O pai da arquitetura moderna iraquiana, Rifat Chadirji, morreu na noite de sexta-feira (10), aos 93 anos, na Grã-Bretanha, onde morava.
Ele foi vítima do novo coronavírus, anunciaram neste sábado (11) autoridades e especialistas.
Chadirji, que também era fotógrafo, trabalhou em todas as obras monumentais do Iraque entre 1950 e 1980.
Entre elas, o Monumento da Liberdade, na Praça Tahrir, epicentro da recente revolta popular em Bagdá.
Ele também projetou a sede recentemente demolida da Companhia Nacional de Seguros de Mossul. Foi do alto deste edifício que acusados de homossexualidade foram lançados por extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).
O presidente iraquiano Barham Saleh o definiu como "uma das maiores vozes modernas da arquitetura iraquiana e mundial". O primeiro-ministro interino, Adel Abdel Mahdi, disse que ele deixa "uma marca e uma escola para gerações de artistas e arquitetos".
"Se vai uma gigante figura do século 20 no Iraque, os quais são contados com os dedos de uma mão", disse à AFP Caecilia Pieri, pesquisadora do Instituto Francês do Oriente Médio (IFPO).
Nascido em uma família patriota de Bagdá em 1926, Chadirji estudou em Londres e retornou à cidade natal em 1952. Após liderar um golpe contra a realeza, o primeiro-ministro Abdelkarim Qasem o contratou para construir o monumento ao soldado desconhecido na praça Firdaous.
Ao chegar ao poder em 1979, Saddam Hussein destruiu a obra e a substituiu por uma estátua de si mesmo e enviou Chadirji para a prisão de Abu Ghraib.
Ironicamente, ele deixou o presídio 20 meses depois porque o mesmo ditador pediu que o melhor arquiteto do país preparasse Bagdá para uma conferência internacional.
Após um longo exílio em Beirute e outros lugares, ele retornou ao Iraque em 2009 e encontrou um país devastado por décadas de guerra, embargo internacional e má administração que deixaram infraestruturas e edifícios destruídos.