Mendes, porém, decidiu começar a turnê nacional de Atrevido, espetáculo que sucede seu Mais que Dilmais, por Belo Horizonte – a peça tem última sessão hoje, no Cine Theatro Brasil Vallourec.
“Não escolhi Juiz de Fora porque sou atrevido, uai”, brinca, para depois falar sério sobre sua ligação com a capital mineira. “Optei pela cidade porque ela tem orgulho de mim, porque sempre sonhei em ser conhecido na capital e hoje sou amigo dela. Parte do meu coração tem BH dentro; amor a gente não explica. O povo de Belo Horizonte é diferente e eu amo demais.”
Na produção, Gustavo interage com algumas figuras icônicas e outras presentes em sua vida, como sua mãe, algumas paixões e seu analista. Ele ocupa o palco, e os demais personagens surgem num telão. Segundo Mendes, se ele tivesse que resumir sua carreira e quem ele é em uma palavra, certamente seria atrevido. Saiu da casa dos pais quando nem havia completado 15 anos e não tem parentes artistas ou que sejam influentes na mídia.
“Sou atrevido, desassossegado e totalmente inquieto.
NOVO PROGRAMA O humorista diz, no entanto, que a personagem que o tornou conhecido não vai deixar de fazer uma “ponta” na nova peça e compara sua imitação de Dilma à Conceição na vida de Cauby Peixoto. “É difícil me livrar dela. Aliás, em breve, Mais que Dilmais vai ser lançado em livro”, diz. Questionado se tem tido problemas ultimamente em interpretar a presidente, devido ao cenário turbulento na política, ele responde: “As pessoas estão inflamadas, nervosas, extremistas e agressivas. Está até difícil de conversar com amigos. Mas isso no meu cotidiano. Já no teatro não. Afinal não faço política, faço humor”, afirma.
Mendes faz parte do elenco do Multishow e adianta que a nova temporada do Treme Treme, programa que se passa em um edifício e conta com outros artistas mineiros, como Rafael Mazzi e Lindsay Paulino, está confirmada.
Mesmo com todas essas possibilidades para fazer rir, o ator avalia que o humor está ficando politicamente correto demais e as pessoas estão insuportavelmente chatas. “Isso ocorre porque elas não entendem a piada. E isso é reflexo de um país que não investe em educação e cultura, pois só é possível rir de si mesmo, entender uma piada, com o mínimo de condição intelectual para isso. Quem deveria fornecer tal condição é o Estado e ele não o faz. Mas o teatro permanece livre, até você afrontar a plateia, não aguentar a pressão e sair batendo o pé, xingando e dizendo que o ator é um rei. Rei porcaria nenhuma! Somos só os serviçais a serviço do fazer rir e emocionar”, diz.
ATREVIDO
Com Gustavo Mendes. Hoje, às 18h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça Sete, s/nº, Centro). Ingressos: Plateia 1 – R$ 80 (inteira); Plateia 2 (AA até HH) – R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia); Plateia 2 (II até LL) – R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Informações: (31) 3889-9151.