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Do hip-hop para o baião

Coletivo Somos Um cria série de grafites em telas para homenagear Luiz Gonzaga

Exposição vai circular por vários bares e pretende novos projetos sobre rock e samba

Shirley Pacelli

Tela do artista Fhero, uma das oito que integram a mostra Arte e música - Na voz do rei, no Garota Carioca - Foto: Somos um/Divulgação

“Mandacaru quando ‘fulora’ na seca/ É o sinal que a chuva chega no sertão.” O Xote das meninas (1953), sucesso de Luiz Gonzaga, é uma das músicas que serviram de inspiração para a exposição itinerante Arte e música – Na voz do rei, do coletivo Somos Um, lançada nesta terça-feira no bar Garota Carioca.

Ao som do grupo Ó do Forró, o público poderá conferir oito telas em spray que homenageiam o rei do baião. Grafiteiros de Belo Horizonte com ao menos 10 anos de carreira cada, se uniram para propagar a arte dos muros por outros espaços. “O berço do grafite é o hip-hop, mas ele pode estar em outros lugares”, reflete Carolina Jaued, a Krol, uma das participantes do projeto.


Krol conta que em BH são raros os eventos e propostas de trabalho remunerados para os grafiteiros. Ela, Nica, Anjo, Fhero, Figo, Gibak, Atos e Corina desenvolvem em paralelo outras atividades – da publicidade ao design gráfico – e resolveram unir forças para realizar trabalho artístico que tivesse potencial comercial independente. Assim, além de vender as telas, cada uma delas virou estampa de camisetas que serão vendidas (R$ 35 a R$ 45) durante a exposição.

“O grafite tem muito a questão do trabalho coletivo, do aprendizado com o outro, do pintar junto e até, na questão da rua, de não atropelar a arte de ninguém. Quisemos manter essa ideia”, resume Krol.

Há oito anos, Krol é dona da Red Nails, grife de street wear que já lançou seis coleções no mercado. “Sugeri essa ideia por ter experiência com modelagem e com o negócio”, explica. Fhero também é dono da marca de camisetas SIN.

“Ninguém consegue sobreviver só do grafite. A camisa não deixa de ser a tela que a gente produziu. É para não deturpar muito a nossa arte”, pontua Krol.

A artista também acredita que, por meio do projeto, o trabalho do grafiteiro passa a ser valorizado por outros públicos além dos fiéis do hip-hop. O forró será o primeiro ritmo contemplado. Depois, o coletivo pretende fazer exposição inspirada no samba e no rock.

Além do Xote das meninas, Hora do adeus, Maria cangaceira e Sanfona sentida (Dominguinhos/Anastácia) ganharam homenagem na exposição. Do Garota Carioca, a exibição será levada ao Bhar Savassi na quarta-feira e permanecerá circulando por casas noturnas durante três meses.

Arte e música – Na voz do rei
Amanhã, a partir das 21h, no Garota Carioca, MG 030, 20, Nova Lima, 31-3517-9060). Show com a banda Ó do forró.
Ingressos a R$ 25 (feminino) e R$ 30 (masculino). Informações no facebook: https://goo.gl/GNEgqz

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