Em cena, Bibi Ferreira, que morreu nesta quarta-feira, 13, aos 96 anos, exibia um perfil conhecido: os óculos escuros, braços levantados, físico ligeiramente atarracado, a voz característica. Mas, se a artista Bibi foi muito reconhecida, a mulher Abigail era familiar para poucos amigos fiéis, que conviveram com ela e sabiam de suas outras qualidades e manias.
Abigail era uma mulher boemia, que preferia a noite: geralmente acordava por volta das 15h, quando tomava um simples desjejum: café com leite, pão com manteiga. Não gostava de chocolate, mas isso não significava que tinha um apetite controlado. Pelo contrário - Bibi adorava comer feijoada de madrugada, quando não um suculento prato de coxinhas.
Leia Mais
Aos 96 anos, atriz Bibi Ferreira anuncia aposentadoria dos palcosAtriz e cantora Bibi Ferreira morre aos 96 anosCelebridades lamentam a morte e homenageiam Bibi Ferreira Corpo de Bibi Ferreira é velado no Teatro Municipal'A mula' conta história de agente do tráfico de 90 anos de idadeMineiros lembram jantares na madrugada e cantorias no táxi com Bibi FerreiraBibi Ferreira era uma mulher pouco afeita a exercícios físicos. Sua preguiça, aliás, vinha da infância, quando era obrigada pela mãe a se movimentar.
Como não dirigia, era sempre conduzida e, nesses momentos, não gostava de ir no banco de trás dos carros. "Isso é para esposas", dizia, acomodando-se no banco da frente, onde, aliás, podia se apoiar na alça localizada acima do vidro do banco de passageiro, o popularmente conhecido como 'pqp', como ela adorava dizer.
Outra mania de Bibi era não gostar de ser atendida por médicas - preferia sempre profissionais masculinos que, por alguma razão, julgava de mais confiança. Mas tinha muitas amigas queridas, que a acompanharam ao longo de sua carreira. Maria Bethânia, por exemplo, a convidava para seus shows e depois pedia conselhos sobre direção, iluminação, cenário.
O pai, Procópio Ferreira, era uma referência constante, em todas suas conversas e o fato de honrar seu nome era motivo de orgulho para Bibi. Quando finalmente se apresentou no Lincoln Center, em Nova York, em comemoração aos seus 90 anos, a felicidade era pelo ponto alto atingido pela filha de Procópio.