

“Elvécio Guimarães não foi só bom ator, mas artista com presença importante na vida cultural e, em vários momentos, também política”, afirma Pedro Paulo Cava, recordando desde o empenho na regulamentação da profissão de ator até a luta contra a censura, passando pelas atividades como produtor. “Por onde passou, Elvécio foi abrindo caminhos, criando e consolidando projetos”, observa. Magdalena Rodrigues, presidente do Sindicato de Atores e Técnicos em Espetáculos de Diversão (Sated), por sua vez, recorda o mestre que, atuando em várias frentes, estimulava todos a fazer o bom teatro. “Foi um homem inesquecível. Conviver com ele foi um privilégio”, conta. Como outros, ela se lembra do homem de bom humor, de posições firmes, rigoroso e disciplinado, aspectos que revelavam o quanto ele levava a sério a defesa e a difusão do teatro e a carreira artística.
saiba mais
Elvécio Guimarães atuou em mais de 100 montagens, foi diretor, produtor, professor, escreveu peças, foi também superintendente do Palácio das Artes e secretário de estado da Cultura, além de ter presidido a Associação Profissional dos Artistas e Técnicos de Espetáculos de Diversões, que, mais tarde, se tornaria o sindicato da categoria. Iniciou a carreira artística aos 15 anos, como ator de radioteatro da Rádio Inconfidência. Aos 17, já era reconhecido como galã. Em 1952, transferiu-se para o Rio de Janeiro e passou a integrar o elenco da Rádio Mayrink Veiga. De volta a Belo Horizonte, em 1955, foi contratado pela TV Itacolomi, principal emissora da época, onde exerceu as funções de apresentador, ator, narrador, redator de novelas e protagoniza o primeiro seriado da TV brasileira, Noites mineiras, de Léa Delba.
Em 1982, assumiu a direção do Teatro Francisco Nunes, coordenando a execução do projeto de reforma do arquiteto Saul Vilela. Foi, nos anos 1980, um dos responsáveis pela implantação da Escola de Teatro do Centro de Formação Artística (Cefar) do Palácio das Artes, curso técnico para atores no qual passou a lecionar. Firmou-se, na década de 1990, como um dos atores mais experientes do teatro mineiro, dirigindo espetáculos, atuando em óperas, peças e vídeos, além do cinema. Retornou em 1996 à televisão, como diretor do Departamento de Produção de Programas Educacionais e Institucionais do Sistema Salesiano de Vídeo (SSV). No cinema, atuou nos longas O circo das qualidades humanas (1999), de vários diretores, Amor perfeito, de Geraldo Magalhães; Vinho de rosas, de Elza Cataldo; Vida de menina, de Helena Solberg; e Bárbara, de Carlos Gradim.