Exposição 'Arte favela' entra em sua última semana em cartaz no Museu Inimá de Paula

Telas de grafiteiros reconhecidos na cena de BH, como Zack, Iron, Celo, Mone e Ed-Mun, ocupam galerias do espaço cultural até sexta-feira, 19

por Shirley Pacelli 16/02/2016 10:00

Arte favela/Facebook/Reprodução
'Brincando de ser e não ser': icônico palhacinho do artista Nilo Zack (foto: Arte favela/Facebook/Reprodução)
Foram os versos do poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade que inspiraram dez grafiteiros de Belo Horizonte a criar as telas que compõe a exposição 'Arte favela', em cartaz no Museu Inimá de Paula até sexta-feira, 19. As obras foram expostas em “galerias” a céu aberto – becos de comunidades diversas da capital – antes de ocuparem o espaço cultural.

Baface3, Celo, DGS, Ed-Mun, Hely, Iron, Lax, Mone, VNS e Zack, Daniel Bogu, Rodrigo Kaos e Claudinei Ploc são alguns dos grafiteiros convidados para prestar uma homenagem ao poeta. “A ideia é chamar pessoas que fazem trabalhos sócio-culturais nas comunidades. Dar visibilidade aos multiplicadores”, explica Hely Costa, coordenador do projeto.

Dentro de uma iniciativa chamada ‘Arte favela nos becos’, dez obras circularam ao longo de 2015 por exposições temporárias nos becos de comunidades de BH, como Alto Vera Cruz, Conjunto Felicidade e Aglomerado da Serra.

Segundo Hely, o projeto começou ainda em 2003 e tratava-se de um trabalho cultural com jovens da periferia. O objetivo era associar a história da arte brasileira com o grafite. “O grafite é uma cultura americanizada. Peguei a história da arte brasileira, comecei pelo modernismo no país. Fizemos releituras de Tarsila do Amaral e nos inspiramos em Oswald de Andrade”, lembra.

Com a experiência, o agente cultural percebeu que poderia fazer a junção do grafite com a literatura. O escritor Murilo Rubião acabou ganhando uma homenagem também.

“A comunidade sempre recebeu a gente de braços abertos. Tem até morador que fica chateado se não pendurar o quadro na fachada da casa dele. Eles se sentem valorizados”, destaca Hely.

Arte favela/Facebook/Reprodução
'Tibos', aerografia sobre tela de Hely Costa (foto: Arte favela/Facebook/Reprodução)
Além da exposição, há sempre atrações musicais ou saraus durante a exposição temporária. Catálogos também são entregues aos moradores. “Esse tipo de coisa é mais elitizada. Os moradores não têm muito acesso a isso”, lembra o coordenador do projeto.

O coordenador vê o encerramento do "tour artístico" no museu como uma ação democrática. "Quem não viu dentro das vilas, pode ver agora. A única diferença é que nos becos as paredes compõem a obra", diz.

 

 

 

SERVIÇO

'Arte favela'

Até sexta-feira, 19, no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201, Centro). Terças, quartas e sextas-feiras das 10h às 18h30. Na quinta-feira, a abertura é das 12h às 20h30. Entrada Franca. Informações: www.museuinimadepaula.org.br

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