O “professor aloprado” ensinou gente do mundo inteiro a fazer comédia. Não poderia ser diferente no Brasil, onde Jerry Lewis, que morreu neste domingo (20), em Las Vegas, aos 91 anos, influenciou várias gerações de artistas. A começar por Leandro Hassum, de 43 anos, e Marcius Melhem, de 45, com quem ele contracenou no filme Até que a sorte nos separe 2, lançado em dezembro de 2013 e dirigido por Roberto Santucci.
Lewis fez o papel de um funcionário de hotel, homenagem a seu clássico O mensageiro trapalhão (1960). Na época do lançamento do longa, o produtor Fabiano Gullane contou que o veterano, na primeira reunião para discutir o projeto, sacou de sua pastinha um nariz palhaço e um baralho daqueles usados por mágicos. Os “pupilos” brasileiros quase morreram de emoção quando o “Rei da Comédia” aceitou o convite.
“Foi o dia mais importante da minha carreira”, resumiu Leandro Hassum, no vídeo de divulgação do longa, referindo-se às cenas que rodaram juntos. “O que ele fazia com Dean Martin influenciou muito o que eu e Leandro Hassum fizemos”, declarou Melhem, na época, ao jornal Folha de S. Paulo. “Foi um dos dias mais nervosos da minha vida. Nem quando as minhas filhas nasceram fiquei tão nervoso”, contou Melhem, ao descrever a convivência com Lewis no set.
Com cenas no Rio de Janeiro e em Las Vegas (EUA), Até que a sorte 2 foi o antepenúltimo filme de Lewis, então com 87 anos. No vídeo promocional, ele falou de seu amor pelo personagem – divertido tanto em 1960 quanto meio século depois. “Meu trabalho é diversão”, contou o veterano. E emendou: “Aos 87 anos, você não faz grandes filmes, você vive”.
TATUAGEM No domingo, fãs brasileiros se despediram do ídolo e mestre. “Hoje mesmo cedo postei um vídeo do Chico Anysio, meu grande mestre, e agora soube que o Jerry, que é sem dúvida um dos maiores comediantes do planeta, acabou de fazer a passagem... Estou muito triste. Tive a honra de trabalhar com ele, tenho no meu braço um autógrafo que ele deu para mim, então aqui ele está eternizado”, comentou Hassum, referindo-se a uma tatuagem. “A gente perdeu o Paulo Silvino e agora o Jerry Lewis”, lamentou.
“Foi uma grande referência para todos nós, comediantes. O humor dele era aquele humor alegre”, escreveu Claudia Jimenez nas redes sociais. “Noventa e um anos de alegria! Mais uma gigantesca referência do meu trabalho que se vai”, lamentou o ator Mateus Solano no Twitter. “Jerry Lewis se vai e com ele um pedaço da minha infância”, postou o ator Bruno Mazzeo, filho de Chico Anysio, no Twitter. “Um ídolo da minha juventude, o último gênio da comédia”, disse o novelista Aguinaldo Silva. “Trump tem. Jerry Lewis, que é bom, não tem mais”, lamentou o cinéfilo, jornalista e escritor Sérgio Augusto.
Músicos revelaram seu carinho pelo ídolo de infância. “Quando alguém vive seu ciclo de vida com tantas realizações, alegrando a tantas gerações, meu sentimento não é de lamento e sim de celebrar uma vida bem vivida”, afirmou Marco Túlio Lara, da banda mineira Jota Quest. No Instagram, o apresentador e metaleiro João Gordo exibiu o autógrafo do ídolo, que assinou o nome sobre a imagem do “Professor aloprado”. Embaixo, João postou apenas uma palavra: “Buaaaaaa”.