A escolha de Leônidas Oliveira para presidir a Fundação Municipal de Cultura (FMC) a partir de 1º de janeiro, cargo ocupado por ele desde outubro de 2012, repercutiu no meio artístico da capital. O anúncio foi feito esta semana pelo prefeito eleito Alexandre Kalil.
Artistas citaram pontos positivos da atual gestão da FMC, como a escolha da Pampulha como patrimônio da humanidade, a ocupação de espaços urbanos por meio da Virada Cultural e a descentralização de ações. No entanto, a cobrança será maior justamente pelo fato de Leônidas presidir a fundação há quatro anos, acredita o ator e diretor Luiz Arthur. “Ele já conhece o equipamento e está por dentro de como funciona. Assim, esperam-se evolução e mais mudanças. Não tem aquela desculpa de que está assumindo agora. O desafio é maior”, acredita.
Luiz Arthur gostou da forma como a FMC conduziu a última edição do Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT). “Houve a abertura de diálogo com profissionais da área para debater como seria o evento.
No entanto, defende a reformulação das formas de fomento à cultura na capital, principalmente da Lei Municipal de Cultura. “Nesses anos todos que trabalho com teatro em BH, nunca tive projeto aprovado na lei municipal. Já tive na estadual. E não é uma queixa só minha”, garante. Geo Cardoso, idealizador do bloco carnavalesco Baianas Ozadas, concorda. “A lei de incentivo teve muitos percalços, dificuldades no recebimento de recursos. Ela tem que ser revista”, diz.
Geo elogia a Virada Cultural ao focar na democratização e na descentralização da arte. “Esse acontecimento evoluiu em todos os aspectos, assim como o carnaval de BH. Já que Leônidas também está no comando da Belotur, a dois meses da festa é importante manter a equipe. Se a folia vai realmente ficar centralizada na FMC, isso é interessante, pois cultura e turismo andam bem próximas”, analisa.
LIVROS
Para a poeta Ana Elisa Ribeiro, a lei municipal de cultura funcionou razoavelmente bem. “Houve atraso no repasse do edital de 2013, mas, no geral, tem sido possível e viável produzir a coleção Leve um livro, o meu contato mais imediato com essa gestão”, comenta. “No que diz respeito à gestão de projetos culturais, houve a informatização da comunicação com a lei e com a fundação, de modo geral, o que agilizou bem as coisas. É mais impessoal, mas se perde menos tempo e papel”, diz.
A atriz Inês Peixoto, do Grupo Galpão, acha que a FMC fez uma gestão séria, apesar das dificuldades financeiras.
A bailarina e coreógrafa Dudude Herrmann compara a FMC a um urso que hibernou bastante, mas acordou no último segundo. O começo foi complicado e a instituição se manteve longe dos artistas, diz. Segundo ela, Jefferson da Fonseca, diretor de Artes Cênicas e Música da FMC, reduziu esse distanciamento. “Leônidas acertou ao trazer para perto de si pessoas atentas às carências da comunidade artística. Ele resgatou um programa largado lá no século passado, o Terça da dança, abrindo uma porta de discussão permanente com a nossa comunidade e apontando um norte aos artistas”, observa.
O artista plástico Rogério Fernandes diz que Leônidas tratou de forma progressista a arte urbana. “O Telas urbanas foi uma iniciativa bem relevante. Foram valorizadas tanto a arte tradicional quanto as mais novas, além da cultura popular. Era o que a cidade realmente precisava”, diz. O pintor Fernando Pacheco elogia ações da FMC, entre elas a reforma e a criação de centros culturais, a revitalização do complexo arquitetônico da Pampulha e a abertura do Museu da Moda..