De um lado, pessoas usando máscaras e respeitando a quarentena. De outro, aquelas que acreditam estar imunes ao coronavírus, vivendo como se o isolamento social não existisse. É isso que Gustavo Falabella Rocha percebe no seu dia a dia. O ator do grupo Zona de Arte da Periferia – ZAP 18 mora no Bairro Serrano, na Região Noroeste de BH, onde passa a quarentena ao lado da mãe, a vereadora e atriz Cida Falabella (Psol).
“Nesta parte aqui da cidade, vejo pessoas usando máscaras. Em alguns comércios, medidas de proteção e segurança vêm sendo seguidas. Mas também tem essa coisa da periferia, algumas pessoas agem como se não fosse com elas”, conta Gustavo.
O futuro preocupa o ator. “Aqui na ZAP 18, estamos todos um pouco ressabiados, mas torcendo para que a criatividade, de que precisamos tanto para nos manter na vida, sirva para a gente se reinventar.” Espetáculos teatrais, cuja marca é a aglomeração de pessoas na plateia, não serão liberados tão cedo. “As coisas vão demorar, se é que vão voltar a ser como eram antes”, diz.
Para amparar artistas impedidos de trabalhar, a ZAP 18 e a companhia Teatro da Pedra, de São João del-Rei, lançaram o edital (Ar)te Salva. O projeto selecionará 10 trabalhos inéditos para serem transmitidos, a partir de julho, nas redes sociais.
A temática e o formato são livres, abrangendo peças, minicursos e saraus, entre outros. As inscrições podem ser feitas até o próximo domingo (14) e o formulário está disponível no Instagram (@zap_dezoito). Cada artista ou grupo selecionado vai receber R$ 1 mil.
“Esse chamado é uma forma de contribuir minimamente para que as pessoas continuem pensando, produzindo e comendo”, explica Falabella. O projeto foi aprovado pelo Fundo Estadual de Cultura de Minas Gerais.
SOL
O ator aproveita o período de isolamento para ler, escrever, fazer atividades físicas e aprender receitas culinárias. “Estamos tentando ter uma rotina mais simples, tomando sol na varanda, com alguns pequenos prazeres”, diz Gustavo a respeito do dia a dia dele e de Cida. “Também faço doutorado e aproveito para me dedicar à minha pesquisa.”A casa de Cida fica perto da sede da ZAP 18. Durante a semana, o ator vai até lá para manter tudo em ordem. “Consigo ter um fluxo de saída responsável, sem me expor muito e expor os outros. Cuido de objetos de cena, fotos, filmagens e figurinos. Tem sido meio terapêutico, você não fica tão isolado, pelo menos muda de ambiente. É uma conveniência poder estar lá fazendo tudo sozinho, com calma”, conclui Gustavo.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria