Foto de maio de 1865, com vista da Praça Tiradentes, mostrando a saída da 1ª Brigada Mineira de Ouro Preto rumo à região do conflito, recorda a participação de Minas Gerais na guerra. Engenheiros, formados na Escola de Minas, também foram convocados para realizar obras necessárias às operações militares. “Criamos exposição que ajuda a compreender melhor a guerra, os fatos e as consequências. Sem julgar o papel dos envolvidos. O que acaba trazendo revelações que não se estudam na escola”, observa Margareth Monteiro, uma das curadoras da mostra.
Outras peças, continua Margareth Monteiro, revelam o impacto dos acontecimentos sobre toda a sociedade. Exemplo, aponta, pode ser carta de mulheres paraguaias doando joias para financiar a guerra ou retratos de intelectuais fardados, como o engenheiro Alfredo d’Escragnolle Taunay (Visconde de Taunay). O episódio, conta a curadora, deixou sequelas até hoje. “Se no Brasil a Guerra da Tríplice Aliança foi esquecida, no Paraguai, que mais experimentou a dor da guerra, os acontecimentos são parte do cotidiano e são recordados como se tivessem ocorrido ontem”, observa, após ter realizado viagens ao país vizinho para pesquisa. A mostra é resultado de acordo de cooperação com o Centro Cultural El Cabildo, do Paraguai.
A exposição integra programação do Museu da Inconfidência, que vem sendo desenvolvida há cerca de três anos, enfatizando aspectos temáticos, sejam históricos ou ligados ao cotidiano, apresentada a partir de acervos históricos. Nessa linha curatorial, a instituição já realizou mostras de relógios, leques, prataria, fotos antigas etc. Entre as propostas com o mesmo perfil, previstas para 2016, conta Margareth Monteiro, está exposição relacionando a água e o ouro, mas chamando para a importância da água, elemento que cruza todas as fases de busca do metal, associado à programação socioambiental. Entre os itens que serão apresentados estão pepitas de ouro preto, com o metal escurecido pela presença de paladium, bauxita e ferro no solo de onde foi extraído.
Rui Mourão, diretor do museu, explica que esse caminho nasceu, primeiramente, do desejo de qualificação artística e cultural das mostras do Museu da Inconfidência, sem abandonar consideração com as mostras de arte. “É contribuição no sentido de conscientizar o brasileiro sobre a conservação e a valorização dos nossos patrimônios. E que mostra a importância dos museus dedicados à história, que são muitos no Brasil”, detalha. Para Margareth Monteiro, chefe da Divisão Técnica e coordenadora do Anexo 1, trata-se de compreensão e entendimento mais ativo e em diálogo com a comunidade e o visitante do que pode ser um programa de mostras museológicas. Para ela, a mostra tem impacto sobre o público: escolas e universidade vêm inserindo as exposições no seu calendário de atividades.
SAIBA MAIS
Uma disputa comercial
A Guerra da Tríplice Aliança durou de dezembro de 1864 a março de 1870. Foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul.
EXPOSIÇÃO
150 anos da Guerra da Tríplice Aliança: Distintas visões, curadoria de Margareth Monteiro, Janine Ojeda, Aldo Araújo e Eva Pereyra. Fotos, objetos, pinturas, documentos etc. Sala Manoel da Costa Athaide, Anexo 1 do Museu da Inconfidência. Rua Vereador Antônio Pereira, 33, Centro Histórico de Ouro Preto (MG). De terça a domingo, das 10h às 18h. Até 28 de fevereiro. Entrada franca. .