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Arquiteta, designer, conselheiro de moda e produtores fazem lista mostrando que apesar da crise sobrou criatividade

por Helvécio Carlos 25/12/2018 10:00

2018 foi um ano difícil. As preocupações e um pouco de desesperança acabaram abafando muita coisa legal que rolou em BH. A coluna, que adora uma lista, ouviu cinco pessoas apaixonadas pela cidade sobre projetos e ações que comprovam que crise não é sinônimo de desânimo.

Leandro Couri/EM/D.A Press
Carnaval é uma das principais manifestações de rua da capital mineira (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Filipe Thales
Criador do Rolezinho na Lagoinha


1 – O rolê pelas ruas da Lagoinha é um grande programa. Se quero adquirir, alugar ou simplesmente apreciar móveis antigos, é só ir à Rua Itapecerica. Do Tonhão ao Velho Armazém Itapecerica, viajo pela história de BH por meio daquelas peças.
2 – Se quero mais contato com a Mãe Terra e voltar a atenção para dentro, atravesso o Viaduto Senegal e no quintal do  sô Antônio, todo sábado, a partir das 7h30, eu me alio à natureza com os Hortelões da Lagoinha.
3 – Se quero ambiente mais intimista e bela comida, bato na porta do Miller e me divirto no Armazém nOito, que formou sua brigada da cozinha com usuários do sistema de saúde mental, mostrando que é possível conviver com todos.
4 – O Pomar Lagoinha tem samba da melhor qualidade. Circo, dança e juventude em movimento estão no Galpão da Cultura do Guetto e no Galpão Pátria Livre, ocupação urbana com 20 famílias chefiadas por mulheres que fica na Pedreira Prado Lopes.
5 – Para continuar o rolê em paz e protegido, vou à Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente para tomar um passe e seguir meu caminho.

Rodrigo Cezário
Conselheiro do Estado de Cultura de Minas Gerais dos Segmentos Design e Moda


1 – As novas instalações do Museu Mineiro e a exposição do acervo do estado, proporcionando acesso a importantes obras que há muito tempo não eram expostas.
2 – Jean-Michel Basquiat no CCBB. A exposição reuniu 80 obras do artista, referência da cultura pop mundial, na maior mostra de Basquiat na América Latina.
3 – A gravação do primeiro DVD da cantora Aline Calixto reuniu Beth Carvalho, Mauricio Tizumba e Velha Guarda da Portela em noite inesquecível na Rua Sapucaí.
4 – A grande final nacional do Duelo de MCs, em dezembro, reuniu mais de 10 mil no evento que celebra a cultura hip-hop como plataforma democrática e inclusiva.
5 – O Centro de Referência LGBT da PBH, na Rua Curitiba, oferece gratuitamente atendimento psicossocial, apoio às vítimas de preconceito e violência, cultura, lazer e espaço para reuniões de articulação política de coletivos que reúnem gays, lésbicas, bissexuais e transexuais.

Bruna Viana
Cocriadora do Nossa Grama Verde


1 – O 4º Encontro Nacional de Agroecologia. Em junho, o Parque Municipal se transformou no maior ponto de encontro de culturas tradicionais na cidade. Mais de dois mil agricultores vieram de todos os estados do Brasil.
2 – Casamentaço, com 31 casais LGBTI-Q+, durante cerimônia coletiva no Espaço 104. O evento foi organizado de forma totalmente voluntária e colaborativa
3 – As quatro edições das Cicloexpedições reuniram 300 ciclistas interessados em conhecer o percurso e a história de rios e córregos da cidade.
4 – Em fevereiro, o Calma Clima representou um chamado para caminhar e correr pela cidade. Depois, ele se transformou em corridas semanais, que chegam a reunir mais de 100 pessoas.
5 – No 3º Circuito Urbano de Arte (Cura), quatro murais foram realizados em empenas de prédios no Centro. Foram convidados os artistas Criola, Hyuro, Comum e o grupo de grafiteiros que pintou a torre do Edifício Satélite.

Gustavo Greco
Designer


1 – O movimento do carnaval, que traz junto do glitter (muito glitter) questões políticas de muitas ordens.
2 – O projeto do Novo Mercado Municipal de BH, o Mercado Novo, que dá força para a chegada de novos negócios do ramo da gastronomia e do mercado criativo, respeitando a história e identidade do local.
3 – Movimentos que enxergam além da Avenida do Contorno, como o Viva Lagoinha, que conecta pessoas que sonham com a requalificação da região.
4 – Várias empresas do design mineiro que fizeram bonito na última edição do Brasil Design Award, levando nosso estado para o palco nacional.
5 – O Projeto Fa.vela, que se mantém vivo e forte com capacitação de empreendedores da favela na realização de seus sonhos.

Adriana de Rezende Fonseca
Arquiteta


1 – O Rolê na Lagoinha é bem legal, por oferecer um outro olhar para um dos bairros mais tradicionais de BH.
2 – A Casa Sapucaí tem dois programas legais: o Pedalando pelos muros – de bicicleta, é possível fazer um roteiro por alguns dos painéis mais significativos de BH – e o Travessia gastronômica, redescoberta da culinária mineira em bares e restaurantes muitas vezes desconhecidos.
3 – O Velódromo Raul Soares, com a transformação da Praça Raul Soares em velódromo de rua. Os encontros ocorrem à noite, com a praça fechada.
4 – O carnaval cresceu e mostrou que tem muita força pela frente. A cultura popular é indispensável para o desenvolvimento de uma cidade.
5 – O Breve Festival, no Bairro Olhos D’Água, e o Meca Festival, em Inhotim, têm em comum a marca da diversidade musical, o que é sempre bom para ampliar os horizontes.

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