Neymar nem era nascido quando o professor de Educação Física e treinador de futsal feminino Luiz Pedro Souza Porto, de 40 anos, começou a completar seu primeiro álbum oficial da Copa da Mundo. O camisa 10 da seleção de 1986, ídolo do então garoto de 9 anos, era Zico.
O acervo de mais de 20 mil cromos foi conquistado por meio de negociações presenciais e tabelinhas de controle desenhadas a papel e caneta. “Minha memória também é muito boa. Sei quase todas as figurinhas que tenho e as que estão faltando de cor. Recorro mesmo ao papel quando tenho que consultar coisas relativas a seleções como Irã e Coreia do Sul, por exemplo, cujas camisas são parecidas” conta o educador.
Sete mundiais e pelo menos três gerações de craques separam o funcionário do Colégio Arnaldo de sua aluna Helena Melo Fonte Bôa, de 11 anos. Entre eles há também um considerável hiato tecnológico. Como típica representante da geração Z (aquela que já nasceu conectada) a garota só lida mesmo com papéis na hora de pregar os autocolantes em seus livretos. Todo o gerenciamento do hobby, que ela cultiva desde os 6 anos de idade, é virtual, feito com o auxílio de aplicativos para smartphone e do whatsapp.
“Uso um aplicativo que oferece a possibilidade de marcar as figurinhas que a gente tem e aquelas a serem adquiridas. Ele então faz as contas e mostra qual a porcentagem do álbum ainda precisa ser completada. No app também dá para compartilhar, direto no WhatsApp, o material que está faltando. Na minha sala de aula, quase todo mundo usa o mesmo app, então facilita muito”, descreve a estudante do 6º ano. “Moderna” também no discurso, ela aponta o que considera um aspecto a ser modernizado no universo do entretenimento atrelado à bola. “Acharia bem interessante se houvesse álbum da Copa do Mundo de Futebol Feminino. Para mostrar a força que a mulher tem, sabe?”, diz a menina, fã número 1 da jogadora Marta, atual atacante do time americano Orlando Pride.
O empresário Dalmo Rodrigues Soares, de 30 anos, coleciona figurinhas desde 1994. - Foto: Jair Amaral/EM
O intervalo geracional com suas inerentes mudanças socioculturais nem de longe gera conflito ou afastamento entre as tribos de Luiz e Helena. Ao menos no colecionismo, elas parecem conviver muito bem. “O meu principal local de troca de figurinhas é no trabalho, com as minhas alunas. O mais bonitinho é que todas elas estão completando álbuns. Daí, depois dos treinos, a gente sempre se reúne para trocar cromos. Elas, com seus telefones e aplicativos, eu com as minhas listinhas feitas à mão. Troco muito também com os pais dos meus alunos. É uma diversão que une todas as idades”, diz o professor Luiz Pedro.
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O intervalo geracional com suas inerentes mudanças socioculturais nem de longe gera conflito ou afastamento entre as tribos de Luiz e Helena. Ao menos no colecionismo, elas parecem conviver muito bem. “O meu principal local de troca de figurinhas é no trabalho, com as minhas alunas. O mais bonitinho é que todas elas estão completando álbuns. Daí, depois dos treinos, a gente sempre se reúne para trocar cromos. Elas, com seus telefones e aplicativos, eu com as minhas listinhas feitas à mão. Troco muito também com os pais dos meus alunos. É uma diversão que une todas as idades”, diz o professor Luiz Pedro.
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Acompanhar os lances rápidos, numerosos e certeiros dos 190 integrantes do grupo de WhatsApp Álbum2018 – Grande BH não é para mentes analógicas ou afeitas à quietude. Com links de adesão espalhados pelo Facebook e outras redes sociais, o “time” virtual mantém movimentação para lá de intensa. Mensagens visando compras e trocas de figurinhas repetidas ou marcação de encontros para negociações presenciais chegam praticamente de minuto em minuto.
A rede de colecionadores high tech, contudo, é bem mais ampla, difusa e organizada do que muita gente talvez imagine. Para se ter uma ideia, apenas os “clubes” administrados pelos paulistas Leandro Machado, Gustavo Passi, e Diego Moreira nas redes sociais somam, segundo eles, perto de 100 mil pessoas. Cinquenta e três mil delas estão concentradas no grupo de Facebook Álbum de Figurinhas da Copa do Mundo 2014/2018 Panini – Trocas e Encontros. “Estamos presentes em todas as redes sociais, incluindo Youtube, Instagram, além de blogs, onde também promovemos sorteios, divulgamos novidades, fotos e pontos de trocas em todas as cidades do Brasil. Gerenciamos ainda grupos de WhatsApp em todas as capitais brasileiras, um para cada localidade. A ideia é levar informações em tempo real sobre coleções de figurinhas para todos”, explica o programador Gustavo Passi, de 28 anos.
Passi é também o idealizador do site Encontro de Figurinhas. Criado em 2014, o espaço reúne cerca de 12 mil acessos diários de interessados em participar de eventos voltados ao universo dos autocolantes.
