As convenções, vistas como o epicentro de divulgação da produção geek mundial, espelham o potencial do fenômeno nerd no mercado de TV, cinema e quadrinhos. Adaptada das HQs, por exemplo, a série televisiva The walking dead é recordista em audiência (mais de 17 milhões de espectadores na estreia da sétima temporada nos Estados Unidos). Seriados com temáticas consumidas pelo público geek como The big bang theory, Game of thrones e Arquivo X figuram entre as cinco ficcionais mais vistas no último semestre de 2015. No cinema, a situação é semelhante: as adaptações de super-heróis arrecadaram mais de US$ 4 bilhões no mundo em 2016 - a maior delas, Capitão América: Guerra civil, alcançou US$ 1,153 bilhão (US$ 40,8 milhões no Brasil).
A simbiose entre o mundo geek e a cultura pop tem rendido não apenas boas cifras para estúdios e produtoras, mas tornado popular o que antes poderia ser considerado de nicho, como heróis, zumbis e fantasias medievais.
Das mais de 40 comic cons pelo mundo, a CCXP de São Paulo é a maior do gênero na América na Latina e deve atrair, neste ano, mais de 180 mil visitantes. A área destinada aos quadrinistas, a chamada Artist’s Alley, receberá 462 autores, entre desenhistas e roteiristas, nacionais e internacionais, que estarão comercializado obras, autografando ou produzindo artes. A extensa relação de participantes da Artist’s Alley tem de autores clássicos como Bill Sienkiewicz (Elektra: Assassina) e Alan Davis (Excalibur) a contemporâneos como Frank Quitely (All-star Superman) e Marcello Quintanilha (Tungstênio). Outro medalhão presente no evento é Frank Miller que participa de painel sobre O cavaleiro das trevas III, sequência de um dos mais aclamados quadrinhos do Batman. A escolha da capital pernambucana para sediar o evento, que deve receber até 60 mil pessoas, não é por acaso. "Recife é uma das cidades mais geeks do país, com uma posição central, próxima de outras capitais do Nordeste", afirma um dos sócios da CCXP, Ivan Costa.
O evento ocupará o Centro de Convenções por quatro dias.
Pioneirismo
O primeiro evento do gênero que se tem notícia foi realizado em 27 de julho de 1964, em Nova York, nos Estados Unidos. Embora a pioneira Comicon não tenha sido exatamente um sucesso de bilheteria (reuniu pouco mais de cem pessoas), revelou que, sim, existia público interessado em interagir com outros fãs de quadrinhos e artistas da área. Um dos organizadores da feira foi Len Wein, que quatro anos depois seria contratado pela DC Comics como roteirista. O autor é co-criador de dois importantes personagens: Monstro do Pântano e Wolverine.
Fã desde cedo
O criador de As crônicas de gelo e fogo, saga literária que se popularizou pela série de TV Game of thrones, George R. R. Martin, tem perfil similar ao de muita gente que reverencia a obra dele. Leitor de quadrinhos e ficção científica, o autor foi, na adolescência, o típico fã de cultura pop: escrevia para as seções de cartas de revistas como Quarteto fantástico e colaborou com diversos fanzines. Um detalhe curioso na biografia do escritor é que ele esteve presente na primeira convenção de quadrinhos de Nova York e, segundo organizadores da Comicon de 1964, foi o comprador do ingresso número um da feira. Hoje, Martin está do lado oposto e é atração requisitada para eventos do gênero.
.