Uai Entretenimento

Dois museus de história natural, um jardim botânico e zoológico promovem experiências lúdicas em BH

Na PUC Minas, os frequentadores têm oportunidade de participar de escavações na areia, construir réplicas de fósseis com gesso

Ana Clara Brant
Exposição de paleontologia no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
“Mamãe, esses bichos existiram mesmo?”, questiona uma curiosa garotinha ao se deparar com o fóssil de um dinossauro no Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas). Esses animais não só existiram como viveram há milhões de anos em Minas Gerais e outras regiões do Brasil e do mundo. No próprio câmpus da universidade, no Coração Eucarístico, é possível fazer viajar no tempo e conhecer mais sobre estes seres que dominaram a Terra na Era Mesozóica através da coleção de paleontologia, ciência que estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, a partir dos seus fósseis.

Belo Horizonte, porém, abriga outro espaço com importante acervo sobre o tema: o Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no Santa Inês. “É um dos nossos principais atrativos. As crianças, principalmente, adoram e ficam encantadas com os dinossauros”, revela a bióloga Flávia Santos Faria, vice-diretora do museu da UFMG.

Na PUC, os frequentadores têm oportunidade de participar de escavações na areia, construir réplicas de fósseis com gesso, fazer trilhas na mata, explorar a réplica de uma caverna e conhecer como foram as primeiras explorações nas grutas mineiras do século 19 na mostra sobre o pesquisador dinamarquês Peter Lund (1801-1880). “Os dinossauros realmente causam um certo frisson, mas aqui tem outros atrativos: exemplares de coleções de plantas, animais invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. O público pode conhecer também o ambiente e o hábitat em que os animais vivem. É um passeio que une diversão e aprendizado”, destaca Bonifácio José Teixeira professor e coordenador do museu.

Um dos destaques do museu da PUC é uma figura querida pelos belo-horizontinos, o gorila Idi Amim (1975-2012) que, após sua morte, foi empalhado – processo conhecido por taxidermia –, e está exposto no terceiro andar. Os funcionários brincam que, de vez em quando, o gorila pisca de tanto que parece estar vivo. O elefante Joca, que viveu no zoológico de Belo Horizonte, tem seu esqueleto montado e exposto. Ele morreu em outubro de 1995 com apenas 23 anos
. Com a companheira Beré, ainda viva, ele teve dois filhotes: Axé e Chocolate. “O Idi Amim é um patrimônio da nossa cidade e as pessoas ficam até emocionadas em revê-lo. O museu é um programa para toda família. Em breve, vamos ter um novo planetário que será bem maior do que este que temos, além do projeto de uma mostra sobre a evolução humana que será algo único no estado”, revela o professor.

O museu da UFMG também tem projetos de expansão. O diretor da instituição, Antônio Gilberto Costa, destaca que está previsto para o próximo ano uma exposição que vai contar 12 mil anos de arqueologia em Minas Gerais. “Aqui mesmo na região onde fica o museu e o jardim botânico foram encontrados materiais arqueológicos. Isso prova que BH começou muito antes do Curral del Rey. A maior parte do nosso acervo é de arqueologia”, explica.

O MHNJB está instalado em uma área com aproximadamente 600 mil metros quadrados, o equivalente a 60 campos de futebol, com vegetação diversificada e típica da mata atlântica, que reúne, além das nativas, espécies exóticas. No horto, há uma lagoa, um viveiro de mudas e um bosque que abriga tucanos, cutias, micos e macacos que fazem a alegria dos visitantes. “Esse lugar é um oásis no meio de Belo Horizonte
. Um paraíso. Quem visita busca um refúgio, mas também conhecimento e cultura. Particularmente, acredito muito na transformação através de ações educativas e na possibilidade de criar um pertencimento com a natureza”, destaca a vice-diretora Flávia Faria.

