Artistas, produtores e profissionais envolvidos na cadeia produtiva da cultura em Minas Gerais receberam com surpresa e satisfação a nomeação do vice-governador, Paulo Brant (partido Novo), para a Secretaria de Estado da Cultura. O governador designou o vice-governador para “responder pelo expediente” da secretaria em ato publicado em edição extra do Minas gerais no dia 2.
A expectativa da área, baseada no plano de governo de Zema, era que a pasta pudesse ser fundida com outra (Secretaria de Estado da Educação) ou até mesmo extinta. Embora ainda não seja definitiva – o novo governo deverá propor reforma administrativa futuramente –, a indicação do nome de Brant foi vista como aceno positivo do governador ao setor.
“Fiquei surpreso em saber que a secretaria não foi extinta. É uma surpresa boa estar nas mãos do vice-governador. Espero que ele tenha poder político para defender a cultura como ele mesmo disse em encontros públicos, durante a campanha. Brant é nascido em uma família em que a cultura é área muito importante”, afirma o diretor-geral do Galpão Cine Horto, o ator e diretor Chico Pelúcio.
O gestor cultural Afonso Borges também ficou apreensivo com a possibilidade de a pasta ser extinta e comemorou sua continuidade. “Fiquei muito assustado com a notícia de que a Secretaria de Cultura ia acabar”, afirma. Durante a campanha, o rapper Roger Deff, da banda Julgamento, ficou temeroso em relação ao espaço que a cultura teria no novo governo. Como a pasta foi mantida, ele analisou como boa a indicação de Paulo Brant. “É uma escolha positiva dentro do atual contexto. É bom ter o vice-governador responsável pela pasta da cultura em Minas Gerais, um cara que tem histórico ligado à cultura, além de ser uma pessoa de trajetória nesse setor – a família Brant tem relação próxima com a cultura. Fico mais tranquilo. A expectativa é positiva”, afirma.
O setor, no entanto, espera que sejam garantidas verbas no orçamento para execução das políticas públicas. Chico Pelúcio diz esperar que “essa primeira boa notícia se traduza em verba” para o setor. “Eleonora Santa Rosa, que foi secretária, dizia que cultura se faz com verbo e verba”, afirma Chico. No entanto, os artistas sabem que o estado não atravessa um bom momento do ponto de vista econômico e financeiro. “Temos o problema da falta de dinheiro do estado. Não sabemos como vai ser”, diz Roger.
FOMENTO
Artistas, gestores culturais e produtores esperam que o Fundo Estadual de Cultura seja mantido e fortalecido. Para Afonso Borges, é imprescindível que se mantenha a lei de incentivo e o fundo. À frente de um dos mais importantes polos de fomento ao teatro, Chico espera que, como o fundo, todo o sistema estadual de cultura seja mantido e fortalecido. Ele cita que aguarda a continuidade também de programas de fomento como Música Minas, Circula Minas, Prêmio Cena Minas e Filme em Minas.
“São programas que impulsionam muito e impactam muito a cultura de Minas Gerais”, avalia. Outro aspecto apontado como relevante é a manutenção em bom funcionamento de equipamentos como o Palácio das Artes, o Museu Mineiro e o Circuito da Liberdade. “Esperamos o desenho de políticas públicas para a cultura de forma geral. O teatro precisa de iniciativas de continuidade, projetos perenes”, afirma Chico.
A experiência de Paulo Brant, que foi secretário de Cultura no governo Aécio Neves (2008-2010), para liderar a pasta foi destacada. “A presença de Paulo Brant na cultura é coisa para ser celebrada como as músicas de seu irmão, Fernando Brant. Paulo é um craque na economia e sabe lidar, como poucos, com o setor cultural; afinal, é a segunda vez que ocupa a pasta”, diz Afonso Borges.
Afonso Borges defende a cultura como setor econômico que gera recursos para o estado. “A cultura hoje deve ser entendida como economia criativa, que absorve, por meio de eventos e programação, as áreas de turismo, meio ambiente e patrimônio histórico. É a que mais cresce no país, nos últimos anos”, afirma. Ele sugere que seja dado novo rumo à política cultural, promovendo sua aproximação com outras áreas. “A economia criativa da cultura devolve à sociedade, em termos de impostos, negócios e empregos, cerca de 2,64% do PIB, ou seja, R$ 10,5 bilhões de impostos federais diretos, 1 milhão de empregos formais e 9,1% de taxa média anual de crescimento no período 2012/2016, segundo dados oficiais”, diz ele.
Idealizador do projeto Sempre um Papo e do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), Borges espera também que surja um novo caminho para o mercado editorial. “As grandes redes quebraram, e as editoras não sabem o que fazer. É, verdadeiramente, uma encruzilhada.”
