Na última entrevista que concedeu ao Estado de Minas, em março deste ano, para falar sobre os 40 anos do filme Xica da Silva, Elke relembrou sua infância nas Gerais e toda a sua relação com o estado.
"Eu só nasci na Rússia, criança, mas eu sou mineira, uai", declarou.
Além da cidade do Vale do aço, Elke morou em Jaguaraçu e acabou chegando em Belo Horizonte, onde, em 1962, foi eleita glamour girl em uma festa badalada que reuniu a sociedade mineira e carioca, e que era organizada pelo saudoso colunista Eduardo Couri.
A escolha era realizada numa grande festa no Iate Tênis Clube, precedida por várias recepções em casas de conhecidas figuras do high society da capital.
Quando passou a ser modelo e a desfilar conheceu a estilista de Curvelo, Zuzu Angel. No filme, Zuzu Angel (2006), Elke foi interpretada por Luana Piovani. A ex-jurada do programa do Chacrinha ainda fez uma ponta na produção cantando num cabaré a música alemã 'Lili Marlene', da cantora e atriz Marlene Dietrich.
No longa-metragem, é mostrado a amizade de Elke com Zuzu, e ainda conta o episódio de sua rápida prisão por desacato durante o regime militar brasileiro, fato que fez Elke perder sua nacionalidade brasileira.
Xica da Silva
Ainda na entrevista ao Estado de Minas, Elke Maravilha relembrou os bastidores do filme que lançou Zezé Motta ao estrelato e disse que Diamantina, onde aconteceram as gravações, era uma das cidades mais queridas para ela. "Eu já conhecia bastante e acabei sendo um pouco a guia de todo mundo naquela época", contou.
Boa parte do filme foi rodada durante o Carnaval de 1975 e já pensando na folia, Zezé sugeriu a Elke Maravilha – que interpretou Hortência, inimiga de Xica – levar suas perucas e roupas coloridas para a cidade. “Duas senhorinhas de Diamantina bateram no Hotel Tijuco, onde a gente estava hospedada, e me perguntaram se tinha alguma roupa para emprestar para os maridos, pois eles estavam doidos para se fantasiar de Elke no carnaval.
Além do affair com o ator Altair Lima, seu par no filme, Elke namorou um rapaz da cidade. “Um monte de gente me paquerava, tipo fazendeiros e empresários. Mas me apaixonei mesmo foi pelo cobrador de ônibus. A gente ia aos botecos, ao famoso Beco do Mota, nadava na cachoeira de Sentinela. Diamantina é uma das cidades mais especiais de Minas. O clima nos bastidores era fantástico, isso foi transferido para a telona. Ainda hoje, o filme é superatual”, afirma.
Elke chegou a ganhar um prêmio de melhor atriz coadjuvante, o que para ela, acabou sendo uma surpresa. "Levei o Coruja de Ouro, concedido pelo Instituto Nacional de Cinema (INC). Para te falar a verdade, nunca me achei atriz. Até hoje não me acho (risos). Mas de vez em quando a gente faz umas participações em filmes e tal", comentou na ocasião.
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