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Fernando Pacheco expõe Voar, conjunto de 17 pinturas, no Automóvel Clube

Pintor celebra os 10 anos de painel no aeroporto de Confins e afirma que as obras lidam com seu mundo interior

Walter Sebastião
Obras de Fernando Pacheco que integram a mostra Voar: figurações metafóricas e motivos recorrentes como o erotismo, morte e a própria arte - Foto: Fotos: Fernando Pacheco/Divulgação
É com orgulho que o artista plástico Fernando Pacheco recorda que, há uma década, foi instalada uma pintura dele no aeroporto internacional de Belo Horizonte. “Me deixa feliz saber que o painel se tornou peça marcante no local e que 10 mil pessoas passam diante dele diariamente. É um primeiro contato com a arte feita em BH”, observa. E por isso, com igual satisfação, ele aceitou convite do Automóvel Clube de Minas Gerais que recordasse os 10 anos da pintura. A exposição, que será aberta terça-feira, às 19h, ganhou o nome de Voar. Traz 15 pinturas realizadas entre 2015 e 2016 e outras duas de 2007.


“É voar para dentro de nós, por sonhos, por fantasias, para investigar os nossos mistérios”, afirma Fernando Pacheco explicando o título da exposição. “São os nossos desejos que movem o mundo”, acrescenta. “Minha linguagem sempre foi dedicada a explorar o nosso mundo interior.

Acredito, inclusive, que conhecendo-o bem, temos mais possibilidade de mudar o mundo externo”, conta, lembrando-se de guerras, imigrantes, crises econômicas e políticas etc. Tal consideração vem de autor, como ele mesmo observa, cujas obras se dedicam às questões existenciais. “Uso cor, mas posta a serviço de tradução de alegrias e dramas humanos”, pondera.

As obras têm títulos como Caixa mágica, Janelas de mim, Pianista – plano de vidro, Rotas improvisadas etc. A maior delas tem quase três metros; a menor, 50 centímetros. Todas, continua Pacheco, mantêm aspectos fundamentais a tudo que ele já fez. “Toda figuração presente nos trabalhos é metafórica. Nada é só aquilo que aparenta, todos os elementos aludem a outras coisas além deles mesmos”, explica. O mesmo vale para motivos, que são recorrentes, como o erotismo, morte, arte etc. Caminho, observa, marcado pela sedução, pelo espontâneo, intuitivo e feito a partir de sua experiência de vida.

Fernando Pacheco nasceu em São João del-Rei, tem 66 anos, mais de 45 deles dedicados à pintura, mas também produz com outras linguagens. “Meto-me com muita coisa. Tudo à minha volta é material para a minha arte”, avisa o artista, lembrando que faz objetos e desenhos. Autodidata radicado em Belo Horizonte, frequentou o Núcleo de Atividades Criativas de Arlinda Corrêa Lima, na capital mineira. Começou carreira ganhando prêmios em salões de arte, participando de diversas coletivas e realizando mostras individuais.
Apesar de usar outras linguagens, afirma que “a pintura é o carro-chefe, meu principal meio de expressão”, lembrando dedicação de vida inteira à arte.

“Só hoje, depois de 40 anos de pintura, me sinto completamente à vontade pintando”, garante o artista. “Antes foi catarse, aflição, indecisão etc.”, brinca. “Pintura é egoísta, ciumenta, não se deixa revelar com pouca dedicação ou gratuitamente. Quando mais você se dedica a ela, mais tempo, mais amadurecimento como ser humano e como artista ela cobra”, conta. Observa que considera sua linguagem contemporânea, à medida que fala de motivos políticos, sociais e econômicos, “só que a partir do mundo interno”. O artista tem dois livros dedicados à sua obra, ambos editados pela C/Arte.

Voar
Exposição de pinturas de Fernando Pacheco. Abertura terça-feira, às 19h. Automóvel Clube de Minas Gerais, Avenida Afonso Pena, 1.394, Centro, (31) 3222-5416. De segunda a sábado, das 9h às 18h. Entrada franca.
Até 30 de março.

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