Além de um acervo de paleontologia e arqueologia, o museu exibe coleções das áreas de geologia, botânica, zoologia, cartografia histórica, etnografia, arte popular e documentação bibliográfica e arquivística. “A cidade não tem muita noção do que esse lugar representa. Quem mora no entorno até sabe que existe, mas, às vezes, não tem ideia das potencialidades daqui. E tem gente que nem imagina que esse espaço é um museu. Sabem da mata, do jardim botânico e do Presépio do Pipiripau, que sempre foi um chamariz, mas desconhecem que temos esse acervo tão rico e seja um museu de história natural”, observa Antônio Gilberto.

O espaço mantém o projeto permanente Lua cheia no museu, realizado de abril a setembro, na semana da lua crescente, sempre às sextas e aos sábados. Além de uma caminhada, os participantes têm a oportunidade de ver o céu estrelado, saber mais sobre alguns animais noturnos e participar de uma roda de contação de histórias.

Flávia explica que, por ser uma instituição pública, algumas vezes, o MHNJB sofre com falta de recursos. “Era para esse lugar ser uma espécie de Inhotim. Porém bem mais perto, no quintal de casa. Potencial para isso ele tem.”

Mais famoso entre a população da capital, a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB), ou apenas Jardim Zoológico, na Pampulha, atrai centenas de crianças e adultos a cada semana. Humberto Mello, gerente do Serviço de Educação Ambiental da FZB, explica que o local abriga cerca de 3 mil animais, entre aves, répteis, mamíferos, anfíbios e peixes, totalizando 250 espécies de diferentes partes do planeta. “Não é só ver o bicho, mas é possível saber um pouco mais sobre ele, seu cotidiano, de onde ele vem. Isso agrega conhecimento ao passeio”, acrescenta Humberto, destacando as ações educativas.

Entre os animais que mais fazem sucesso estão os de grande porte, como os elefantes, hipopótamos, mas também os felinos e as serpentes. Pelo comportamento e semelhança com os humanos, os primatas despertam curiosidade, especialmente a família de gorilas, que, em breve, vai ganhar mais um membro, já que uma das fêmeas está grávida. “Na infância, as pessoas têm contato com cachorro, gato, passarinho e esse amor pela natureza se mantém na maioria dos casos. Quem vem ao zoo está sempre com um olhar de novidade, mesmo que já tenha estado aqui. É importante destacar que, embora há quem ache que o zoológico é um lugar que maltrata os animais, isso é exceção. O nosso trabalho educativo enfatiza essa questão. Temos parceria com instituições estrangeiras para preservar e proteger os animais porque essa é a real função de um zoo”, salienta.

Alessandra Melo e o filho Felipe alimentam os peixes em exibição no Acquamarine, no Anchieta - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Mergulho na diversidade

Você não precisa mergulhar num oceano para ficar frente a frente com um tubarão ou uma estrela-do-mar. Funcionando há 35 anos como loja e há 13 como aquário para visitação, o Acquamarine, no Anchieta, tem como principal atrativo a exposição No mundo das águas, que exibe mais de 120 espécies. São tubarões, moreias, tartarugas, águas-vivas, estrelas-do-mar, corais, conchas, peixes dos mais diversos e até peças de naufrágios. Este verdadeiro paraíso subaquático agrada à garotada, mas também surpreende os adultos. “Muita gente que vinha aqui para comprar sugeria que a gente fizesse um aquário. Muitos desses animais só são possíveis de ser vistos in loco. Aqui em BH, você não encontra um cavalo-marinho ou um tubarão filhote em exposição. Somos cadastrados como zoológico. Temos espécies de vários cantos do mundo e algumas delas são para fins didáticos e científicos”, explica o proprietário, Sérgio Marçolla Lott.

Sucesso absoluto com as crianças, o Aquário do Nemo traz os peixinhos que ficaram famosos na animação da Disney: o colorido peixe-palhaço, protagonista do filme, e a divertida Dory, da espécie cirurgião-patela ou royal blue tang, em inglês. “Como estamos longe do litoral, muita gente de Minas nunca sequer entrou ou conhece o mar. Visitar estes aquários é uma maneira de ficar mais próximo desse ambiente e conhecer sobre este mundo tão fascinante”, acredita Sérgio.

