Pigmalião Escultura que Mexe estreia a peça 'Alguém'

Espetáculo promove o convívio de ratos e homens para discutir as engrenagens do comportamento de massa

por Carolina Braga 11/03/2016 08:00
LIZ SCHRICKTE/DIVULGAÇÃO
'Alguém', terceira montagem do grupo Pigmalião Escultura que Mexe, aborda a sociedade de massas (foto: LIZ SCHRICKTE/DIVULGAÇÃO )
Toda estreia é precedida de ansiedade. Mas, para o bonequeiro e diretor Eduardo Félix, é também um momento de muita curiosidade. As criações do Pigmalião Escultura que Mexe se completam com o olhar da plateia. É por isso que, sem fechar essa equação, fica mais difícil falar sobre Alguém, nova montagem do grupo, que chega hoje ao palco do Teatro João Ceschiatti.


Vencedor do Prêmio Estímulo às Artes Cênicas do Palácio das Artes, o espetáculo reforça as características de linguagem que fazem do Pigmalião um dos grupos de teatro de bonecos brasileiros com maior destaque no exterior atualmente. Todas as peças da companhia mineira são voltadas para adultos e partem de questionamentos existenciais. Filosofia na alcova, a primeira, falava sobre costumes e sexualidade. A segunda, O quadro de todos juntos, discutia família. Com Alguém, chegou a hora de abordar o comportamento das massas na sociedade.

Fã das metáforas com animais, Félix faz com que, desta vez, ratos invadam o palco. Vale lembrar que os protagonistas de O quadro de todos juntos são porcos. O diretor assina a dramaturgia em parceria com Conceição Rosière. Na trama, diante de uma infestação de roedores, o homem se surpreende com o comportamento organizado, inteligente e obstinado dos bichos. Os ratos, por sua vez, se assustam com as máscaras sociais assumidas pelos humanos.

Além do argumento apresentado por Conceição, obras como o conto clássico O flautista de Hamelin, dos irmãos Grimm, e Massa e poder, de Elias Canetti, serviram de inspiração para a montagem. “Os ratos do espetáculo somos todos nós. Eles querem ser humanos, querem ter máscaras também. Ser humano é um ideal, como o American way of life”, afirma Félix.

Não é à toa que, na versão do Pigmalião, os ratos têm cabeças, mãos e pés de gente. Assim como nos outros espetáculos, Alguém tem cenas fortes com 18 marionetes e 17 máscaras. Até agora, é a montagem do Pigmalião com maior número de personagens.

A equipe de atores/manipuladores é composta por Aurora Majnoni, Igor Godinho, Mariliz Schrickte, Mauro de Carvalho, Cora Rufino e Mariana Teixeira. “Os ratos são todos marionetes de fios, e os adultos são máscaras”, explica o criador. Segundo Félix, muitos dos bonecos são pequenos. “É um risco, como um espetáculo de corda bamba. Acho que o público fica com medo de aquilo tudo embolar”, diverte-se.

ALGUÉM
Sextas e sábados às 20h30; domingo, às 19h. Até 10/4 (exceto na semana santa). Teatro João Ceschiatti. Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

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