O escritor Rubem Fonseca morreu, nesta quarta-feira (15/4), vítima de um infarto. Ele chegou a ser levado ao Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, no entanto, não resistiu. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do local.
Contista, romancista, ensaísta e roteirista, Rubem Fonseca completaria 95 anos em 11 de maio. Nascido em Juiz de Fora (MG), ficou conhecido por obras como Agosto, A cólera do cão e O cobrador. Seu livro mais recente lançado é Carne crua, de 2018.
saiba mais
Amigos e fãs lamentam a morte de Rubem Fonseca
Rubem Fonseca faz rara aparição na Academia Brasileira de Letras
Mineiro Rubem Fonseca é um dos vencedores do Prêmio Jabuti; confira lista de premiados
Escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza morre aos 84 anos
Veja a obra que consagrou Rubem Fonseca na literatura nacional
José Rubem Fonseca mudou-se para o Rio de Janeiro aos oito anos de idade. Formado em Direito, trabalhou como comissário de polícia no início dos anos 1950. Na década seguinte, prestou serviços para o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), vinculado ao golpe militar de 1964. Mais tarde, ele negou que tivesse apoiado o regime.
Autor de obra considerável para quem já começou a publicar já maduro, Rubem Fonseca estreou como contista com Os prisioneiros, em 1963, ao qual se seguiram dois outros volumes de histórias curtas. Já era considerado um clássico de nascença com seus contos quando lançou o primeiro romance, O caso Morel, em 1973, abrindo novo flanco criativo.
A partir daí, romances e contos se equilibram em sua bibliografia, com um único volume de crônicas, O romance morreu, e um pequeno ensaio autobiográfico, José.
Arredio, com poucas aparições públicas, sem dar entrevista ou se deixar fotografar, é um autor sofisticado. E, ao mesmo tempo, é popularíssimo, na linha dos escritores americanos de hard boiled, uma de suas referências.
O aficionado em histórias de crimes e violência vai se deparar com um mestre, principalmente nos contos. Quem procura outros materiais vai dispor de uma visão de mundo cínica, construída de forma cuidadosa, habitada por gente aparentemente comum, como pequenos golpistas e solitários de várias estirpes, que são capazes de tudo para mostrar que estão certos.
“Sou um homem idiossincrático e idiossincrasias não se explicam.” Em julho de 2015 ele deixou a reclusão durante um passagem pela Academia Brasileira de Letras. O depoimento foi dado por Fonseca enquanto ele falava sobre o fato de nunca ter se candidatado à ABL. Na sequência, parafraseou Carlos Drummond de Andrade: “É só meu jeito de ser”. O escritor foi à ABL para receber o Prêmio Machado de Assis, a principal honraria da instituição centenária, no valor de R$ 100 mil.
“Escrevi 30 livros. Todos cheios de palavras obscenas”, declarou naquele encontro, provocando risos entre os colegas. E defendeu a adoção da linguagem coloquial pela literatura: “Nós, escritores, não podemos discriminar as palavras”, disse. “Toda palavra tem que ser usada.”
Sua obra também se popularizou graças às adaptações para o cinema e a televisão. Entre elas destacam-se a minissérie Agosto (1993), dirigida por Paulo José e os filmes Bufo & Spallanzani (2001), de Flávio Tambellini e O homem do ano (2003), de seu filho, o cineasta José Henrique Fonseca.