A cerca de nove meses do próximo carnaval, o bloco Unidos do Samba Queixinho ainda não deu início à produção fantasias, adereços e outras alegorias típicas da festa de Momo, mas quem quiser já pode entrar no barracão. O convite – não necessariamente para uma batucada – é feito pelo idealizador do grupo, Gustavo Caetano. A partir das 19h desta quarta (20), a agremiação carnavalesca promove em sua sede no Bairro Carlos Prates uma roda de conversa. O tema é o futuro da folia belo-horizontina, bem como discussões pertinentes às bandeiras e lutas que marcam a festa na cidade desde o seu reflorescimento, em 2009.
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Borges, que além de “pai” do Mamá na Vaca é historiador e pesquisador da velha-guarda do samba da capital mineira, diz que partilhará com os participantes do encontro suas inquietações quanto à sobrevivência cultural do carnaval belo-horizontino, diante de seu estrondoso crescimento. “O poder público sempre aborda o carnaval sob uma perspectiva econômica, das cifras. E o que percebo é que, com isso, a folia vem ganhando um ar ‘programado’, em que atuam agentes programadores e cerceadores. No ano passado, por exemplo, veio a polícia querer nos dizer o que é e o que não é carnaval. Isso não é papel deles. Há também a pressão comercial que, se a gente deixar, vai acabar engolindo o evento, como aconteceu em outras cidades do interior, que, no passado, assim como nós, faziam uma festa culturalmente viva e hoje estão em declínio. A questão que pretendo colocar na roda então é esta: o formato de carnaval que queremos construir daqui pra frente.”
LIVRO Novo poder – Democracia e tecnologia, publicação de autoria do ativista cultural e comentarista da rádio CBN Alê Youssef, é baseada em sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2017.
Diretor-executivo da Associação Cultural Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo, Yousef ressalta a pertinência das discussões de hoje em BH. “O carnaval é um espaço de resistência política contra esse momento em que o discurso fascista nos ameaça. Ele é mais que uma instituição: é uma grande arma política, é a continuidade do Brasil”, afirma.
RODA DE CONVERSA SOBRE MODELOS DE CARNAVAL DE RUA E DE LUTA
Com lançamento do livro Novo poder – Democracia e tecnologia, de Alê Youssef (Letramento, 152 p., R$ 31,40). Hoje (20), às 19h, no Barracão do Queixinho (Rua Conquista, 254, Carlos Prates). Entrada franca. Mais informações: https://www.facebook.com/pg/sambaqueixinho..