Por volta das 11 horas da manhã desta sexta-feira, mais de 15 mil pessoas haviam assinado uma petição na internet que pede a anulação do evento "Coroação da Nossa Senhora das Travestis", programado para acontecer neste sábado, durante a Virada Cultural de Belo Horizonte. O documento pede que o prefeito, Alexandre Kalil, cancele o ato, considerado uma blasfêmia e afronta contra os cristãos.
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A petição também informa que o ato, se realizado, poderá ser tipificado como crime, previsto no artigo 208, do Código Penal. "Eis a tipificação: 'Vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa'", continua a mensagem publicada na petição.
Ainda segundo o documento, a "referida coroação, financiada com dinheiro público, envergonha e assusta os belo-horizontinos, os cidadãos ordinários e católicos. Autorizar tal vilipêndio mancharia a história da cidade e tornaria criminoso o uso de verbas públicas que, obtidas pelo suor dos cidadãos, seriam empregadas em favor de um grupo truculento que chama de arte o desrespeito, a blasfêmia, o acinte, a gozação, enfim, o brincar com o sagrado".
A polêmica chegou ao conhecimento do deputado federal Eros Biondini que, nessa quinta-feira, publicou vídeo pedindo respeito e considerando a performance uma "zombaria com a fé de um povo inteiro". Na gravação, ele diz ter recebido centenas de mensagens de pessoas indignadas com o espetáculo. "Nós exigimos respeito e pedimos que todos se mobilizem para que chegue até o nosso prefeito e ele possa tomar as devidas providências".
Por volta das 11h30 desta sexta, o prefeito Alexandre Kalil se manifestou no Twitter, a respeito da polêmica: "Defendo todas as liberdades. Sou católico, devoto de Santa Rita de Cássia. Fiquem tranquilos, ninguém vai agredir a religião de ninguém. Isso não é cultura".
Defendo todas as liberdades. Sou católico, devoto de Santa Rita de Cássia. Fiquem tranquilos, ninguém vai agredir a religião de ninguém. Isso não é cultura.
%u2014 Alexandre Kalil (@alexandrekalil) 19 de julho de 2019
A Secretaria de Cultura de Belo Horizonte ainda não emitiu nenhuma declaração a respeito do assunto.
Já a Arquidiocese de Belo Horizonte emitiu nota, dizendo que toda a comunidade, incluindo o arcebispo e presidente da CNBB, dom Walmor, bispos auxiliares, padres, diáconos, religiosos e religiosas, ministros e evangelizadores "rebatem, com indignação, a ação preconceituosa e criminosa de desrespeito à fé cristã católica, o evento de título 'Coroação a Nossa Senhora dos Travestis'".
O texto diz ainda que se exige e se espera por parte das autoridades a suspensão do evento, "por ser incontestável fomento ao preconceito e à discriminação, desrespeito aos valores da fé cristã católica, devendo saber que estão comprometendo gravemente a paz e o exigido relacionamento cidadão respeitoso".
"Não é admissível instrumentalizar Nossa Senhora, desrespeitando-a para se promover um evento que se diz cultural, mas, na verdade, configura-se em agressão à fé cristã católica. Não se cultiva tolerância a partir do desrespeito", prossegue a nota, que ainda faz uma convocação para os católicos se manifestarem, exigindo respeito e a suspensão imediata do espetáculo.
"Seja também acolhido o nosso pedido, protocolado junto a autoridades e instâncias competentes de defesa da verdade e da moralidade, das quais se espera o posicionamento legal e urgente, com a proibição desse ato abominável contra a fé cristã católica. Católicos, paróquias, instituições, associações, movimentos e novas comunidades, todos nós, manifestemos fortemente, neste momento, para que prevaleça o bom senso, a verdade e a justiça pela paz!".