Outro centro que reúne espécies aquáticas é o Aquário da Bacia do Rio São Francisco, na Fundação Zoo-Botânica (FZB) de Belo Horizonte, na Pampulha. Fundado em março de 2010, o local reúne informações e espécies que vivem nas águas do Velho Chico. O aquário tem 22 tanques distribuídos por uma área de aproximadamente 3 mil metros quadrados, em dois pavimentos, onde vivem cerca de 3 mil peixes.

O edifício reúne ainda diversos elementos da cultura das populações ribeirinhas: réplicas do barco a vapor Benjamim Guimarães, esculturas de São Francisco e típicas carrancas tradicionalmente usadas para proteger as embarcações. “Quase todo mundo já teve um aquário em casa, então, quando vêm aqui, ficam encantados. Até quem é pescador se surpreende com a diversidade e a beleza de um surubim, de um dourado ou de uma tilápia”, ressalta Humberto Mello, gerente do Serviço de Educação Ambiental da FZB.

Um dos atrativos do Aquário do São Francisco é a visita noturna realizada na segunda terça-feira de cada mês, das 18h às 21h. Humberto diz que o passeio atrai o público que trabalha o dia inteiro e procura uma diversão diferente durante a noite. “Além de conferir peixes de hábitos noturnos, é uma maneira de mostrar aos frequentadores como o aquário funciona, porque isso não é apenas um pedaço de vidro com uma planta e peixes. A gente apresenta os bastidores, as dificuldades e como se mantém a qualidade da água, além de nosso trabalho de conservação das espécies que é muito importante”, ressalta. (Ana Clara Brant)

• PERTO DA NATUREZA


>> AQUÁRIO DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

Av. Otacílio Negrão de Lima, 8.000, Pampulha (31) 3277-8489. De terça-feira a domingo (incluindo feriados), das 8h30 às 16h. Crianças de até 4 anos não pagam. Adultos com idade superior ou igual a 60 anos e crianças de 5 a 12 anos pagam meia-entrada. A visita noturna ao aquário é realizada mensalmente, na segunda terça-feira, das 18h às 21h. Entrada: R$ 6, além do ingresso para o zoológico.

>> ACQUAMARINE – NO MUNDO DAS ÁGUAS

Rua Montes Claros, 322, Anchieta. (31) 3264-4467. De segunda a sexta, das 13h às 18h, e sábado, das 9h às 17h. Entrada: R$ 20. Crianças de 3 a 12 anos e idosos acima de 60 anos pagam R$ 12. Crianças até 3 anos não pagam.

>> MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS

PUC Minas. Av. Dom José Gaspar, 290, Coração Eucarístico, (31) 3319-4152. De terça a sábado (incluindo feriados), das 9h às 17h. Quinta, das 9h às 21h. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (de 4 a 12 anos e maiores de 60 anos). Entrada franca para menores de 4 anos.

>> MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DA UFMG

Rua Gustavo da Silveira, 1.035, Santa Inês, (31) 3409-7650. De terça a sexta, das 8h às 17h. Sábado e domingo, das 10h às 17h. R$ 10. Crianças até 5 anos, maiores de 60, estudantes e funcionários da UFMG não pagam.

>> JARDIM ZOOLÓGICO

Av. Otacílio Negrão de Lima, 8.000, Pampulha. (31) 3277-8489). De terça a domingo (incluindo feriados), das 8h30 às 16h. Entrada: de segunda a sexta: R$ 4 por pessoa e R$ 10 por carro; sábado: R$ 5 por pessoa e R$ 12 por carro; e domingo: R$ 8 por pessoa e R$ 20 por carro. O valor do carro é acrescido ao valor por pessoa.