Vencedor do Prêmio Estímulo às Artes Cênicas do Palácio das Artes, o espetáculo reforça as características de linguagem que fazem do Pigmalião um dos grupos de teatro de bonecos brasileiros com maior destaque no exterior atualmente. Todas as peças da companhia mineira são voltadas para adultos e partem de questionamentos existenciais. Filosofia na alcova, a primeira, falava sobre costumes e sexualidade. A segunda, O quadro de todos juntos, discutia família. Com Alguém, chegou a hora de abordar o comportamento das massas na sociedade.
Fã das metáforas com animais, Félix faz com que, desta vez, ratos invadam o palco. Vale lembrar que os protagonistas de O quadro de todos juntos são porcos.
Além do argumento apresentado por Conceição, obras como o conto clássico O flautista de Hamelin, dos irmãos Grimm, e Massa e poder, de Elias Canetti, serviram de inspiração para a montagem. “Os ratos do espetáculo somos todos nós. Eles querem ser humanos, querem ter máscaras também. Ser humano é um ideal, como o American way of life”, afirma Félix.
Não é à toa que, na versão do Pigmalião, os ratos têm cabeças, mãos e pés de gente. Assim como nos outros espetáculos, Alguém tem cenas fortes com 18 marionetes e 17 máscaras. Até agora, é a montagem do Pigmalião com maior número de personagens.
A equipe de atores/manipuladores é composta por Aurora Majnoni, Igor Godinho, Mariliz Schrickte, Mauro de Carvalho, Cora Rufino e Mariana Teixeira. “Os ratos são todos marionetes de fios, e os adultos são máscaras”, explica o criador. Segundo Félix, muitos dos bonecos são pequenos. “É um risco, como um espetáculo de corda bamba. Acho que o público fica com medo de aquilo tudo embolar”, diverte-se.
ALGUÉM
Sextas e sábados às 20h30; domingo, às 19h. Até 10/4 (exceto na semana santa).