Bélgica sabia que Rusesabagina era alvo de um mandado de prisão internacional e foi informado por Ruanda de sua prisão, mas "não tinha detalhes das circunstâncias", segundo declarou à AFP seu porta-voz, Eric Van Duyse.
Rusesabagina, um hutu, era o gerente do Hotel des Mille Collines em Kigali, retratado no filme "Hotel Ruanda", durante o genocídio que deixou quase 800.000 mortos entre abril e julho de 1994, principalmente entre a minoria tutsi, mas também entre os hutus moderados, segundo a ONU.
Alguns ruandeses o consideram um herói que salvou mais de mil pessoas ao abrigá-las no hotel, mas outros, incluindo as principais autoridades do regime de Paul Kagame, o chamam de impostor.
Ele então se tornou um crítico feroz de Kagame, cuja Frente Patriótica de Ruanda (FPR) encerrou a carnificina.
No exílio, Rusesabagina fundou o Movimento Ruandês para a Mudança Democrática (MRCD) e continuou a criticar o presidente Kagame por amordaçar a oposição.
No poder desde 1994, Paul Kagame é criticado por liderar o país com punho de ferro, reprimindo todas as formas de dissidência e prendendo ou exilando políticos da oposição.
A organização Human Rights Watch acusou seu regime de execuções sumárias, prisões, detenções ilegais e torturas nas prisões.
O RIB chamou o MRCD e seu braço armado, Frente de Libertação Nacional (FLN), de "grupos terroristas extremistas" e Ruanda acusou os vizinhos Burundi e Uganda de abrigá-los.