Alento em boa hora: governo de Minas lança projeto Arte Salva

Programa inclui dois editais e outras ações para ajudar a classe artística durante pandemia da COVID-19. Circos, bandas e artesãos estão no foco das ações

Pedro Galvão 02/06/2020 07:57
Circo Castelli/Divulgação
Atividade circense será contemplada no pacote de socorro lançado pelo governo estadual (foto: Circo Castelli/Divulgação)

Um dos setores mais afetados pela pandemia do coronavírus nos últimos dois meses e meio, a atividade cultural será contemplada pelo governo de Minas com um pacote de medidas de socorro, lançadas a partir desta terça-feira (2). Chamado Arte Salva, o projeto inclui dois editais e outras ações para assistir especialmente a parte mais vulnerável da classe artística no estado.

As medidas foram anunciadas ontem, em pronunciamento virtual com participação do governador Romeu Zema (Novo), do vice, Paulo Brant; dos secretários de Cultura e Turismo (Secult), Leônidas Oliveira, e de Desenvolvimento Social (Sedese), Elizabeth Jucá, e do diretor de Programas Sociais, Serviços e Operações do Sesc em Minas Gerais, Grijalva Duarte.

Segundo Leônidas Oliveira, o primeiro edital, a ser publicado ainda nesta terça-feira (2), pela Secult, prevê um auxílio, via Fundo Estadual de Cultura, de R$ 2,5 milhões. O valor vai financiar o desenvolvimento de 1.315 projetos. Cada um terá aporte de R$ 1,9 mil para realização de vídeos de expressões artísticas culturais, que serão transmitidas em ambientes digitais, envolvendo “artistas independentes, bandas, profissionais do circo e toda diversidade de atividades que compõem a cadeia artística de Minas Gerais”, segundo explicou o secretário de Cultura.

Leônidas Oliveira destacou ainda preocupação especial com bandas de música tradicionais do interior do estado, majoritariamente formadas por pessoas com mais de 60 anos, segundo ele, que operam instrumentos de sopro e precisam “ter o ouvido treinado cotidianamente para manter a atividade regular”. “Esse auxílio é importantíssimo, pois corremos o risco de a cadeia tradicional se esvair”, disse o secretário, que assumiu o cargo em 13 de maio, no lugar de Marcelo Matte, que pediu exoneração ainda em março.

Durante esse tempo, a pasta foi comandada por um secretário interino. O anúncio de editais de socorro para o setor eram uma demanda da classe artística em Minas desde o começo da quarentena no estado.

Leônidas Oliveira ainda anunciou outro edital, no mesmo valor total, a ser lançado na próxima segunda-feira (8). Criado em parceria com a Cemig, o objetivo é operacionalizar o fomento a artistas “que não sejam da cultura popular, mas que são do interior, que tocam em rádios, em casamentos e estão sem trabalho”. Serão 500 prêmios de R$ 5 mil.

Também foi informado que o centro de operações do Arte Salva será no Museu Mineiro, localizado na Avenida João Pinheiro, na Região Centro-Sul de BH. A ideia, segundo o secretário, é transformar o local em um ponto de apoio que ofereça serviços aos profissionais da cultura e do turismo, como auxílio ao acesso às linhas de créditos específicas para os setores, disponibilizadas pelo BDMG. São R$ 4 bilhões disponíveis, segundo Leônidas, com juros facilitados.
 
 

Marcos Vieira/EM/D.A Press - 14/10/12
Bandas tradicionais do interior do estado também estão no foco das ações da Secretaria de Cultura (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press - 14/10/12)


ALIMENTOS A secretaria ainda coordenará coleta e doação de alimentos. Lives de artistas contemplados pelo edital serão usadas para “abastecer o sistema” e arrecadar donativos que serão distribuídos pelo interior do estado, em parceria com o projeto Mesa Brasil, do Sesc. Segundo Leônidas, são 150 mil famílias mapeadas, das quais 30 mil estão em situações vulneráveis, incluindo circenses, quilombolas, indígenas que vivem do artesanato. Os grupos seriam o principal foco da ação, desenvolvida em parceria com a Sedese.

Em sua fala, Romeu Zema destacou que “uma das categorias mais afetadas foi a dos artistas, não só dos artistas famosos, que são menos de meio por cento da categoria. Estou falando dos que trabalham em circos, nas ruas, daqueles que vão eventualmente a bares, casas de shows fazer alguma performance. Com o advento da pandemia, todas essas aglomerações ficaram suspensas e deverão ficar ainda por um bom tempo”, declarou.
 
 

O governador ressaltou que “a grande maioria desses artistas perdeu a totalidade dos seus rendimentos” e ainda citou artesãos que dependiam de atividade turísticas: “Buscamos uma forma de manter essas pessoas com alguma dignidade enquanto essas atividades estarão suspensas”, afirmou. Zema também disse “contar com a ajuda do setor privado para contribuir com doações ao programa”. As medidas do Arte Salva ainda incluem cursos de capacitação on-line, programas de formação artística, entre outras atividades, e programas realizados pelos órgãos que compõem a Secult – um total de 50 parceiros, entre entidades da sociedade civil, iniciativa privada e órgãos do governo de Minas Gerais.

Apesar da pandemia, que ocasionou o cancelamento de praticamente todas as atividades que dependem de aglomeração de artistas e público, além dos impactos no turismo, o governo anunciou, no começo de abril, o Plano de Contingenciamento de Gastos do Poder Executivo. O orçamento de custeio da Secult foi reduzido em 45% do valor total e passou a ser de R$ 20,6 milhões.

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