Após escândalo de Weinstein, novos relatos de assédio se espalham

Artistas como Laurie Anderson e Cindy Sherman se uniram a mais de 7 mil mulheres para denunciar abuso no universo profissional

por AFP 01/11/2017 08:59
TIMOTHY A. CLARY/afp
Knight Landerman, editor da revista ArtForum, foi acusado de abuso (foto: TIMOTHY A. CLARY/afp)
Desde que teve início a campanha #MeToo (#Eu Também), milhares de mulheres vieram a público relatar experiências pessoais sobre assédio sexual sofridas nas mais diferentes esferas. O mundo da arte está passando a limpo as denúncias, que atingiram altas esferas da política, do meio cinematográfico e, agora, começa a produzir expurgos com consequências ainda não mensuráveis.

Esta semana, grandes artistas se uniram a mais de 7 mil mulheres para denunciar o assédio sexual no universo profissional da arte. Cindy Sherman, Laurie Anderson, Jenny Holzer, Lynn Nottage e mais 150 mulheres assinaram uma carta de protesto. “Somos artistas, administradoras, assistentes, curadoras, críticas de arte, diretoras, editoras, estudantes, pesquisadoras e universitárias que trabalham no mundo da arte contemporânea e fomos vítimas de assédio, rebaixadas, infantilizadas, depreciadas, ameaçadas e intimidadas por aquelas e aqueles em posição de poder.”

A iniciativa começou em um grupo de discussão de mulheres e se ampliou rapidamente no mundo, após a renúncia – na semana passada – de Knight Landesman, diretor da revista ArtForum, uma das mais influentes no mundo da arte. Landesman é acusado de assédio sexual em uma ação apresentada em Nova York por uma ex-funcionária da ArtForum, Amanda Schmitt, que também cita assédio do diretor contra outras oito pessoas.

O escândalo teve início com denúncias envolvendo o produtor de cinema Harvey Weinstein, acusado por dezenas de mulheres por estupro e agressões sexuais. O caso deu início a uma avalanche de denúncias e à campanha #MeToo. Esta semana, o Sindicato dos Produtores Cinematográficos dos Estados Unidos expulsou Weinstein, afirmando que o assédio sexual não será mais tolerado na organização. A decisão é anunciada quatro semanas após o escândalo deflagrado pelo jornal The New York Times e a revista The New Yorker com denúncias de assédio sexual contra mais de 60 mulheres, incluindo as atrizes Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Mira Sorvino.

O sindicato informou que a decisão “sem precedentes” de expulsá-lo definitivamente foi unânime e “é um reflexo da seriedade com a qual o sindicato recebe as numerosas denúncias de décadas de má conduta do senhor Weinstein”. As denúncias contra o produtor continuam surgindo. Esta semana, o The New York Times revelou que Hope Exiner d’Amore acusou Weinstein de estuprá-la em um hotel na década de 1970, e citou outro caso, o de Cynthia Burr, forçada a fazer sexo oral em um corredor. Uma terceira denúncia veio de Ashley Matthau, uma dançarina que atuou em filmes de Weinstein e afirma que foi jogada em uma cama pelo produtor em 2004, que se masturbou sobre ela.

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