Bibi Ferreira se apresentou em Belo Horizonte pela última vez em fevereiro de 2017, com o espetáculo 4XBibi. A apresentação, no Palácio das Artes, ocorreria semanas antes, mas teve que ser adiada, como relembra a produtora Tatyana Rubim. Bibi passou mal no dia do espetáculo e acabou sendo internada, por volta das 10h, com problemas cardíacos. Às 16h, queria fugir do hospital e honrar seu compromisso com o palco e o público. A sessão, entretanto, foi remarcada.
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Celebridades lamentam a morte e homenageiam Bibi Ferreira Bibi Ferreira: saiba curiosidades sobre a grande atriz brasileiraAtriz e cantora Bibi Ferreira morre aos 96 anosPúblico ignora as personalidades que 'batizam' espaços culturais de BHCorpo de Bibi Ferreira é velado no Teatro Municipal“Ela representa a resiliência e a perseverança nessa luta pelo teatro brasileiro. Quando a víamos interpretando ou cantando, éramos tomados por uma emoção inesquecível. Bibi vai deixar saudade, mas não ausência. O estado dela é sempre de presença, na vida e no palco”, afirma Tatiana, empreendedora do Teatro em Movimento.
“Bibi era uma mulher de imensa vitalidade e eterna surpresa.
Afonso e Tatyana ressaltam que a artista era singular em seu trabalho e também na rotina. Aos 90, saía do teatro às 3h, ávida pelo joelho de porco de um restaurante alemão na região Centro-Sul da capital.
O ator, diretor e produtor Ílvio Amaral também trabalhou diretamente com ela. “Você é ator? Não quer cometer uma loucura comigo? Estou com um canastrão no elenco. Você tem coragem de entrar no espetáculo?”, perguntou Bibi a ele, que aceitou de imediato o convite. Eles ensaiaram durante três dias, exaustivamente, e estrearam na mesma semana a peça Deus lhe pague, em São Paulo.
Amaral conta que caiu nas graças da primeira-dama do teatro brasileiro.
JANTARES “Bibi tinha um carinho comigo. Ela não chamava outros atores tão facilmente para os seus jantares, em que eu era o único desconhecido em meio a várias estrelas.” Ílvio Amaral guarda boas recordações, como o preciosismo nos ensaios e as corridas de táxi ao aeroporto, em que a artista matava o tempo cantando Mulher rendeira.
Já o diretor Pedro Paulo Cava comentou que, dos diversos espetáculos de Bibi a que assistiu, na década de 1970, dois o impressionaram: a primeira montagem de Piaf e O homem de La Mancha. “Nesses tempos de mediocridade, com tanta notícia ruim, o Brasil fica mais pobre de inteligência e talento. Suas inteligências estão indo embora”, afirma.
Cava ressalta que a estrela herdou o talento do pai, Procópio Ferreira (1898-1979), que ele define como o maior ator brasileiro. “Bibi viveu e morreu como artista: trabalhando. Ela foi uma referência para todos do ramo, porque era uma artista integral: cantava, dançava e interpretava.”
O dramaturgo, ator e diretor Jota D'Angelo diz que Bibi “era uma artista perfeita, que dominava de maneira excepcional todo o palco, seja como atriz, diretora, cantora e dançarina”.
Sua lembrança mais marcante de Bibi nos palcos vem de Gota d'água, de Paulo Pontes e Chico Buarque, que estreou em 1975. “Guardo na minha memória, nitidamente, a beleza daquele espetáculo.