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Corte nega pedido de Weinstein para retirar acusações de agressão sexual


A justiça americana rejeitou o pedido do produtor de Hollywood Harvey Weinstein para que fossem desconsideradas as acusações de agressão sexual feitas contra ele, informou seu advogado nesta quinta-feira (20).


Em uma audiência perante o juiz do tribunal penal de Manhattan, James Burke, na qual esperava mudar o destino Weinstein, seu advogado, Ban Brafman pediu que tornassem sem efeito as acusações contra o ex-todo poderoso magnata de Hollywood. Mas a corte negou a solicitação.


"Estamos obviamente decepcionados que as acusações não foram retiradas hoje", declarou o advogado do réu, Ben Brafman, após audiência em Manhattan.


Em seus argumentos, Brafman criticou o desempenho da Polícia, especificamente o trabalho de um investigador, que em seu entendimento, "contaminou irreparavelmente" o caso.


"A audiência desta quinta-fira foi técnica (...) Eu continuo pensando que as acusações devem ser retiradas", acrescentou Brafman.


O juiz James Burke marcou uma nova audiência do caso para 7 de março.


Na sala lotada havia cerca de vinte mulheres, membros da organização feminista "Time's Up", criada após o escândalo de Weinstein.


Entre elas estava a atriz Kathy Najimy: "Estou aqui para apoiar minhas irmãs e todas as vítimas (...) Para assegurar que se faça justiça", disse.


Embora uma acusação contra ele tenha sido rejeitada, Weinstein, que foi detido em maio deste ano, ainda enfrenta cinco acusações por estupro em março de 2013 e por ter forçado um ato de sexo oral em 2006.


Caso seja declarado culpado, Weinstein poderá ser condenado a uma pena de prisão perpétua.


O influente produtor de Hollywood foi acusado por mais de 80 mulheres de condutas sexuais inapropriadas, incluindo Angelina Jolie e Ashley Judd. Mas ele insiste que todas as suas relações sexuais foram consensuais e permanece livre após o pagamento de uma fiança de 1 milhão de dólares.


O escândalo, no entanto, acabou com sua carreira e as denúncias contra ele se transformaram nas primeiras de uma série de acusações contra outros homens poderosos de Hollywood, da indústria da mídia e outros setores.


ERROS NA INVESTIGAÇÃO

Após sua prisão e as acusações, as ativistas do movimento #MeToo esperam que este pai de cinco filhos, casado duas vezes, seja julgado, condenado e enviado para a prisão.


Mas Brafman, um dos advogados de defesa mais célebres dos Estados Unidos, conseguiu com que a promotoria desconsiderasse outra acusação por um suposto caso de ato forçado de sexo oral em 2004, apresentado em outubro pela ex-atriz Lucia Evans.


Os investigadores decidiram não dar espaço a este último caso, depois que se tomou conhecimento que um detetive que trabalhou na investigação não tinha revelado o depoimento de testemunhas que contradisseram o relato de Evans.


Uma amiga disse que a ouviu dizer que aceitou voluntariamente fazer sexo oral em Weinstein para conseguir um papel em um filme.


Segundo Brafman, o detetive em questão, Nicholas DiGaudio, cometeu outros erros.


Ele teria dito a outra acusadora, Mimi Haleyi, que afirma que Weinstein a forçou a fazer sexo oral nele em 2006, que eliminasse mensagens de texto que pudessem ser embaraçosos para ela, apesar do conselho dos investigadores que lhe disseram que não o fizesse.


Aparentemente, tampouco foram relevadas à defesa as mensagens afetuosas que Haleyi enviou a Weinstein depois da suposta agressão, que teriam introduzido um fator de dúvida sobre a natureza forçada do encontro.


No entanto, a promotoria quer que o caso continue e rejeita a moção de Brafman de que o processo é irreparável, já que a conduta do detetive só afetou o caso de Evans e DiGaudio foi retirado do caso.


Após o ocorrido, muitos especulam sobre a fragilização dos promotores, os mesmos que foram obrigados a se render no caso de Dominique Strauss-Kahn, ex-chefe do FMI, também defendido por Brafman, em 2011.


HISTÓRIA SÓLIDA


Para Bennett Gershman, professor da Universidade de Pace, foi precisamente para evitar a contaminação de outros casos que os promotores abriram mão a seguir com o caso de Evans.


Para este ex-promotor, a promotoria ainda tem uma história sólida com outras duas acusadoras, independentemente de suas interações com Weinstein após as agressões.


"Foram amáveis com Weinstein. Isto surpreende?", questionou. "Temos um homem extremamente poderoso (...), que literalmente controlava sua reputação e sua carreira".


Agora, espera-se que Brafman busque evitar que a promotoria cite outras mulheres testemunhas que dizem ter sido atacadas sexualmente por Weinstein, mas que não iniciaram ações judiciais.


O testemunho de cinco mulheres que não apresentaram acusações foi decisivo no segundo julgamento, em abril, de Bill Cosby, ex-astro da TV americana, também acusado de repetidas agressões sexuais, mas só julgado por uma delas.


Cosby foi condenado a pelo menos três anos de prisão, na primeira vitória do movimento #MeToo.

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