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LUTO NAS ARTES

Corpo do ator e músico Leri Faria é sepultado em Minas

- Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A press
 
Foi enterrado na tarde deste domingo (28), no Cemitério da Colina, o corpo do ator, diretor, narrador, dublador, músico e publicitário Leri Faria Júnior, que morreu aos 63 anos em consequência de um tumor cerebral, descoberto recentemente. Considerado por muitos como um multiartista, Leri faleceu no início da madrugada deste domingo (28). Ele nasceu em Uberaba, no Triângulo Mineiro, e se formou em ciências sociais, em 1976, pela Fafich/UFMG. Adorava cozinhar e se dizia ser um gastrônomo. “Gosto de degustar a vida e sua grande variedade de sabores! Nunca me farto disso...”, dizia sempre.
 
Depois de longa temporada mambembe na Europa, ao voltar para BH, Leri assumiu as salas de ensino de canto e musicalização da Rede Pitágoras. A partir de 2000, assinou a trilha sonora original de dezenas de espetáculos de Minas Gerais. Gravou quatro discos, participou de campanhas publicitárias e atuou em vários espetáculos, como Os sem vergonhas, direção de Guilherme Leme Garcia; Don Juan no espelho, de Alexandre Toledo e Luiz Otávio Carvalho; e Dom Chicote mula manca, dirigido por Andreia Garavello. Em 2017, lançou o álbum autoral Nosso, o quarto de sua carreira como compositor.
 
- Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A press
 
Para Jefferson da Fonseca, ator e diretor, professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Leri era um amigo e irmão.
“Foi e sempre será um multiartista sem igual, de paixão quase desmedida por tudo e por todos. Juntos, rodamos meio mundo”. Ele lembra que, certa vez, os dois quase saíram nos tapas, na França, para horas depois rolarem de rir na Alemanha. “Pelo interior de Minas e do Brasil não podia ser diferente, coisa de irmãos. Tomamos muitos alunos pelas mãos. Também fomos alunos um do outro. Ele tinha bem mais para ensinar.
Sabia muito de tudo. Com Os sem vergonhas, espetáculo de enorme sucesso no Brasil, por mais de uma década, aprendemos juntos a valorizar ainda mais as boas comédias”, afirmou. “Na vida, nas dificuldades, dizia que era preciso desmoralizar os dramas. Fora das quatro paredes do palco, fizemos rádio e televisão. Cantamos, dançamos, pintamos e bordamos. Em mim, além do respeito à arte, fica a sua maior e melhor lição: o amor pela filha, Cora. Um pai meteoro esse gigante”, acrescentou o ator.
 
Emocionado com a perda do amigo, o também ator e diretor Freddy Mozart lembrou a parceria na banda Presente de Natal. “Chegamos a gravar um CD, com músicas e arranjos dele.
Ensinou-me a confiar em mim como cantor que, com sua inteligência, deu luz às nossas apresentações de Natal. Foi muito bom e gratificante ter feito parte da vida do mestre.”
 
 
O ator e diretor Maurício Canguçu conta que Leri era daqueles caras que não tinha meio termo. “Ele tinha opinião forte, sempre contundente. Quando fomos trabalhar juntos em Os sem vergonhas, nos divertimos muito, rimos muito e fizemos muita gente rir. Tivemos 10 anos da nossa vida de muito aprendizado e convivência”. Canguçu lembra que foram muitos os jantares, boteco e bate-papos. “Ele sabia onde tinha sempre a melhor comida. Tivemos grandes embates nos camarins, sobre política, profissão, vida e amizade. Ele me chamava de Morris e eu de Léris.”
 
Para o ator André Prata, que também contracenou com Leri, este era um gênio indomável de coração gigante, companheiro fiel de palco e de boas prosas nas mesas da vida pós-espetáculo. “Tive o privilégio de conviver em cena e fora dela por seis anos com ele, um talento gigantesco como ator e músico, só menor do que a sua dedicação e entrega a própria arte.
O mundo perde, a arte fica mais pobre e o nosso coração bem mais apertado! Valeu Leris, voe alto aí de cima.”
 
Comovido, o radialista Marcos Kacowicz comentou a perda do amigo. “Não era um roqueiro musicalmente falando, mas, com certeza, tinha a alma, espírito, coração e a coragem de um. Fez trabalhos muito interessantes numa linha mais de raízes brasileiras e, principalmente, mineiras. Era um cara hiperparticipativo em todos movimentos em prol de liberdade de expressão, direitos humanos e outros que buscam a igualdade e evolução como espécie. Um grande papo, um coração enorme e um grande cozinheiro.”
 
Para o ator e diretor Ílvio Amaral, Leri foi um grande amigo, um grande companheiro de trabalho: “Ele sempre chegava ao camarim com um saquinho de biscoitos, alguma coisa para comer. Era muito alegre, contava casos, era muito paciente para mudar de roupa e para construir o seu personagem. Era um amigo muito querido. Tinha umas opiniões próprias sobre política, era muito inteligente, muito ilustrado e isto fazia com que tivesse opiniões muito fortes. Era um grande ator, com uma sutileza para criar os detalhes dos personagens.”  

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