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Boechat se solidariza com Monica Iozzi e desafia ministro do STF: ' Vai me processar?'

Jornalista e apresentador não poupou críticas ao magistrado e questionou a liberdade de imprensa no país

Diário de Pernambuco

Caso ganhou repercussão entre comunicadores, que questionaram decisão da Justiça - Foto: Montagem/DP

O jornalista e apresentador Ricardo Boechat comentou o recente caso envolvendo Monica Iozzi e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. "Quero aqui manifestar minha solidariedade à jornalista Monica Iozzi", disse ele, durante o programa da Band Café com jornal, do qual é colunista. "Isso é uma piada, uma brincadeira, que um ministro da mais alta corte do país se exponha ao ridículo de processar uma jornalista por um delito de opinião, ainda que não tenha sido um delito na minha opinião. Não teve delito nenhum", afirmou.

Monica foi condenada a pagar R$ 30 mil ao ministro após usar as redes sociais para questionar a decisão dele de conceder habeas corpus para o médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por 58 estupros. "Se um ministro do Supremo Tribunal Federal faz isso... Nem sei o que esperar...", escreveu ela no Instagram como legenda da foto. Insatisfeito com a sentença, Boechat não deixou de desafiar a autoridade. "Vai me processar também? Quer dizer que eu 'tô' proibido de divergir de você?", indagou.

No programa, ele se solidarizou com a atriz e apresentadora e questionou a decisão do juiz Giordano Resende Costa, que proferiu a sentença alegando que Iozzi danificou a moral de Mendes e que "sua liberdade de expressão deve ser usada de forma consciente e responsável".
"Quem é árbitro desses valores humanos? O senhor? O ministro Gilmar Mendes?", questionou Boechat.

"Ora, ministro Gilmar Mendes, me desculpe, eu vou colocar como minhas as declarações da Monica Iozzi. Não que tenha me ocorrido à época, mas não acho que não me parece que o ofendo quando digo ao senhor diante desta e de outras decisões suas que não sei o que esperar do senhor. Suspeito, aliás, que as pessoas mais íntimas possam dizer ao senhor que não sabem o que esperar do senhor. A natureza humana é tão misteriosa... Quem é capaz de dizer o que pode se esperar do senhor? Por que eu sou obrigado a dizer que só posso esperar do senhor coisas bonitinhas, maravilhosas?", começou dizendo.

O caso foi comparado ao de repórteres no Paraná processados por diversos juízes após denunciar gastos exorbitantes com magistrados no estado: "Esse tipo de conduta está no mesmo nível daquelas que tentaram condenar os jornalistas da Gazeta do Povo, no Parará, porque apontaram ganhos abusivos de magistrados na justiça paranaense. É o mesmo tipo de ação que tenta coibir e censurar a liberdade de imprensa".

Ricardo Boechat acusou o ocorrido de ser baseado em corporativismo e questionou a intolerância de Gilmar Mendes: "Até que ponto eu posso achar que essa decisão é um resultado do temor ou do corporativismo? É um direito meu fazer essa especulação. Então, ministro Gilmar Mendes, como o senhor faz todo maldito dia considerações na imprensa, algumas delas eu acho acachapantemente ridículas, malucas, acho tudo. É um direito meu. Desde quando o senhor pode achar que não posso dizer do senhor mesmo diante de decisões suas que eu não sei o que posso esperar do senhor?".

Em nota divulgada para a imprensa, a assessoria de Monica Iozzi anunciou que vai recorrer da decisão. "Vale ressaltar que a atriz reafirma que não houve qualquer tipo de ofensa ao ministro, mas sim a expressão de uma opinião sobre um fato público a respeito do julgamento de um médico que chocou o país. Médico acusado e condenado por ter abusado sexualmente de dezenas de suas pacientes", dizia a publicação.

Outras personalidades comentaram o caso. "Força contra esse absurdo.
Tamo junto", escreveu o escritor e ator Gregorio Duvivier no Twitter. A atriz Patricia Pillar disse que prestava "total solidariedade" e Bruno Mazzeo classificou o assunto como sério. "Tô com @Srta_Iozzi e não abro!", divulgou ele.

Assista à declaração do jornalista e apresentador:

 

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