Pouco antes de conversar com a reportagem do Estado de Minas, Maneco Quinderé – um dos iluminadores mais reconhecidos do país – estava em uma reunião em seu escritório no Rio de Janeiro com o arquiteto mineiro Gustavo Penna. “Estamos trabalhando em um espaço de convenções que será construído em Brasília. É algo para daqui a dois, três anos. Mas a gente já tem que ir pensando lá na frente. Que tipo de luz, de lâmpadas. Já fiz muitos projetos com os mineiros e para os mineiros”, diz.
Entre os trabalhos realizados por Maneco em Minas estão duas óperas no Palácio das artes, espetáculos do Grupo Galpão, como A Rua da Amargura e Pequenos milagres, e o show Tambores de Minas, de Milton Nascimento. O iluminador acaba de ser convidado pelo diretor Dennis Carvalho para fazer a luz de um musical sobre o Clube da Esquina. Os dois já haviam trabalhado juntos em Elis, a musical.
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Chico Buarque encanta o público na estreia da turnê Caravanas; leia a críticaCom Camila Pitanga e Zezé Motta, Milton Nascimento lança clipe de 'Maria Maria'Belo Horizonte recebe o espetáculo 'Elis, a musical', no Palácio das ArtesPríncipe Harry quebra o protocolo e consola criança que também perdeu a mãeO primeiro trabalho solo como profissional foi em 1984, com o espetáculo Galvez, o imperador do Acre, que acabou sendo um grande fracasso. Originalmente, a iluminação seria do mesmo Aurélio di Simoni, que desistiu do projeto. “Acabei assumindo. O elenco tinha Miguel Falabella, Claudia Jimenez, Guilherme Karan. Todo mundo estava começando. Mas a peça não foi bem recebida pelo público e ficou apenas 15 dias em cartaz. Ela tinha quatro horas de duração. Se eu consegui fazer aquilo, daria conta de qualquer coisa”, afirma.
A partir de então, outros trabalhos foram surgindo, sobretudo na iluminação cênica.
Com os grandes nomes da música, fez turnês de Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Lenine e Vanessa da Matta. Na São Paulo Fashion Week iluminou desfiles em diversas edições, inclusive na que terminou na semana passada. Entre as montagens teatrais estão Um dia, no verão, com Renata Sorrah; A dona da história, com Marieta Severo e Andrea Beltrão; Palácio do fim, com Camila Morgado; Pérola, de Mauro Rasi/ Orfeu da Conceição, clássico de Vinicius de Moraes; Toda nudez será castigada, de Nelson Rodrigues; Histeria, com direção de Jô Soares. No carnaval, assinou carros alegóricos e desfiles de escolas de samba como Mangueira e Grande Rio.
PRÊMIOS
Dono de uma coleção de prêmios Moliére (1987 e 1994) e Shell (1994, 1998, 1999, 2005, 2011 e 2014), o iluminador diz achar que o diferencial de seu trabalho é o tipo de diálogo que mantém com o diretor e a equipe técnica.
Maneco Quinderé diz que não consegue definir o seu estilo e observa que já atravessou várias fases profissionais. Ainda assim, avalia que sua marca é reconhecível. “Acho que tem algo que me identifica, mas já fui extremamente colorido, hoje trabalho muito com o branco. Já tive tantas mudanças de olhar. Sempre estou pesquisando. Iluminação é igual medicina. A gente tem que estudar muito, conhecer as novas tecnologias. Quando comecei, nem LED existia.”
A iluminação de residências e outros ambientes, como lojas e restaurantes, acabou sendo uma consequência na carreira de Maneco Quinderé.
Atualmente, ele assina a iluminação do musical O frenético Dancin’ Days, que tem texto de Nelson Motta e Patrícia Andrade e está em cartaz no Rio. É dele também a luz da comédia Minha vida em Marte, com a atriz Mônica Martelli, em turnê pelo país.
Na TV, as experiências de Maneco Quinderé são pontuais e incluem a iluminação de um clipe de Mariah Carey para o Fantástico e a minissérie Hilda Furacão (Globo). “TV é uma coisa em que eu não sou muito ligado. Nesse caso da série, fiz a iluminação de uma cena de cabaré. Não desgostaria de fazer, mas gosto mesmo é de teatro, ópera, de arquitetura.” Para ele, o mais fascinante de sua profissão é o processo criativo. “Adoro criar, desenhar minhas luminárias. Deixar a imaginação rolar e ver toda essa parte, desde a concepção até o projeto pronto. A parte chata é lidar com o dinheiro. A questão criativa é o que me motiva sempre.”
Com um escritório no Rio de Janeiro e outro em São Paulo, Maneco Quinderé chegou a tentar morar na capital paulista, mas não se adaptou. A paixão pela Cidade Maravilhosa acabou falando mais alto. “Sou piauiense, morei também no Ceará, onde até hoje vive minha mãe, mas não me vejo morando em outro lugar sem ser o Rio, mesmo com todos os problemas da cidade. Essa natureza me inspira e fascina. Moro no apartamento 201 e trabalho no 202. É um predinho de três andares no Jardim Botânico. É uma maravilha.”
"Acho que tem algo que me identifica, mas já fui extremamente colorido, hoje trabalho muito com o branco. Já tive tantas mudanças de olhar. Sempre estou pesquisando. Iluminação é igual medicina. A gente tem que estudar muito, conhecer as novas tecnologias. Quando comecei, nem LED existia"
. Maneco Quinderé, iluminador.