NEBULOSO
O multiartista Maurício Tizumba vê com ressalvas a indicação de Paulo Brant. Na avaliação de Tizumba, a existência da Secretaria de Cultura ainda é “algo nebuloso” e o fato de Brant acumular as funções pode indicar o desejo de enxugamento da máquina pública sinalizado por Romeu Zema durante a campanha. “Segue mais ou menos a intenção do Zema de enxugar tudo e transformar em empresa que possa dar lucro. Paulo Brant já passou por lá e sabemos o que ele não fez. Não é uma secretaria. Não quero ser enganado. A pasta vai para o vice-governador, que tem muita coisa para fazer, misturada em outras coisas”, afirma.
Tizumba acredita que é necessário mais investimento no setor, que, ao longo dos anos, perdeu espaço. “Espero que, este ano, a cultura possa ter varinha de condão para Minas Gerais. E a gente volte a ter cultura forte. Fomos perdendo ano após ano e, no último governo, acabou de vez”, diz.
O diretor do Centro de Arte Popular Cemig, Tadeu Bandeira, aprovou a indicação de Paulo Brant. “Como ele atua no campo das artes e foi secretário da Cultura, tem todo o preparo e capacidade para a função.” Tadeu espera que o vice-governador dê continuidade à política de fomento à rede de museus no estado. “Temos uma estrutura montada, que funciona muito bem: a Casa Guimarães Rosa, em Cordisburgo, Casa Alphonsus de Guimaraens, em Mariana, Casa Guignard, em Ouro Preto, e Museu Mineiro, na capital. Esperamos que Paulo dê continuidade ao trabalho feito por Angelo Oswaldo”, afirmou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do governador Romeu Zema, mas, até a conclusão desta edição, não obteve retorno.
“Fiquei surpreso em saber que a secretaria não foi extinta. É uma surpresa boa estar nas mãos do vice-governador. Espero que ele tenha poder político para defender a cultura como ele mesmo disse em encontros públicos, durante a campanha. Brant é nascido em uma família em que a cultura é área muito importante”
. Chico Pelúcio,
diretor-geral do Galpão Cine Horto
“É uma escolha positiva dentro do atual contexto. É bom ter o vice-governador responsável pela pasta da Cultura em Minas Gerais, um cara que tem histórico ligado à cultura, além de ser uma pessoa de trajetória nesse setor – a família Brant tem relação próxima com a cultura. Fico mais tranquilo. A expectativa é positiva”
. Roger Deff,
rapper
“A presença de Paulo Brant na cultura é coisa para ser celebrada como as músicas de seu irmão, Fernando Brant. Paulo é um craque na economia e sabe lidar, como poucos, com o setor cultural; afinal, é a segunda vez que ocupa a pasta”
. Afonso Borges,
produtor cultural
“Segue mais ou menos a intenção do Zema de enxugar tudo e transformar em empresa que possa dar lucro. Paulo Brant já passou por lá e sabemos o que ele não fez. Não é uma secretaria. Não quero ser enganado. A pasta vai para o vice-governador, que tem muita coisa para fazer, misturada em outras coisas”
. Maurício Tizumba,
músico
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“Fiquei surpreso em saber que a secretaria não foi extinta. É uma surpresa boa estar nas mãos do vice-governador. Espero que ele tenha poder político para defender a cultura como ele mesmo disse em encontros públicos, durante a campanha. Brant é nascido em uma família em que a cultura é área muito importante”, afirma o diretor-geral do Galpão Cine Horto, o ator e diretor Chico Pelúcio.
O gestor cultural Afonso Borges também ficou apreensivo com a possibilidade de a pasta ser extinta e comemorou sua continuidade. “Fiquei muito assustado com a notícia de que a Secretaria de Cultura ia acabar”, afirma. Durante a campanha, o rapper Roger Deff, da banda Julgamento, ficou temeroso em relação ao espaço que a cultura teria no novo governo. Como a pasta foi mantida, ele analisou como boa a indicação de Paulo Brant. “É uma escolha positiva dentro do atual contexto. É bom ter o vice-governador responsável pela pasta da cultura em Minas Gerais, um cara que tem histórico ligado à cultura, além de ser uma pessoa de trajetória nesse setor – a família Brant tem relação próxima com a cultura. Fico mais tranquilo. A expectativa é positiva”, afirma.
O setor, no entanto, espera que sejam garantidas verbas no orçamento para execução das políticas públicas. Chico Pelúcio diz esperar que “essa primeira boa notícia se traduza em verba” para o setor. “Eleonora Santa Rosa, que foi secretária, dizia que cultura se faz com verbo e verba”, afirma Chico. No entanto, os artistas sabem que o estado não atravessa um bom momento do ponto de vista econômico e financeiro. “Temos o problema da falta de dinheiro do estado. Não sabemos como vai ser”, diz Roger.
FOMENTO
Artistas, gestores culturais e produtores esperam que o Fundo Estadual de Cultura seja mantido e fortalecido. Para Afonso Borges, é imprescindível que se mantenha a lei de incentivo e o fundo. À frente de um dos mais importantes polos de fomento ao teatro, Chico espera que, como o fundo, todo o sistema estadual de cultura seja mantido e fortalecido. Ele cita que aguarda a continuidade também de programas de fomento como Música Minas, Circula Minas, Prêmio Cena Minas e Filme em Minas.
