Mostra Benjamin de Oliveira reúne trabalho de artistas negros em BH

Festival começa hoje e vai misturar música, artes cênicas e cinema

por Mariana Peixoto 01/06/2016 08:00
Marcelo Magalhães/Divulgação
'Mercedes', do Grupo Emu, aborda a trajetória da primeira bailarina negra a integrar o corpo do Municipal do Rio (foto: Marcelo Magalhães/Divulgação )
Nascido em Pará de Minas, Benjamin de Oliveira (1870-1954) passou para a história como o primeiro palhaço negro do Brasil – há quem diga que teria sido o primeiro palhaço negro do mundo. Tornou-se, na década de 1930, nome de ponta na arte circense. Por isso, dá nome à mostra dedicada ao trabalho de artistas negros, cuja quarta edição começa hoje.


Até 12 de junho, haverá, diariamente, espetáculos, lançamento de livro, exibição de filme e realização de oficina no Tambor Mineiro. ''A gente percebeu a invisibilidade das artes negras no circuito cultural convencional. A Mostra Benjamin de Oliveira vem suprir uma lacuna. Existem vários produtores e artistas negros, mas nem sempre eles têm o interesse do mercado'', comenta Alexandre de Sena, um dos curadores da iniciativa.

Nesta edição ele comemora, pois houve a inscrição de 109 obras produzidas por grupos e artistas de 23 cidades de 14 estados. “A abrangência da mostra vem crescendo, o que é muito importante, pois os espaços são poucos”, acrescenta. Há na programação espetáculos convidados pela curadoria.

Na abertura da mostra, hoje, serão duas atrações. Dialogando com o personagem que dá nome à mostra, o tema será circo. Haverá, a partir das 19h, intervenção da Spasso Escola de Circo, seguida pelo lançamento do documentário 'Minha avó era palhaço', de Mariana Gabriel e Ana Minehira. O filme conta a história da atriz negra Maria Eliza Alves dos Reis, que entre os anos 1940 e 1960 se transformava no palhaço Xamego para poder entrar no picadeiro.

Um espetáculo convidado faz sua estreia nacional em BH. 'Mercedes', do grupo carioca Emu (dia 11, às 20h), presta homenagem a Mercedes Baptista, a primeira negra a integrar o corpo de baile do Teatro Municipal. Outra estreia é o sarau Atemporal ou a mulher e as águas do tempo, do A-Grupa: Teatro e Música, de Belo Horizonte (dia 9, às 20h). Há também montagens já vistas na cidade, como a infantil 'A lenda de Ananse – Um herói com rosto africano', do Teatro Negro e Atitude, um dos mais ativos de BH (dia 5, às 17h)

A programação traz também o projeto Black sou, com o coreógrafo e bailarino Rui Moreira. Numa entrevista-show, artistas convidados conversam com pessoas que são referência no movimento de BH, amanhã, às 21h. No dia 10, às 20h, será realizada a Batalha do Passinho, que reúne jovens do Centro Cultural Lá da Favelinha disputando passinhos de funk.

MOSTRA BENJAMIN DE OLIVEIRA
De 1º a 12 de junho. Tambor Mineiro,
Rua Ituiutaba, 339, Prado.
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia). Programação completa: www.burlantins.com.br.

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