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Estudante leva 200 crianças negras para ver Pantera Negra e é acusada de racismo

O filme Pantera Negra, atual sucesso da Marvel, está causando entusiasmo entre a população negra de diversos países. O sentimento de orgulho causado pela representatividade do longa-metragem fez com que a jovem Vitória Sant'Anna Silva, 22, levasse centenas de crianças negras para ver o filme em um cinema. Para isso, a moradora da comunidade de Princesa Isabel, em Porto Alegre (RS), criou uma campanha no Facebook, disponibilizando uma conta bancária para doações. Dentro de alguns dias, conseguiu dinheiro suficiente para pagar os ingressos de 200 crianças e adolescentes, incluindo pipoca, refrigerante e dois ônibus para transporte. 

"Cheguei a ser acusada de racismo por querer levar apenas crianças negras. A publicação da campanha foi apagada, pois foi muito denunciada. Mas logo depois conseguimos recuperar", explica a jovem em entrevista ao Viver. A sessão organizada pela estudante de pedagogia foi realizada no dia 22 de fevereiro, no cinema de um shopping da capital sulista. Vitória levou crianças - a partir dos 7 anos - de cinco comunidades da cidade: Cabo Rocha, Princesa Isabel, Cruzeiro, Morro da Maria da Conceição e Quilombo do Areal.

"As crianças ficaram muito felizes quando souberam.
Ir ao cinema não é algo comum para grande parte delas, então foi um evento marcante. Tinha até pais e mães que acompanharam os filhos e que nunca tinham ido ao cinema. Fiquei muito feliz", revela. Ela também conta que as crianças gostaram muito de ver um filme composto por um elenco negro - além das cenas de ação e dos efeitos causados pelos óculos 3D.

Representativade - Para Vitória, Pantegra Negra conseguiu naturalizar a imagem do negro no cinema. "O audiovisual tem um poder enorme de passar mensagens, esse no caso traz o negro como protagonista, ele naturaliza isso. Na mídia, geralmente vemos o negro mais deslocado e o filme tem esse papel de trazer o povo africano de forma positiva, bonita e com personagens fortes. Isso é bem importante pois, até mesmo na escola, ainda se estuda a África de forma estereotipada", conta a pedagoga em formação.

Ela considera a presença de um protagonista negro no time de personagens da Marvel importante até mesmo para a autoestima das crianças: "A criança negra cresce assistindo a filmes infantis que não possuem tantos personagens negros, com por exemplo as princesas da Disney.
Então, para os pequenos negros de hoje, ver heróis e heroínas negras é de se causar autoestima. Autoestima é tudo, com isso a criança vai se posicionar melhor, se relacionar melhor e se desenvolver melhor do que aquela que está mais acuada, que se acha menor".

Outras ações e produções - Sant'Anna também participou do projeto Cinetário, que tinha o objetivo de projetar filmes e documentários em comunidades de Porto Alegre. "Conseguimos fazer três exibições, não continuou porque o projetor era emprestado, mas sempre trabalho com cinema nas salas de aula", conta. Atualmente, ela trabalha como instrutora no Centro da Juventude Cruzeiro e costuma exibir dois filmes nacionais - compostos por elencos negros - para seus alunos: Tudo que aprendemos (2015), que se passa na favela de Paraisopólis (SP) e conta com Lázaro Ramos, e Na quebrada (2014), protagonizado por Jorge Dias, filho de Mano Brown (líder do Racionais MC).
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