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Gramado

Em 'Moving figures', pintor Olivier Mourão apresenta 30 obras inspiradas no futebol

Mostra está em cartaz no Museu Inimá de Paula e foi inspirada na coreografia dos craques em campo. Artista ganhará biografia este ano

Luiz Fernando Motta
O pintor Olivier Mourão diz que os gestos dos jogadores foram sua maior inspiração - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press
A pintura congela a imagem, mas o objetivo é representar o movimento. Nas telas estão figuras conhecidas dos gramados de futebol, que não atraem o pintor Olivier Mourão pelo viés mais comum do entretenimento, mas pela beleza das coreografias em campo. A proposta é esta: inquietude, característica que o artista usa para descrever sua personalidade e a exposição Moving figures, em cartaz até 10 de abril, no Museu Inimá de Paula.

Excêntrico e bon vivant declarado, o mineiro de Divinópolis se movimenta entre suas residências em Londres, na Inglaterra, e Ibiza, na Espanha. Na Europa, tornou-se conhecido pela arte e por promover festas frequentadas por celebridades. Mourão conta que foi sondado por uma curadora alemã para levar a nova exposição para um evento da Fifa. Por se tratar de futebol, preferiu inaugurá-la no Brasil.

“Futebol é realmente um ópio para o povo. Se não fosse por esse esporte, teríamos muito mais guerras e discórdia”, avalia. Em meio a 30 óleos sobre tela está Gladiador moderno, retrato do jogador Neymar.
Em outro quadro, surgem os rivais Messi e Cristiano Ronaldo num embate. “Meu esporte sempre foi a dança. Nunca me interessei pelas partidas de futebol, mas gosto dos gestos, sempre coreográficos”, explica Mourão.

Para tentar capturar o movimento, o pintor repete mãos e pernas, como se o objeto em questão estivesse se locomovendo. Mourão diz ter um jeito peculiar de pintar. Primeiro, fecha os olhos e usa o tubo de tinta virado de ponta-cabeça para traços soltos, rápidos e rasgados. As principais referências vêm do pós-impressionismo e de artistas como Pablo Picasso e Georges Braque. “Picasso dizia: ‘Se queres desenhar, fecha os olhos e canta’. Tento fazer isso. Desenho com a mesma intimidade com que assino meu nome”, diz ele, que começou a pintar aos 8 anos.

PELOTÃO


O artista mineiro, de 69 anos, deixou o país há 47. Só volta de visita. “Desde pequeno, sempre quis estar no pelotão de frente que o mundo civilizado poderia oferecer”, conta. O exílio de amigos brasileiros, durante a ditadura militar (1964-1985), foi o argumento para convencer os pais de que deveria morar na Europa. “Muita gente foi perseguida, então comecei a juntar dinheiro.
Depois de quatro anos de economia, consegui ir para Londres”, relembra.

A paixão pela arte o fez conhecer os guitarristas Jimmy Page, da banda Led Zeppelin, e Ron Wood, do Rolling Stones, que considera amigos próximos. Olivier se diz anfitrião de grandes festas em Ibiza. “É como se fosse o meu Brasil, tem sol e calor. Ajudei a lançar lugares que se tornaram muito populares”, afirma, sem modéstia.

Suas aventuras na badalada ilha do Mediterrâneo estão representadas na série Ibizology, exposta no Museu Inimá de Paula. A vida do artista mineiro será contada pelo jornalista Michael Koellreutter em biografia cujo lançamento está previsto para este ano.

MOVING FIGURES
Pinturas de Olivier Mourão. Museu Inimá de Paula. Rua da Bahia, 1.201, Centro, (31) 3213-4320. Terça, quarta, sexta-feira e sábado, das 10h às 18h30; quinta-feira, das 12h às 20h30; domingo das 12h às 18h30. Até 10 de abril.
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