Embora em número pequeno, as atrações de dança incluem profissionais respeitados e um variado leque temático, que contempla do tango ao frevo, oferecendo oportunidade de contato com a dança a um público menos familiarizado de diversas idades.
Se na temporada regular das casas de espetáculo a dança fica restrita a um público muito segmentado – pelos valores dos ingressos e pela própria especificidade de sua linguagem –, na Campanha de Popularização ela tem a chance de chamar as massas para o baile. Pelo menos é o que avaliam alguns dos artistas participantes.
“A própria dança se coloca muitas vezes elitizada, protagonista de sua própria realidade, coisa que a arte cênica, por interagir mais com o público, não é. Participando da campanha, conquistamos um público além daquele já fidelizado”, analisa a diretora e coreógrafa Cristina Helena, que comanda a peça Pica-pau rei na Estrada Real, que busca ser uma opção para toda a família, misturando personagens de clássicos infantis com sátiras sutis.
O diretor artístico, bailarino e coreógrafo Mauro Fernandes, que dirige, produz e atua em Buenos Aires 9090, acredita que a dança ocupa seu lugar de direito ao fazer parte da campanha. “Quando falamos de teatro não podemos considerar só a dramaturgia, mas tudo que está no palco – a inclusão da dança é uma obrigatoriedade.” Apesar disso, ele reconhece que, para a difusão da dança, a plataforma da campanha é importante. “Para nós é muito bom, porque a dança não costuma ter espaço tão nobre.”
Rômulo Duque, presidente do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc), que promove a campanha, afirma: “A dança tem muita relevância em Minas Gerais. Temos companhias e profissionais de reconhecimento internacional atuando aqui, e a campanha é a oportunidade de o público compreender esse reconhecimento”.
Variedade de ritmos
No ranking da venda antecipada de ingressos para a campanha deste ano, o espetáculo de dança mais bem colocado aparece apenas na 60ª posição.
“Mostramos no palco uma trajetória do flamenco, que é uma dança visceral, feita com o coração. Por isso, qualquer pessoa de qualquer origem é capaz de se emocionar.” A peça tem também a assinatura da Companhia de Baile Flamenco, fundada em Belo Horizonte há 30 anos.
As tradições nacionais também têm lugar na programação. Os espetáculos Aquarela brasileira e Cangaço: Lampião em um cordel dançante, do grupo Guarará, dirigidos por Carlos Moreira e produzidos por Alexsander Magalhães, abordam o folclore e a cultura popular brasileira por meio da dança.
“Embora alguns pensem que a dança folclórica é retrógrada, tentamos mostrar o contrário – que o folclore ainda está presente na vida do brasileiro. Essa oportunidade é muito importante para nos igualar às grandes companhias de dança contemporânea e de salão”, afirma o produtor.
Além das temáticas mais tradicionais, como o folclore nacional, o flamenco espanhol e o tango argentino, a dança e a música contemporânea completam a grade. A peça Retina, do grupo Camaleão, recorre a uma trilha com Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain e Amy Winehouse – que morreram aos 27 anos, marcados por excessos e transgressão – num questionamento da sociedade atual.
A Companhia de Dança do Palácio das Artes também participa da programação com seu recente Primeirapessoadoplural, pesquisa de linguagem que se propõe a uma reflexão em torno da interseção dos aspectos individual e coletivo.
A DANÇA NA CAMPANHA
Confira os espetáculos que participam da promoção
Aquarela brasileira
Folclórico – Cine Theatro Brasil Vallourec (Grande Teatro) 11/2; 21h – R$ 15 – livre
Buenos Aires 9090
Tango – Teatro Alterosa – 4/3 a 6/3; sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h – R$ 12 – livre
Cangaço: Lampião em um cordel dançante
Folclórico – Sesiminas e Sesc Palladium – Amanhã, às 19h (Sesiminas); 4/3, às 21h (Sesc Palladium) – R$ 15 – livre
Do lado esquerdo de quem sobe
Contemporânea – Sesc Palladium – 12/2 e 13/2, às 21h – R$ 15 – livre
Legado andalusí
Dança flamenca – Cine Theatro Brasil Vallourec (Grande Teatro) – 23/1 e 24/1; sábado, às 20h30; domingo, às 19h R$ 15 – livre
Pica-pau rei na Estrada Real
Infantil – 27/2 e 6/3; sábado e domingo, 16h – R$ 5 – livre
Primeirapessoadoplural
Contemporâneo – 27/2 e 28/2; sábado, às 20h30; domingo, às 19h – R$ 10 – 16 anos
Quebranto
Folclórico – 26/2 a 28/2; sexta-feira e sábado, às 21h; domingo, às 20h – R$ 15 – 10 anos
Retina
Contemporâneo – 19/2 a 21/2; sexta-feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h - R$ 5 – livre
Tango nuestro baile
Tango – Teatro Bradesco e Cine Theatro Brasil Vallourec (Teatro de Câmara) – 13/2 e 14/2; sábado, às 21h; domingo, às 20h (Bradesco) e 22/2 a 24/2, às 21h (Brasil Vallourec) – R$ 15 – livre
Thymos
Jazz – Sesc Palladium (Grande Teatro) – 6/3, às 19h – R$ 15 – livre