Arábia, filme de Affonso Uchoa e João Dumans, saiu consagrado do Festival de Cinema de Brasília. O romancista Silviano Santiago e a educadora Magda Soares ganharam o 59º Prêmio Jabuti nas categorias ficção e não ficção/livro do ano. E, em dezembro, a belo-horizontina Samantha Ayara venceu o reality musical The Voice Brasil.
MAIO
» Artes Visuais
CINTHIA MARCELLE
Cinthia Marcelle (foto), artista mineira radicada em São Paulo, representou o Brasil na 57ª Bienal de Veneza, a mais antiga exibição de arte do mundo. A instalação Chão de caça ocupou todo o pavilhão brasileiro (duas salas e um corredor), construído em 1964.O trabalho é composto por um piso gradeado típico de metrô, um conjunto de esculturas e um vídeo feito em parceria com o cineasta Tiago Mata Machado. O filme, Nau, reúne homens destelhando um prédio para alcançar a liberdade. A encenação sugere presidiários em rebelião ou a cena de um naufrágio.
AGOSTO
»Dança
GRUPO CORPO
Os ritos da umbanda serviram de inspiração para Gira (foto), espetáculo do Grupo Corpo que estreou no início do segundo semestre. A montagem marcou o encontro do coreógrafo Rodrigo Pederneiras com os terreiros das tradições afro-brasileiras.Há algum tempo não se via tamanha louvação em torno de um espetáculo da companhia mineira, que já soma 42 anos de história. Bailarinos e bailarinas com um figurino único – saias brancas – encontraram-se num quadrado negro, muito iluminado, que emulou a gira, o espaço e o momento em que as entidades “descem” para que as pessoas se elevem.A figura de Exu guia toda a coreografia. A sugestão do tema veio do Metá Metá, grupo que trabalha com a música afro-brasileira e criou a trilha sonora. Com críticas mais do que positivas, o Corpo, com Gira, conseguiu um fato inédito em sua carreira. Tradicionalmente estreando em São Paulo, a companhia, pela primeira vez, teve que fazer duas sessões extras na capital paulista. Quando a montagem veio a BH, em setembro, a repercussão foi a mesma.Passado o réveillon, a companhia já volta a trabalhar. Embarca para os EUA, onde faz turnê com o programa de 2015 (Suíte branca e Dança sinfônica). No Brasil, Gira voltará a ser apresentado no segundo semestre.
SETEMBRO
» Cinema
ARÁBIA
Longa-metragem de Affonso Uchoa e João Dumans, Arábia foi exibido no dia 23, durante o encerramento das competitivas do Festival de Cinema de Brasília.
NOVEMBRO
» Literatura
SILVIANO SANTIAGO
Com 81 anos de vida e pelo menos 60 dedicados à escrita, o ensaísta, poeta, professor, contista e romancista Silviano Santiago (foto) colecionou prêmios importantes, como o Governo de Minas Gerais de Literatura (2010), Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (2013), e Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa (2015). E foi Machado de Assis (1839-1908) quem lhe deu a mais importante premiação de sua carreira. O romance Machado (Cia. das Letras, 2016)
venceu o 59º Prêmio Jabuti. Eleita livro do ano de ficção, a obra aborda os três últimos anos do autor de Dom Casmurro. Santiago traça um paralelo entre as crises nervosas e a criação literária do escritor por meio de conversas dele com Mário de Alencar, filho de José de Alencar. Nascido em Formiga e radicado no Rio de Janeiro desde a década de 1970, Santiago, um dos maiores críticos literários do país, foi também homenageado este ano pelo Suplemento
Literário de Minas Gerais. Ainda sobre o Jabuti, vale lembrar: houve uma dobradinha mineira entre os vencedores. Na categoria livro do ano de não ficção, ganhou a educadora belo-horizontina Magda Soares por Alfabetização: a questão dos métodos (Contexto).
DEZEMBRO
» Música
SAMANTHA AYARA
Para Samantha Ayara (foto), de 20 anos, 2017 teve dois momentos bem distintos. Até setembro, a moradora do Vale do Jatobá, no Barreiro, dedicava-se a terminar o ensino médio e às aulas de dança do ventre e ioga. Quando chegou setembro, seu cotidiano mudou radicalmente. Todas as quartas-feiras, ela ia ao Rio de Janeiro participar de mais uma etapa do The Voice Brasil.Sem qualquer educação musical, Samantha canta por intuição. Sua preferência é música pop. Veio a final, no dia 21, e a mineira ganhou. Uma semana mais tarde, ela, que levou R$ 500 mil e um contrato com a Universal Music, diz: “A ficha ainda não caiu”. “Estou assustada com o que está acontecendo, pois não tinha noção da responsabilidade. E a história não acabou, agora é que ela começa”, conta Samantha, que em janeiro vai se reunir com a gravadora para começar a definir sua carreira.Até o reality, ela só havia cantado em público no templo da Assembleia de Deus que frequentou com a família até o ano passado. “Graças a Deus, sou muito pé no chão. Família e carreira são minha prioridade agora”, diz.Com parte dos R$ 500 mil, Samantha pretende ajudar a família (a mãe é costureira, o pai trabalha num serviço de troca de óleo). “O dinheiro não paga o que recebo deles, mas quero melhorar as coisas em casa”, revela.
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