Muitos anos antes de trocar temporariamente o Rio de Janeiro por Minas Gerais, Pedrinho Aguinaga, que quando jovem adulto se tornaria conhecido como o homem mais bonito do Brasil, passou praticamente despercebido por aqui.
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Com humor, Pedrinho recorda o dia em que recebeu a notícia. O avô, depois de ter feito uma viagem a Ouro Preto, Tiradentes e São João, comunicou ao seu pai, Fernando, que, a partir daquele momento, o neto seguiria para o internato, onde matrícula e mensalidade já estavam pagas por um ano inteiro.
“'Meu mundo caiu' era o nome da música”, diverte-se Pedrinho, que aos 70 anos, completados em fevereiro passado, vive sozinho em Copacabana. Na pandemia do novo coronavírus, ele conta que segue a vida com cuidados, mas, como odeia cozinhar, recorre a uma pizzaria e a um restaurante próximo de seu apartamento para fazer as refeições. Ele tem como hábito se alimentar de três em três horas.
Em relação aos exercícios físicos mantém a mesma série de 20 flexões, 20 abdominais, 20 agachamentos e 20 puxadas. “Faço o suficiente para ficar todo durinho”, diz, do alto de seu 1,80 e 64 quilos.
Reconhece que, além dos cuidados com a saúde, conta com uma genética boa para manter a forma. Ao longo de sete décadas, por exemplo, só fez duas cirurgias, uma de menisco e outra para corrigir fratura causada por acidente de moto.
Na opinião de Pedrinho, a atual pandemia é reflexo de um equilíbrio universal. Ele afirma que não está assustado, mas cauteloso com o momento que vivemos. Sobre a idade, não se queixa. Todas as manhãs, ao acordar, usa uma frase do ator Clint Eastwood, de 90 anos, para se inspirar: “Don't let the old men in”, e não deixa o homem velho entrar.
Filho
Quando fala do filho, Armando (fruto da relação com a modelo Monique Evans), ele se entrega à emoção ao contar que, em breve, o rapaz vai se mudar para a Europa. Na Alemanha, Armando ocupará um cargo de importância numa empresa de tecnologia.
“Disse à minha neta, Valentina (de 11 anos, filha de Armando com a jornalista Lúcia Danton Aguinaga), que vou levar um sleeping bag. Ela me tranquilizou, já que o pai dela disse que haverá quarto de hóspedes.”
A partir do mês que vem, Pedrinho, que se considera um bom contador de histórias, começa os preparativos para o livro que escreverá com a amiga Denise Barreto. Durante a entrevista ao Estado de Minas, por telefone, o ator e modelo revelou ter sobre a mesa da sala de jantar uma enorme quantidade de fotografias com as quais recuperou muitas das histórias que pretende contar. Uma delas é sobre os vários encontros que teve com Stevie Wonder. Em um deles, ficou impressionado com a agilidade do músico norte-americano em aprender tocar cuíca no caminho entre o hotel e o aeroporto do Galeão.
“Eu acreditava que ele só tinha feito For once in my life, mas, nas casas de show em que o levei, os músicos o reverenciavam”.
O livro será focado nos anos 1970, período importante, segundo ele, pelo fato de o país começar a sair da ditadura e, por ser, sem a menor dúvida, o momento mais rico na produção musical dançante. E, claro, naquela década, Pedrinho recebeu do apresentador de TV Flávio Cavalcanti o título pelo qual é conhecido até hoje.
Ele diz que, no entanto, jamais perseguiu esse reconhecimento, embora disputar e ganhar o título de homem mais bonito do país poderia, àquela altura, significar um alívio e tanto em sua conta bancária.
Na mesma época, Pedrinho bateu o carro de uma tia, deixando as quatro rodas empenadas. Se ganhasse, poderia reparar o erro e ainda sobraria um troco do prêmio para gastar consigo. “Pensei que seria apenas em um dia, mas fez tanto sucesso que foram 15 semanas no ar e, na final, ganhei. Mas nunca, em minha vida, coloquei a beleza como algo tão especial assim.”
Playboy
No início dos anos 1970, Pedrinho era um estudante de Direito da PUC, no Rio de Janeiro. Garante que não tinha nada de playboy. Gostava das boates, de dançar. Pela importância da família Aguinaga, Pedro conhecia muita gente. A piscina do Copacabana Palace era seu playground. Entre os amigos, o colunista Ibraim Sued, muito próximo ao seu pai. “Ele foi meu cabo eleitoral”, conta, ao lembrar que o colunista mais famoso do Rio de Janeiro, àquela época escreveu duas colunas contando sobre quem era Pedrinho Aguinaga.
Ibrahim não era a única grande personalidade a frequentar a casa dos Aguinaga. Paulo Francis também sempre estava por lá. Mas é de Ibraim que Pedrinho guarda uma lição jamais esquecida. “A lealdade dele com os amigos era impressionante. Muitos consideravam o Ibraim como um cara grosso, iletrado, mas ele tinha fidelidade aos amigos”. Pedrinho considera Ibrahim seu padrinho.
Bem relacionado, o homem mais bonito do Brasil conheceu celebridades internacionais. A lista é longa e inclui a diva Maria Callas, com quem ele se encontrou na Bahia. Tempos mais tarde, foi recebido por ela em Nova York. Na lista de namoradas não menos estrelada está a atriz Demi Moore, que esteve no Brasil, nos anos 1980, para filmar o longa Feitiço do Rio.
Solteiríssimo, Pedrinho diz que prefere não dizer o nome da grande mulher de sua vida. “Não posso nomear nenhuma, sem que as outras todas ficassem com raiva de mim. No comments”, diz, saindo pela tangente. “Mas tenho amigos de fé. O que vale na vida são as amizades feitas ao longo dela.”
Se pudesse passar a faixa de homem mais bonito do Brasil, ele não hesita: “Rodrigo Hilbert, pelo conjunto da obra!”.
No curriculo, Aguinaga tem também 12 filmes incluindo dois da franquia de Os Trabalhões e três com direção de Neville d'Almeida. Rio Babilônia é um deles. “Parece que sou empregado dele. Vou pedir para assinar minha carteira.” Novelas fez três. Uma delas, Locomotivas (1977), em que seu personagem é citado desde o primeiro capítulo, para aparecer apenas no último.
Pedrinho não frequenta mais a noite desde o início dos anos 2000, quando, segundo ele, a violência no Rio cresceu. Antes da pandemia, estava animado com curso de dança de salão. “Quero voltar com aula particular. Com turma você acaba dançando com quem dança menos que você. Estou com meus sapatinhos prontos para voltar."