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Gustavito & A Bicicleta lança 'Quilombo oriental' com shows neste fim de semanaGustavito, Alexandre Andrés e Luiz Gabriel Lopes fazem show gratuito nesta sexta-feiraGustavito se apresenta ao lado da banda A Bicicleta no Café 104“Finalmente se fez justiça e me sinto em paz. Essa questão estava em suspenso, por conta da questão judicial. E como estava em segredo de Justiça, eu não podia me manifestar. Estou satisfeito e feliz por provar minha inocência.
A acusação de má conduta sexual feita a Gustavito ganhou repercussão em 2017, no Dia da Mulher (8 de março). Com uma conta em rede social em que se identificava como Lírio, a acusadora relatou um encontro íntimo que teve com o músico, no ano de 2015, afirmando que ele a teria dopado com um óleo de massagem e lhe transmitido intencionalmente uma Doença Sexualmente Transmissível (DST).
Com grande repercussão, a acusação teve impacto negativo na carreira de Gustavito, incluindo seu afastamento do bloco carnavalesco Então Brilha!. Segundo Gustavito, nesse episódio, o mais difícil para ele foi lidar com as reações públicas à acusação, já que muita gente o considerou culpado sem sequer tentar ouvir sua versão da história. “A acusação era absurda. Passaram a me atacar inescrupulosamente, sem saber e querer debater os fatos. A gente percebe que muita gente está mais interessada em manifestar o ódio do que em saber a verdade”, diz.
Ele conta que conhecia Marlla superficialmente e que tiveram apenas um encontro, que resultou no imbróglio. A partir daí, ele e ela só mantiveram contato via Justiça, segundo diz.
Ao lado da retratação, Gustavito publicou em seu Facebook um desabafo."Com tantos crimes praticados contra mulheres e tanta luta a ser feita, fui vítima de uma mentira lançada contra mim por uma mulher, algo que prejudica a causa feminista. Acredito que a luta por respeito e igualdade das mulheres deva ser apoiada por todos. (...)
A verdade apareceu. Espero que muita gente possa aprender e refletir e que não se repitam mais episódios como esses”, escreveu.
LIVRO
O caso Gustavito foi analisado em um capítulo do livro A vítima tem sempre razão? – Lutas identitárias e o novo espaço público brasileiro (Editora Todavia, 206 páginas), publicado no fim de 2017 pelo filósofo e ensaísta Francisco Bosco, que conversou com a reportagem do Estado de Minas sobre o desfecho judicial.
Bosco afirma que sempre lhe pareceu evidente que a acusação era muito inconsistente. “Só ganhou corpo devido à irresponsabilidade dos que se entregaram desabridamente seja a uma lógica de grupo (apoiar de forma incondicional o discurso que unifica o grupo), seja a um utilitarismo (é legítimo sacrificar indivíduos em prol de uma causa justa). Então o desfecho não me surpreende”, disse.
Para o filósofo, um pedido de desculpas e o reconhecimento do erro não são proporcionais ao dano causado à imagem do artista. “Há uma enorme desproporção entre esse pedido de desculpas e o dano feito à pessoa injustamente acusada.
O autor de A vítima tem sempre razão? avalia que esse episódio é mais um convite à ponderação num debate atual e indispensável. “Um caso como esse, apesar de não ser isolado (a lógica de grupo e o utilitarismo produziram diversos casos semelhantes), não deve ser tomado como uma arma contra a agenda feminista fundamentalmente justa do combate ao assédio e a todo tipo de violência contra a mulher”, diz.
O episódio serve, no entanto, na opinião do filósofo para comprovar que máximas como a de que "a vítima tem sempre razão" são potencialmente injustas e devem ser abandonadas. “Nenhum grupo social tem sempre razão. É preciso afirmar sempre a cautela, o direito ao contraditório, o devido processo legal, em suma, os mecanismos que foram desenvolvidos na tentativa de garantir que a justiça ocorra”.
Até a conclusão deste texto, o Estado de Minas ainda não havia conseguido fazer contato com a acusadora de Gustavito.
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