Passagens censuradas e românticas das correspondências secretas trocadas por mais de um ano entre a rainha Maria Antonieta e seu amante, conde Fersen, puderam ser decifradas parcialmente, com a ajuda da alta tecnologia, informaram responsáveis pelo projeto.
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"Maria Antonieta e Fersen se expressam com termos amorosos, embora a maior parte do conteúdo das correspondências seja de natureza política. Pela primeira vez, podemos ler na pena de Fersen orações inequívocas sobre seus sentimentos pela rainha, que haviam sido cuidadosamente escondidos", assinalaram os responsáveis.
As passagens censuradas foram reveladas graças à fluorescência de raios X (XRF), após três meses de trabalho para analisar as diferentes tintas usadas na redação e na rasura posterior. O sistema permite decifrar o conteúdo de parágrafos censurados apenas em oito das cartas, já que, nas outras, a composição das tintas subjacentes era idêntica.
Na época das correspondências, a rainha estava sob suspeita e em prisão domiciliar, depois da calamitosa fuga da família real e sua prisão após a Revolução Francesa. O conde Hans Axel de Fersen (1755-1810) era um nobre e militar sueco que frequentou a corte em Versalhes.
"A conclusão principal do projeto se baseia não tanto em revelar a natureza da relação entre Maria Antonieta e Fersen, e sim em ressaltar a expressão de sentimentos de esperança, preocupação e terror, em um contexto de confinamento forçado e distanciamento", assinala o comunicado.
A maior parte das correspondências era mantida desde 1982 nos Arquivos Nacionais da França e já havia sido decifrada. Os Arquivos guardam 25 cartas de Maria Antonieta. Quatro são originais e as demais são cópias feitas por Fersen ou seu secretário, sete das quais contendo passagens rasuradas com tinta. Também são preservadas 29 cartas de Fersen, oito delas com passagens censuradas.