Enquanto prepara seu novo livro – Viaduto de Santa Tereza (Editora Conceito), previsto para junho – João Perdigão volta às experiências plástico-históricas-literárias com a revista Currey del hall, que, assim como Tropecassino, foi concebida para a internet. Trata-se de uma publicação colaborativa que nasceu de uma oficina conduzida pelo escritor e pelo coletivo 27frames no Arquivo Público Mineiro, no ano passado.
A proposta da oficina era ressignificar fotos e textos que estão no acervo da instituição. O resultado são 36 preciosas páginas construídas com colagens, pintura, gravuras etc., que vão muito além dos tons de cinza dos documentos em arquivo.
“É uma fantasia histórica”, brinca João Perdigão. O fio condutor da revista é a história de Belo Horizonte, segundo ele diz. Tratada em registro cômico, dramático, lisérgico, arquitetônico, ficcional. “A cada dia, podemos ressignificar o livro de história. Cada um tem a sua visão dos fatos.
“O trabalho de João Perdigão é fantástico, muito interessante. Coloca em evidência o acervo do Arquivo Público Mineiro, a mais antiga instituição cultural do estado de Minas Gerais”, afirma Veloso. Na opinião do superintendente, Perdigão “dá roupagem nova a fontes primárias que guardamos”. Ele observa que “o Arquivo muitas vezes é lembrado como lugar de referência em pesquisas acadêmicas e probatórias, e João nos mostra que o acervo pode ter outras possibilidades, inclusive como elemento artístico, sem perder o caráter de fonte primária, de documento”.
Sobre as edições física e digital da revista, João Perdigão diz não ver antagonismos entre elas. “São dois mundos”, afirma, observando que as escolhas relacionadas a cada suporte dependem do que se pretende realizar. “A edição física dá alma a uma publicação. Funciona sem energia elétrica, é prática, você pode ler onde quiser, na cama, na cadeira, levar para o mato. É insubstituível”, afirma.
O trabalho de João Perdigão tem sido marcado pelo interesse entre pesquisa, edição de arte e animação cultural. Aspectos, para ele, vindos do fato de “ter visto a internet nascer e as redes sociais reorganizando os conteúdos”, além de pertencer a uma “geração com mais relações com a imagem”. Ele edita, com Luiz Navarro e Marcos Batista, a revista A zica, que tem cinco edições feitas entre 2010 e 2014. “Não desenho nada, sou um designer tosco”, afirma, exercitando cultivado gosto pela provocação. “Lapido fragmentos de mineral histórico.”
LIVRE NAVEGAÇÃO
Os trabalhos de João Perdigão estão acessíveis na internet.
Currey del hall (https://issuu.com/urubois/docs/currey_del_hall)
Tropecassino (https://tropecassino.blogspot.com.br/)
Cabaré vil (https://issuu.com/urubois/docs/cabaret_vil)
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