'Se um psicanalista vier, ele vai deitar e rolar. Se um antropólogo vier, ele vai deitar e rolar. Se a sua tia do interior vier, ela também vai ter a mesma sensação. Mas cada um à sua maneira e provavelmente com o mesmo olhar de estranhamento.'
A declaração é do curador Marcus de Lontra Costa sobre a exposição Farnese de Andrade – Arqueologia existencial, que relembra a trajetória de um dos mais expressivos artistas mineiros e será aberta amanhã na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes.
Depois de passar por São Paulo e Brasília, em formato reduzido, a mostra chega a Belo Horizonte completa – com 95 objetos, produzidos entre as décadas de 1970 e 1990, que evidenciam quatro instâncias da vida de Farnese: a religião, a sexualidade, a razão e a loucura.
“E todas elas despertam ao mesmo tempo o sentimento de libertação e aprisionamento. Farnese de Andrade tinha essa coisa da dualidade e foi o artista responsável por trazer o lado surreal e obscuro para o cenário da arte brasileira”, diz Lontra Costa.
Reconhecido pelo uso inventivo de objetos e assemblagens – colagem ou composição artística feita com materiais ou objetos diversos –, o artista, nascido em Araguari, no Triângulo Mineiro, em 1926, utilizava cores fortes e formas irregulares. Por isso, suas criações são tão abstratas e feitas a partir de objetos envelhecidos e rudimentares, como restos de madeira e pedaços de santos, feitos de gesso e plástico, cabeças e corpos de bonecas corroídos pelo mar, além de velhos retratos de família e postais.
“Farnese costumava catar os mais variados tipos de quinquilharias em antiquários, ferros-velhos, depósitos e até nas praias. Ele dava outra configuração a esses objetos e os transformava em arte”, diz o curador.
Marcus Lontra Costa cita relação ambígua de Farnese com a mãe, presente em seu trabalho. “Ele tinha uma frase sarcástica que resumia bem esse relacionamento materno: ‘Mãe é o pior negócio do mundo. Você ocupa o imóvel durante nove meses e passa a vida pagando’.”
Considerado uma das principais referências de grandes nomes das artes plásticas do Brasil como Tunga, Adriana Varejão, Cildo Meireles e Leonilson, Farnese de Andrade chegou a ser aluno de Guignard, em Belo Horizonte, até que se mudou em 1948 para o Rio de Janeiro, onde ficou até sua morte, em 1996. “Ao mesmo tempo em que sua obra tem aquela coisa reclusa do mineiro, também carrega a eloquência do Rio de Janeiro”, pontua Marcus de Lontra Costa.
Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial
Abertura a partir de amanhã, na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard – Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Em cartaz até 3 de julho, de terça a sábado, das 9h30 às 21h. Classificação livre. Informações: (31) 3236-7400
A declaração é do curador Marcus de Lontra Costa sobre a exposição Farnese de Andrade – Arqueologia existencial, que relembra a trajetória de um dos mais expressivos artistas mineiros e será aberta amanhã na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes.
Depois de passar por São Paulo e Brasília, em formato reduzido, a mostra chega a Belo Horizonte completa – com 95 objetos, produzidos entre as décadas de 1970 e 1990, que evidenciam quatro instâncias da vida de Farnese: a religião, a sexualidade, a razão e a loucura.
“E todas elas despertam ao mesmo tempo o sentimento de libertação e aprisionamento. Farnese de Andrade tinha essa coisa da dualidade e foi o artista responsável por trazer o lado surreal e obscuro para o cenário da arte brasileira”, diz Lontra Costa.
Reconhecido pelo uso inventivo de objetos e assemblagens – colagem ou composição artística feita com materiais ou objetos diversos –, o artista, nascido em Araguari, no Triângulo Mineiro, em 1926, utilizava cores fortes e formas irregulares. Por isso, suas criações são tão abstratas e feitas a partir de objetos envelhecidos e rudimentares, como restos de madeira e pedaços de santos, feitos de gesso e plástico, cabeças e corpos de bonecas corroídos pelo mar, além de velhos retratos de família e postais.
“Farnese costumava catar os mais variados tipos de quinquilharias em antiquários, ferros-velhos, depósitos e até nas praias. Ele dava outra configuração a esses objetos e os transformava em arte”, diz o curador.
Marcus Lontra Costa cita relação ambígua de Farnese com a mãe, presente em seu trabalho. “Ele tinha uma frase sarcástica que resumia bem esse relacionamento materno: ‘Mãe é o pior negócio do mundo. Você ocupa o imóvel durante nove meses e passa a vida pagando’.”
Considerado uma das principais referências de grandes nomes das artes plásticas do Brasil como Tunga, Adriana Varejão, Cildo Meireles e Leonilson, Farnese de Andrade chegou a ser aluno de Guignard, em Belo Horizonte, até que se mudou em 1948 para o Rio de Janeiro, onde ficou até sua morte, em 1996. “Ao mesmo tempo em que sua obra tem aquela coisa reclusa do mineiro, também carrega a eloquência do Rio de Janeiro”, pontua Marcus de Lontra Costa.
Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial
Abertura a partir de amanhã, na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard – Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Em cartaz até 3 de julho, de terça a sábado, das 9h30 às 21h. Classificação livre. Informações: (31) 3236-7400