Foi depois de passar uma temporada na Espanha que a produtora e publicitária mineira Clarice Castanheira teve a ideia de criar um projeto inovador em Belo Horizonte, o La Movida Microteatro - Bar. A iniciativa é inspirada num formato teatral comum na noite madrilenha, que consiste na apresentação de micropeças – com duração igual ou inferior a 15 minutos – com no máximo 3 atores em cena, para um público de até 15 pessoas, em um espaço cênico com medidas iguais ou inferiores a 15 metros quadrados. Faz parte das características desse modelo a apresentação simultânea de várias micropeças e a realização de sessões sucessivas.
''Dessa maneira, o espectador escolhe quanto tempo passar no teatro, de acordo com o número de micropeças que quiser assistir. Ele escolhe também o valor que quer pagar, já que o ingresso para cada apresentação é vendido separadamente. É uma iniciativa que se espalhou pela Espanha e deu muito certo por lá. Fiquei encantada e, quando voltei ao Brasil, procurei o Guilherme Théo, que é ator, e fizemos algumas adaptações para uma versão brasileira. A intenção é que seja um espaço autossustentável para as artes cênicas em BH, que é uma cidade referência no teatro brasileiro'', afirma.
BOEMIA
Tendo como força motora apresentações semanais de microteatro, o espaço no Funcionários une teatro e boemia e marcou sua inauguração para ontem, aproveitando o início da 43ª Campanha de Popularização Teatro & Dança. Inicialmente, o La Movida terá como sede o antigo endereço em que ficava A Alfaiataria, bar descolado na rua Santa Rita Durão. ''Fizemos uma parceria com a Campanha durante os meses de janeiro, fevereiro e março. A ideia é que seja também um ponto de encontro para o público do evento. Mas mesmo após o fim do festival, a gente continua'', assegura Clarice.
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A produtora revela que a intenção é que essa iniciativa seja itinerante. ''A ideia é mover-se por BH e, em médio prazo, estabelecer um local permanente para acolher o projeto, para criação, troca e outros movimentos dos artistas antenados com a cena teatral da capital'', diz. Nessa primeira fase, o projeto já conta com o apoio de vários artistas e parceiros, como Odilon Esteves, Janaína Morse, Eduardo Félix, Igor Godinho, Andreia Quaresma, Luís Arthur, Cynthia Paulino, Fafá Fernandes, Enedson Gomes e Ana Campos, Renata Rocha, Marina Tadeu, Fabiano Persi, Raquel Pedras, Bia França, Mariana Jacques.
O La Movida Microteatro - Bar terá três salas, que foram batizadas com os nomes de importantes figuras das artes cênicas mineiras de diferentes gerações e que já se foram: Cecília Bizzotto, Soraya Borba e Ítalo Mudado. ''De quarta a domingo, teremos uma programação diversa. Aqui será não só um lugar de convivência, como de fomento à criação artística e à criação de conteúdo'', afirma a produtora.
INSPIRAÇÃO
O nome La Movida Microteatro - Bar é inspirado no Movida Madrileña, movimento contracultural que tomou a cena da capital espanhola especialmente nos anos 1980, depois da morte do ditador Francisco Franco, no processo de redemocratização do país. A Movida foi importante agitou intensamente a vida artística na Espanha.
LA MOVIDA MICROTEATRO – BAR
Rua Santa Rita Durão, 153, Funcionários. Tel (31) 98448 2598). Aberto de quarta a sábado, das 18h à 1h30, com micropeças das 21h às 22h45; domingos, das 17h às 23h30, com micropeças das 20h às 21h45. Ingressos por micropeça: R$ 8. Mais informações: facebook.com/lamovidamicroteatro.