“São programas que impulsionam muito e impactam muito a cultura de Minas Gerais”, avalia. Outro aspecto apontado como relevante é a manutenção em bom funcionamento de equipamentos como o Palácio das Artes, o Museu Mineiro e o Circuito da Liberdade. “Esperamos o desenho de políticas públicas para a cultura de forma geral. O teatro precisa de iniciativas de continuidade, projetos perenes”, afirma Chico.
A experiência de Paulo Brant, que foi secretário de Cultura no governo Aécio Neves (2008-2010), para liderar a pasta foi destacada. “A presença de Paulo Brant na cultura é coisa para ser celebrada como as músicas de seu irmão, Fernando Brant. Paulo é um craque na economia e sabe lidar, como poucos, com o setor cultural; afinal, é a segunda vez que ocupa a pasta”, diz Afonso Borges.
Afonso Borges defende a cultura como setor econômico que gera recursos para o estado. “A cultura hoje deve ser entendida como economia criativa, que absorve, por meio de eventos e programação, as áreas de turismo, meio ambiente e patrimônio histórico. É a que mais cresce no país, nos últimos anos”, afirma. Ele sugere que seja dado novo rumo à política cultural, promovendo sua aproximação com outras áreas. “A economia criativa da cultura devolve à sociedade, em termos de impostos, negócios e empregos, cerca de 2,64% do PIB, ou seja, R$ 10,5 bilhões de impostos federais diretos, 1 milhão de empregos formais e 9,1% de taxa média anual de crescimento no período 2012/2016, segundo dados oficiais”, diz ele.
Idealizador do projeto Sempre um Papo e do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), Borges espera também que surja um novo caminho para o mercado editorial. “As grandes redes quebraram, e as editoras não sabem o que fazer. É, verdadeiramente, uma encruzilhada.”
NEBULOSO
O multiartista Maurício Tizumba vê com ressalvas a indicação de Paulo Brant. Na avaliação de Tizumba, a existência da Secretaria de Cultura ainda é “algo nebuloso” e o fato de Brant acumular as funções pode indicar o desejo de enxugamento da máquina pública sinalizado por Romeu Zema durante a campanha. “Segue mais ou menos a intenção do Zema de enxugar tudo e transformar em empresa que possa dar lucro. Paulo Brant já passou por lá e sabemos o que ele não fez. Não é uma secretaria. Não quero ser enganado. A pasta vai para o vice-governador, que tem muita coisa para fazer, misturada em outras coisas”, afirma.
Tizumba acredita que é necessário mais investimento no setor, que, ao longo dos anos, perdeu espaço. “Espero que, este ano, a cultura possa ter varinha de condão para Minas Gerais. E a gente volte a ter cultura forte. Fomos perdendo ano após ano e, no último governo, acabou de vez”, diz.
O diretor do Centro de Arte Popular Cemig, Tadeu Bandeira, aprovou a indicação de Paulo Brant. “Como ele atua no campo das artes e foi secretário da Cultura, tem todo o preparo e capacidade para a função.” Tadeu espera que o vice-governador dê continuidade à política de fomento à rede de museus no estado. “Temos uma estrutura montada, que funciona muito bem: a Casa Guimarães Rosa, em Cordisburgo, Casa Alphonsus de Guimaraens, em Mariana, Casa Guignard, em Ouro Preto, e Museu Mineiro, na capital. Esperamos que Paulo dê continuidade ao trabalho feito por Angelo Oswaldo”, afirmou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do governador Romeu Zema, mas, até a conclusão desta edição, não obteve retorno.
“Fiquei surpreso em saber que a secretaria não foi extinta. É uma surpresa boa estar nas mãos do vice-governador. Espero que ele tenha poder político para defender a cultura como ele mesmo disse em encontros públicos, durante a campanha. Brant é nascido em uma família em que a cultura é área muito importante”
. Chico Pelúcio,
diretor-geral do Galpão Cine Horto
“É uma escolha positiva dentro do atual contexto. É bom ter o vice-governador responsável pela pasta da Cultura em Minas Gerais, um cara que tem histórico ligado à cultura, além de ser uma pessoa de trajetória nesse setor – a família Brant tem relação próxima com a cultura. Fico mais tranquilo. A expectativa é positiva”
. Roger Deff,
rapper
“A presença de Paulo Brant na cultura é coisa para ser celebrada como as músicas de seu irmão, Fernando Brant. Paulo é um craque na economia e sabe lidar, como poucos, com o setor cultural; afinal, é a segunda vez que ocupa a pasta”
. Afonso Borges,
produtor cultural
“Segue mais ou menos a intenção do Zema de enxugar tudo e transformar em empresa que possa dar lucro. Paulo Brant já passou por lá e sabemos o que ele não fez. Não é uma secretaria. Não quero ser enganado. A pasta vai para o vice-governador, que tem muita coisa para fazer, misturada em outras coisas”
. Maurício Tizumba,
músico