Uma Thurman, a musa do diretor Quentin Tarantino e próxima a Harvey Weinstein, juntou-se à lista de atrizes que acusam o magnata de Hollywood de assédio, detalhando em uma entrevista sua raiva e desapontamento.
A atriz falou em uma entrevista publicada no sábado (3) pelo New York Times para contar a agressão que sofreu. Os fatos ocorreram após o lançamento de "Pulp Fiction" em 1994. Depois de uma reunião de trabalho em Paris, Harvey Weinstein convidou a atriz para seu quarto e depois para uma sauna de hotel. Uma Thurman encontrou seu produtor em Londres, também em seu quarto de hotel.
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Harvey Weinstein está "atordoado e entristecido", assegurou seu advogado Ben Brafman em um comunicado, acrescentando que as declarações de Uma Thurman ao New York Times "serão examinadas e verificadas cuidadosamente antes que se decida se um procedimento legal contra ela é apropriado". De acordo com sua amiga Ilona Herman, que a acompanhava, Uma Thurman borbulhava de raiva quando deixou Harvey Weinstein depois da discussão naquele dia. O produtor ameaçou pôr em perigo sua carreira. "Eu me sinto tão mal por todas as mulheres atacadas depois de mim", afirmou a atriz, de 47 anos, na entrevista, comparando essas vítimas a "cordeiros entrando no matadouro".
"Uma Thurman conhece nossa indústria há 30 anos. Tenho muito respeito por ela, ela é uma guerreira", comentou a atriz Jessica Chastain, enquanto Reese Witherspoon falou de um testemunho "profundamente chocante".
Dois dos maiores sucessos de Uma Thurman, "Pulp Fiction" e "Kill Bill", foram dirigidos por Tarantino e produzidos por Weinstein, enquanto a dupla era uma das mais poderosas em Hollywood na época. Uma Thurman contou a agressão que sofreu para Tarantino, que não a levou a sério. "Ele colocou a história de lado e disse a si mesmo: 'Oh, pobre Harvey, tenta ter garotas que não pode ter'". Foi apenas em 2001, quando ela insistiu, perturbada pela presença de Weinstein durante o Festival de Cinema de Cannes, que o cineasta percebeu a gravidade dos fatos contra seu produtor. "Ele entendeu, falou com Harvey". O fundador da Miramax então se desculpou com a atriz. "Seu olhar mudou, a agressividade se transformou em vergonha". As ações de Tarantino durante a filmagem de "Kill Bill: Vol.2" (2004) também foram denunciadas por Uma Thurman, que descreve um comportamento violento, à beira do sadismo.
A atriz não queria dirigir um carro antigo em uma famosa cena onde encontraria Bill, já que um membro da equipe de filmagem havia alertado sobre o mau estado do veículo. Recusando usar uma dublê, o diretor forçou a estrela a dirigir o carro a toda velocidade. Uma Thurman sofreu um acidente, chegando a pensar que havia perdido o movimento das pernas. Até hoje, ela diz que ainda sente dores no pescoço e nos joelhos. "Tivemos uma briga feia, eu o acusei de tentar me matar". O diretor vencedor de vários prêmios Oscar explicou em outubro que sabia há anos sobre as ações de Harvey Weinstein, agora acusado de assédio sexual, agressão e estupro por uma centena de mulheres. "Eu sabia o suficiente para agir mais do que fiz", reconheceu.