Gugu desistiu de ir para a Globo em lealdade a Sílvio Santos: 'Trabalhei com meu ídolo'

Dono do SBT foi conversar pessoalmente com Roberto Marinho para impedir que seu discípulo migrasse para a TV carioca; relembre o caso

Cecília Emiliana 22/11/2019 21:10
SBT/Divulgação
(foto: SBT/Divulgação)

"Se eu ligar pro Sílvio Santos, ele me atende". Dita em agosto de 2017 a Fábio Porchat, então funcionário da Rede Record, a afirmação é de Gugu Liberato. Trata-se de uma boa definição para o relacionamento de 35 anos entre os dois ícones da TV nacional. 

Gugu e Sílvio não chegaram a ser amigos – prerrogativa que, segundo o astro paulista, o homem do baú reserva exclusivamente ao cabeleireiro Jassa. A convivência entre eles, por outro lado, não se restringia às formalidades inerentes aos papeis de patrão e empregado. "Trabalhei com meu ídolo, isso foi o presente que Deus me deu", afirmou o apresentador a Porchat  – pouco antes de dar ao humorista um testemunho de sua devoção ao chefe: Gugu relembrou o dia em que, a pedido de Silvio Santos, desistiu de migrar para a Globo e foi com o dono do SBT ao Rio de Janeiro para pedir a Roberto Marinho a anulação de seu contrato.


Segundo Gugu Liberato, o convite da TV carioca veio em 1987, no auge de popularidade do Viva a Noite, programa que ele comandava na época.  "A Globo me prometeu um programa aos domingos e investiu para que eu aprendesse um pouco mais do formato, fiz cursos na Alemanha e Estados Unidos. Montaram o cenário, estava tudo pronto para estrear. Então o Silvio me chamou para conversar", contou na entrevista. 

De acordo com o apresentador, Sílvio revelou que estava com um problema de garganta e temia não poder mais apresentar seu tradicional programa de domingo. Diante disso, planejava dividir o palco da atração com Gugu.  "Argumentei que não podia dizer 'não' para a Globo, mas ele disse: 'se você não pode, eu vou pessoalmente falar com o Roberto Marinho e dizer que você não vai'", relembra. Os dois então pegaram uma ponte aérea de São Paulo para o Rio naquele mesmo dia. O aeroporto de Congonhas, naturalmente, parou para ver Silvio Santos. "Chegamos no Rio e, de táxi, fomos pro Jardim Botânico, direto para a sala do Boni, que tinha ido almoçar. A essa altura a Globo inteira sabia que o Silvio estava lá", relata o astro paulista. 

Arquivo EM
(foto: Arquivo EM)

Gugu recorda que, tão logo viu Boni, Sílvio o abordou sem rodeios:  "vim aqui dizer que o Gugu não vai pra Globo, vai continuar comigo", teria dito o homem do baú. A canetada que o liberaria do compromisso com a emissora, no entanto, caberia apenas ao magnata Roberto Marinho, que aceitou negociar com o proprietário do SBT. Liberato, porém, afirma não ter presenciado a conversa entre os tubarões. "O Silvio orientou que eu o esperasse no aeroporto, daí eu peguei um táxi de volta pra lá. Como eu tinha pago a ida, não tinha dinheiro em cash nem para o táxi - naquela época, ninguém aceitava cartão de crédito. Silvio então me deu o dinheiro e eu segui para o Santos Dumont. Fique ali fiquei umas duas horas esperando", afirmou. 

Para a surpresa de Gugu, Marinho acabou cedendo ao pedido de seu patrão. "Eu não me arrependo de nada. Fiquei mais 21 anos no SBT, foram anos muito felizes. Eu nasci e cresci no SBT, trabalhei lá 38 anos, de 1974 a 2009. Tive anos maravilhosos. Trabalhar com o Silvio foi um privilégio que eu tive", celebrou. 

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