Adriani, um dos ídolos da Jovem Guarda no anos 1960, estava internado no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, para se tratar de um câncer. A morte foi anunciada pela família em um dos perfis do cantor no Facebook. “A família de Jerry Adriani tem o doloroso dever de comunicar aos seus amigos o seu falecimento. Agradecemos a todos pelo enorme carinho”, diz o post publicado.
Desde o início de março, o cantor vinha relatando, por meio das redes sociais, seus problemas de saúde. Ele foi internado logo após o carnaval. Em 4 de março, publicou um vídeo em que afirmou ter sentido “problemas físicos” no fim do período carnavalesco. Por isso, consultou seu médico e foi orientado a se internar. Submetido a uma pequena intervenção, que não detalhou, o cantor disse que a situação estava sob controle.
Após a primeira internação, ainda em março, o diagnóstico era de trombose nas pernas. Em 14 de março, Adriani voltou a se manifestar no Facebook, desta vez por um texto: “Como muitos sabem, fui surpreendido por problemas de saúde que me levaram a uma internação e à constatação de que havia passado por uma trombose profunda que acabou provocando embolia pulmonar”, dizia o post. Na ocasião, Adriani teve que cancelar shows, o que também anunciou em seu Facebook.
O cantor voltaria a ser internado no último dia 7. No dia 10, publicou uma nota em suas redes sociais anunciando que estava com câncer, sem mais detalhes
Após o anúncio da morte, os perfis de Adriani no Facebook receberam várias manifestações de pesar, de fãs e músicos. O guitarrista Rick Ferreira, que integrou bandas de Raul Seixas e Erasmo Carlos, publicou uma foto ao lado de Adriani em 2001, em Liverpool, na Inglaterra, em que os dois se apresentavam durante a “Beatle Week”.
O sangue rock and roll de Jerry Adriani possuía um comprometimento maior com a gênese do estilo do que algumas de suas próprias canções demonstraram. Reconhecê-lo por apenas Doce doce amor ou Tarde demais é conhecê-lo pela metade, reduzir sua importância.
Jerry não sofria por fazer o jogo do mercado. Era bonito, tinha charme e tinha voz. Uma tríade que nem Roberto, Erasmo ou Wanderléa conseguiam reunir individualmente. E lá se foi o garoto nascido no Brás, com uma banda de rock no currículo chamada Os Rebeldes, se meter a cantar como galã italiano. Italianíssimo, o disco, fez sua estreia em 1964, ajudando a regar a terra na qual nasceria a Jovem Guarda.
O ano em que a juventude brasileira foi descoberta, 1965, foi também o que confirmou Jerry como um quadro viável no novo mundo da música pop. Gravando agora em português, Um grande amor faria sua estreia como ídolo de massa, preparando-o ainda mais para 1967, quando sairia um de seus discos mais vitoriosos, Vivendo sem você.
Jerry Alves de Sousa foi o homem que descobriu Raul Seixas na Bahia, selando seu faro e sua determinação
Jerry se foi no ano em que passaria todas as suas histórias a limpo. Ajudado pelo amigo, o pesquisador Marcelo Fróes, ele previa uma biografia de muitos causos e o lançamento de um disco cantando músicas de Raul. A bio será lançada por Fróes, que já colheu os depoimentos de Jerry. O disco, que teria 22 músicas feitas por Raulzito, não chegou a ser gravado.