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A produtora Patrícia Tavares, Do Brasil Projetos e Eventos, responsável por mais de 400 eventos anuais, incluindo parte da organização do carnaval de rua em Belo Horizonte, é pessimista sobre os desdobramentos. Diz que este é um sinal dos efeitos negativos que os projetos culturais sofrerão em 2019 a partir de limitações impostas pelo poder público.“Temos um governo nacional que não enxerga a cultura como prioridade e um governo estadual que, por sua vez, não enxerga a cultura totalmente como prioridade. Então, quem vive desse subsídio sofrerá o impacto disso”, prevê.
Para o produtor Victor Diniz, um dos organizadores dos festivais Sarará e Sensacional, voltados para apresentação de grupos musicais, a decisão em nível estadual é uma vitória, mas não é suficiente para afastar a atmosfera de instabilidade. “Grandes corporações trabalham com planejamentos longos e projetos anuais. Precisamos que todos os profissionais envolvidos, desde os secretários da Fazenda aos governadores e os patrocinadores se sentem à mesa e construam uma solução duradoura e definitiva, para que todos consigam se planejar”, defende.
Victor conta que o Sensacional, cuja sigla significa Simpósio de Empreendedorismo Nada Sensato Articulado no Cenário Internacional e Organizado por Nossos Amigos Legais, está com um projeto aprovado para realizar a 8ª edição neste ano, mas não tem garantia de que conseguirá captar recursos devido ao cenário de indefinição. Até o momento não há confirmação de data para a realização do evento. “Quem tem dinheiro e está querendo investir não tem regras claras, fica em dúvida se as regras atuais serão mantidas ou não, e essa incerteza torna difícil encontrar um patrocinador”. O produtor lembra que a primeira edição, em 2010, foi totalmente independente, viabilizada com a venda de cervejas. Conforme o festival crescia, foi necessária a captação de recursos.
CONSUMIDOR PAGA A CONTA Já a 6ª edição do Festival Sarará será em 31 de agosto sem o auxílio da Lei de Incentivo. Para isso, os ingressos passaram dos R$ 25 (inteira) e R$ 12,50 (meia) do ano anterior para R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia) no primeiro lote da pista. Há ainda a opção da pista premium, por R$ 180, e área open bar a R$ 240. “Sem setorizar, os ingressos teriam que começar custando no mínimo R$ 100. Desta forma conseguimos criar setores com ingressos mais caros e outros mais acessíveis. Dentro da realidade do entretenimento brasileiro, é um valor muito bom”, defende. Nas redes sociais, internautas questionaram o aumento de preços, apontado como uma “gourmetização” da arte independente.
Financiamento coletivo vira saída
Criado em 1993 por Aída Queiroz, Cesar Coelho, Lea Zagury e Marcos Magalhães, o Anima Mundi já exibiu mais de 10 mil filmes de animação do mundo inteiro a preços populares, entre longas e curtas-metragens. O festival promove também oficinas abertas e gratuitas, debates e exposições sobre o audiovisual.
De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas, a última edição, em 2018, movimentou R$ 26,8 milhões e gerou R$ 2,6 milhões em impostos, tendo público estimado de 50 mil pessoas. Apesar do retorno financeiro, para que o evento seja realizado novamente neste ano foi preciso dar início a uma campanha de financiamento coletivo, que pretende arrecadar pelo menos R$ 400 mil para viabilizar a mostra de filmes no Rio de Janeiro e em São Paulo. As doações vão de R$ 20 a R$ 50 mil, com contrapartidas específicas para cada valor.
Aída Queiroz, uma das criadoras do festival, critica a estigmatização do setor cultural. “No Brasil existe uma percepção errada de que lei de incentivo é ‘dar dinheiro para vagabundo’, e isso precisa mudar.” Victor Diniz sustenta que o incentivo é importante para fomentar uma indústria essencial à economia brasileira, capaz de competir em nível internacional, além de gerar empregos. “Todas as indústrias recebem isenção fiscal em algum momento, para ganhar um respiro e depois devolver esse incentivo na forma de mais impostos e geração de empregos, mas nenhuma é questionada por isso, exceto a cultura”, avalia. Para o produtor, isso é motivado por gostos pessoais e superficialidade. “As pessoas entram numa galeria e dizem ‘Ah, eu gosto dessa arte e não gosto daquela’, mas ninguém diz ‘Ah, não gosto desse tipo de carro’, e a indústria automotiva é a que sempre recebe isenções altíssimas”, afirma.
Na visão de Aída, o que terá valor no futuro é a indústria criativa. Para ela, os que descobriram isso e apostam na criação de conteúdo, como a Netflix, já estão garantindo seu espaço. “Essa guerra entre as plataformas é por conteúdo. Os americanos descobriram que com o cinema eles conseguiam impor a cultura deles em qualquer lugar por meio da arte. Nós conhecemos Los Angeles e Nova York sem ter ido lá, enquanto não conhecemos nem o interior do nosso próprio país”, avalia.
ANIMA MUNDI
Entre 17 e 21 de julho, no Rio de Janeiro, e 24 e 28 de julho, em São Paulo. A campanha de financiamento coletivo vai até 27 de junho por meio do site www.benfeitoria.com/animamundi.
FESTIVAL SARARÁ
Esplanada do Mineirão. Av. Abrahão Caram, 1.001, Pampulha. Em 31 de agosto, a partir das 12h. Pista: R$ 100 (inteira/1º lote) e R$ 50 (meia/1º lote). Pista premium: R$ 180 (inteira/1º lote) e R$ 90 (meia/1º lote). Área open bar: R$ 240 (1º lote). Informações: www.sympla.com.br.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Eduardo Murta