As altas temperaturas dão o termômetro da cena artística de Belo Horizonte neste início de ano. A mais quente das estações marca o início do Verão Arte Contemporânea (VAC), realizado pelo grupo cultural Oficcina Multimédia. Durante 29 dias, o evento oferecerá opções de teatro, dança, artes visuais, gastronomia, arquitetura, cinema, literatura, música e moda.
Trinta atrações ficarão em cartaz em 11 espaços da capital e dois de Ibirité e Contagem. Também serão promovidas discussões sobre cultura, a cargo do Movimento de Arte e Reflexão Política (Marp).
“Queremos discutir a cena política e cultural do Brasil. Convidamos artistas e pensadores para debater o momento atual das artes e para onde caminhamos”, afirma Jonnatha Horta Fortes, um dos idealizadores do VAC. A abertura está marcada para domingo (7), às 19h, no Grande Teatro do Sesc Palladium. A Orquestra Atípica de Lhamas vai se apresentar com Maria Alcina e a Cia. Café com Dança.
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Campanha de Popularização do Teatro & Dança chega à sua 44ª ediçãoGisberta, peça dedicada à brasileira cruelmente assassinada em Portugal, chega a BHEm 2018, grandes nomes da MPB vão sair em turnê ou lançar álbumAs melhores de 2017: DJs de BH listam músicas que fizeram sucesso nas pistasEm suas últimas edições, o VAC recebeu cerca de 40 mil pessoas nos meses de janeiro e fevereiro, período de férias.
ESPÍRITO Com quase cinco décadas de carreira, Maria Alcina promete repertório com canções de Caetano Veloso gravadas em Espírito de tudo, seu novo disco. A cantora conta que iniciou um novo ciclo ao interpretar a obra do baiano. Mamãe coragem, aliás, foi um dos primeiros sucessos dela ao ganhar visibilidade nacional, no fim dos anos 1970.
“Ao gravar Caetano, 45 anos depois, estou cumprindo a trajetória sonhada. Ainda menina, lá em Cataguases, já sonhava em ser cantora, mas não podia imaginar o caminho que trilhei”, diz Maria Alcina, que passou o Natal e o réveillon em sua cidade natal, na Zona da Mata mineira. A artista está feliz com o convite de apresentar seu novo projeto aos belo-horizontinos.
Em 1972, ela estourou no país com a interpretação vigorosa de Fio maravilha, canção de Jorge Benjor, que lhe deu a vitória na etapa brasileira do Festival Internacional da Canção, no Maracanãzinho. Depois, chamou a atenção com releituras de sucessos de Carmen Miranda – entre eles, Alô alô (André Filho).
Ao comentar sua trajetória, Maria Alcina admite: “Tem hora em que até eu mesma me assusto. Parece que passa um filme em minha cabeça.” Destacando a proximidade de seu trabalho com a Tropicália, ela promete surpresas para a plateia do VAC.
RAP Outra atração musical será a banda Julgamento, que vai lançar o disco Boa noite!, em 26 de janeiro, no Teatro Francisco Nunes. “O nome do álbum se refere a várias coisas. Por exemplo: ao ‘boa noite’ dos telejornais, que criam outra realidade. Ao final de tanto barulho, de tantas notícias negativas, como se pode dar boa noite?”, questiona o rapper Roger Deff.
O disco é uma resposta ao atual momento político do Brasil. Traz participações especiais de BNegão, Shabê, Dokktor Bhu, Tamara Franklin e Monge. “As letras falam do golpe. São narrativas que dizem respeito a este momento que estamos vivendo”, diz Roger.
Na faixa Vale o que tem?, a banda discute a valorização das pessoas a partir da conta bancária e do cartão de crédito. A música é uma resposta a casos que repercutiram na mídia, como a ação de alunos de uma escola particular que se fantasiaram de empregada doméstica e lixeiro, tratando essas profissões de forma pejorativa.
Roger Deff considera o Verão Arte Contemporânea um espaço importante para artistas que se dedicam a trabalhos autorais e independentes.
