Estão aí algumas das opiniões dos novos curadores do Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT-BH), reunidos pelo Estado de Minas para uma conversa sobre o evento, previsto para maio. No momento, Carloman Bonfim, Luiz Hippert e Sérgio Abritta estão no meio do processo de seleção das montagens locais que farão parte da grade de programação do evento, que tradicionalmente reúne também produções de outros estados e países.
Eles começaram a assistir às peças da capital mineira e região metropolitana no início do ano e têm até o fim do mês que vem para decidir o que entra ou não. Ao contrário das edições anteriores, não houve chamamento público para realizar essa seleção.
“Não basta que o espetáculo seja político. No meu entendimento, é resistência contra a opressão de grupos vulneráveis ou pressionados pelo capital, por exemplo. Há diversos temas que podem se adequar a isso, enfrentando questões como essas, que são prementes na nossa sociedade”, esclarece o dramaturgo, produtor e diretor Sérgio Abritta. E, nesse sentido, os três acreditam que o teatro leva certa vantagem em relação às demais formas de arte.
“Uma das principais armas do teatro é a presença, pois ele se dá no tête-à-tête, no olhar entre o espectador e o ator. Isso propõe uma vivência, você está em convívio com as pessoas. E, dependendo do que o teatro propõe, você pode se pronunciar e colocar sua opinião dentro do que está sendo discutido. Além disso, há a própria reflexão que todo espetáculo estimula no espectador”, comenta o ator, diretor e figurinista Carloman Bonfim.
Para o cronista, diretor e produtor cultural Luiz Hippert, o teatro é a única arte que permite esse tipo de comunicação. “Hoje se fala muito em interação, mas, no teatro, isso é mais quente”, resume. Na avaliação dele, a grande dificuldade do FIT será a de deixar espetáculos de fora entre opções aptas a compor a grade do festival. Abritta acrescenta: “Todo teatro é político, mesmo aquele que se diz não político. O grande momento de decisão é esse.”
DIFERENCIAL Outro critério que norteará as escolhas do trio será o de pinçar o que foge do lugar-comum – ou, nas palavras de Abritta, montagens que “o espectador não quer ver”. Ele mesmo explica: “São espetáculos absolutamente importantes, mas que são diferentes daquilo que é mostrado pela indústria cultural ao longo do ano.
Já Hippert destaca o fato de o evento reunir produções de diferentes origens e servir como importante vitrine para as produções locais. “Às vezes, o público não deu muita atenção a um determinado espetáculo e acaba assistindo a ele durante o festival.” Carloman lembra que o FIT também atrai produtores e olheiros do setor vindos de outras regiões e países, transformando as apresentações em oportunidades valiosas para grupos locais. “E por mais que seja um grande evento, ainda há pessoas daqui que não conhecem esses grupos”, diz ele..