“Polivalente”, Dalmo Rodrigues Soares, de 30 anos, joga bem entrosado em quase todos esses campos cibernéticos. A coleção de cromos foi iniciada em 1994 e inclui álbuns lançados exclusivamente na Rússia e na Suíça. Uma das trocas mais recentes foi realizada via Instagram. “É uma figurinha de um álbum antigo que o cara está mandando pra mim lá de Natal”, conta o empresário.
O empresário Dalmo Rodrigues Soares, de 30 anos, é do time dos colecionadores 'hightech'. Ele participa de vários grupos de Whatsapp e usa aplicativos - Foto: Jair Amaral/EM
Os aplicativos para smartphone rendem a ele diversas trocas diárias, mas ele gosta mesmo é dos grupos de WhatsApp. “Participo de três. Aqui em BH, eles estão organizados inclusive por bairro. Faço parte da turma do pessoal do Coração Eucarístico (Região Noroeste de BH). A ferramenta me permite marcar um encontro direto com a pessoa que tem as figurinhas nas quais estou interessado. Os encontros coletivos organizados em praças, shoppings e bancas, eu não curto. Tomam muito tempo, daí não tenho paciência”, relata o mineiro, que, pela primeira vez, planeja praticar o desapego de algumas peças de sua coleção para ganhar uns trocados. “Estou para anunciar um dos meus álbuns antigos por R$ 500 na internet. Mas nunca vou vender todos. O ‘bicho’ do colecionismo é traiçoeiro. Uma vez picado por ele, acabou. Quanto mais objetos a gente tem, mais a gente quer. Desfazer do acervo é difícil, viu? Melhor não começar!”, brinca
Trocas presenciais
A rede de colecionadores high tech, contudo, é bem mais ampla, difusa e organizada do que muita gente talvez imagine. Para se ter uma ideia, apenas os “clubes” administrados pelos paulistas Leandro Machado, Gustavo Passi, e Diego Moreira nas redes sociais somam, segundo eles, perto de 100 mil pessoas. Cinquenta e três mil delas estão concentradas no grupo de Facebook Álbum de Figurinhas da Copa do Mundo 2014/2018 Panini – Trocas e Encontros. “Estamos presentes em todas as redes sociais, incluindo Youtube, Instagram, além de blogs, onde também promovemos sorteios, divulgamos novidades, fotos e pontos de trocas em todas as cidades do Brasil. Gerenciamos ainda grupos de WhatsApp em todas as capitais brasileiras, um para cada localidade. A ideia é levar informações em tempo real sobre coleções de figurinhas para todos”, explica o programador Gustavo Passi, de 28 anos.
Passi é também o idealizador do site Encontro de Figurinhas. Criado em 2014, o espaço reúne cerca de 12 mil acessos diários de interessados em participar de eventos voltados ao universo dos autocolantes.
“Polivalente”, Dalmo Rodrigues Soares, de 30 anos, joga bem entrosado em quase todos esses campos cibernéticos. A coleção de cromos foi iniciada em 1994 e inclui álbuns lançados exclusivamente na Rússia e na Suíça. Uma das trocas mais recentes foi realizada via Instagram. “É uma figurinha de um álbum antigo que o cara está mandando pra mim lá de Natal”, conta o empresário.
Os aplicativos para smartphone rendem a ele diversas trocas diárias, mas ele gosta mesmo é dos grupos de WhatsApp. “Participo de três. Aqui em BH, eles estão organizados inclusive por bairro. Faço parte da turma do pessoal do Coração Eucarístico (Região Noroeste de BH). A ferramenta me permite marcar um encontro direto com a pessoa que tem as figurinhas nas quais estou interessado. Os encontros coletivos organizados em praças, shoppings e bancas, eu não curto. Tomam muito tempo, daí não tenho paciência”, relata o mineiro, que, pela primeira vez, planeja praticar o desapego de algumas peças de sua coleção para ganhar uns trocados. “Estou para anunciar um dos meus álbuns antigos por R$ 500 na internet. Mas nunca vou vender todos. O ‘bicho’ do colecionismo é traiçoeiro. Uma vez picado por ele, acabou. Quanto mais objetos a gente tem, mais a gente quer. Desfazer do acervo é difícil, viu? Melhor não começar!”, brinca
#ESCOLHA SEU TIME#
Grupos virtuais
Whatsapp: Álbum 2018 – Grande BH
Facebook: Álbum de Figurinhas da Copa do Mundo 2014/2018 Panini – Trocas e Encontros
Facebook: Álbum de Figurinhas da Copa do Mundo 2014/2018 Panini – Trocas e Encontros
Aplicativos para smartphone
Gratuito. Disponível para o sistema iOS.
Gratuito. Disponível para o sistema Android.
Gratuito. Disponível para os sistemas Android iOS.
Trocas presenciais
De segunda a sexta, das 19h às 20h.
(rua Tupis, 337, Centro), em frente a Leitura sábados, das 13h às 19h, e domingos, das 10 às 16h (exceto feriados)
(rua Castelo Guimarães, 637, Castelo) – de segunda a sexta, das 18h às 20h, e sábado, das 9h às 12h