DIVERSIDADE O artista plástico Randolpho Lamonier participou das primeiras edições do VAC. “É muito legal a forma como a Oficcina Multimedia procura mesclar as linguagens e as cenas. É um projeto que dá conta da diversidade. Ele não aposta em uma única expressão artística, que tem uma única abordagem. Ao contrário, mistura linguagens com muita firmeza”, diz.
O VAC pediu a Lamonier um trabalho de videoarte sobre o artista paraense Eder Oliveira, convidado para o Projeto Parede, no Sesc Palladium. Eder critica a apropriação da imagem do homem amazônico nas fotos de jornais.
A parceria com o projeto Palco Hip-Hop Danças Urbanas possibilitará a expansão do VAC para outras cidades. Ibirité e Contagem participarão do festival.
Outro destaque será o concerto para três bandoneons com Rufo Herrera, marcado para 25 de janeiro, no Memorial Minas Gerais Vale. Outro recital reunirá as jovens compositoras Marina Cyrino, Nathália Fragoso, Patrícia Bizzotto e Thais Montanari.
GASTRONOMIA Uma novidade do VAC 2018 será o Jantar Secreto, evento do Projeto Gororoba, com curadoria de Carlos Normando. O cardápio será mantido em segredo até o momento da degustação.
Jonnatha Fortes lembra que 2017 foi um ano muito difícil para as artes.
VAC
De 7 de janeiro a 4 de fevereiro. Programação completa:www.veraoarte.com.br
EM CARTAZ
MARIA ALCINA, ORQUESTRA ATÍPICA DE LHAMAS E CIA. CAFÉ COM DANÇA
Música. Domingo, 7 de janeiro, às 19h. Grande Teatro do Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. R$ 2.
PROJETO PAREDE
Artes visuais. Com Eder Oliveira. De 9 a 14 de janeiro.
JANTAR SECRETO
Gastronomia. Dia 10 de janeiro, às 19h. Centro de Referência da Juventude. Rua Guiacurus, 50, Centro. (31) 3277-4356. Entrada franca
CONCERTO 4:44
Música. Com Marina Cyrino, Nathalia Fragoso, Patrícia Bizzotto e Thais Montanari. Dias 10 e 11 de janeiro, às 19h. CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários. (31) 3431-9400. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
GRUPO DE PERCUSSÃO DA UFMG
Homenagem ao percussionista Esdra “Neném” Ferreira. Dia 11 de janeiro, às 20h. CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários. (31) 3431-9400. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
OS INDICADOS
Teatro. Com Planos Incríveis Plataforma de Criação Artística. De 11 a 14 de janeiro, às 19h. Teatro Marília. Avenida Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia. (31) 3277-4697. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
O NEGRO CONTA
Artes cênicas. Com Evandro Passos e Aruana Zamby. Dias 12 e 13 de janeiro, às 19h. CCBB. Praça da Liberdade, 450. (31) 3431-9400. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
MODA X-TUDO
Roupas e adereços. Dia 13 de janeiro, a partir das 14h. Centro de Referência da Juventude. Rua Guiacurus, 50, Centro. (31) 3277-4356. Entrada franca
SUAVE COISA NENHUMA
Teatro. Com Este Coletivo. De 17 a 20 de janeiro, às 19h. CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
MOVIMENTO DE ARTE E REFLEXÃO POLÍTICA (MARP)
Debate sobre a arte no Brasil. Com Jacyntho Lins Brandão, professor de literatura; João Paulo Cunha, jornalista; Nivea Sabino, poeta e slammer; Francisco César, músico; e Nilceia Moraleida, professora da UFMG. Dia 18 de janeiro, às 20h. CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários. Entrada franca
ALEXANDRE ANDRÉS E RAFAEL MARTINI
Lançamento do disco Haru. Dia 24 de janeiro, às 20h. CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
RUFO HERRERA E CONVIDADOS
Recital com os bandeonistas Rufo Herrera, Otto Hanriot e Francisco Cesar. Convidada especial: Isabella Santos (soprano). Dia 25 de janeiro, às 20h. Memorial Minas Gerais Vale. Praça da Liberdade, Funcionários. Entrada franca
BANDA JULGAMENTO
Lançamento do disco Boa noite. Dia 26 de janeiro, às 20h. Teatro Francisco Nunes. Avenida Afonso Pena, 1.377, Centro. Entrada franca
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